Mais de 100 pessoas denunciam suposto golpe das passagens aéreas envolvendo empresa paraense
A Polícia Civil do Pará está investigando as denúncias
Um grupo de mais de cem pessoas, entre elas moradores de Belém e Ananindeua, afirma ter sido vítima do chamado “golpe das passagens aéreas”. A acusação é contra a empresa paraense Cláudia Milhas e Viagens, que utilizava um perfil nas redes sociais para atrair clientes com ofertas de passagens aéreas a preços acessíveis, com pacotes de hospedagem para destinos nacionais e internacionais. Segundo as vítimas, a responsável pela empresa desaparece pouco antes da data marcada para o embarque e, quando reaparece, fornece bilhetes falsos, cujos códigos não existem nas companhias aéreas. Ao ser questionada, a empresa alega que as contas bancárias para as quais os pagamentos foram transferidos foram bloqueadas por determinação do Banco Central, sem, no entanto, informar o motivo do suposto bloqueio aos clientes. A Polícia Civil do Pará está investigando as denúncias.
Entre as pessoas que se apresentam como vítimas da empresa, está a técnica de enfermagem Laís Moreira, que relata ter conhecido o perfil por meio de anúncios pagos no Instagram. “No início, fiquei desconfiada, porém alguns amigos próximos a mim viajaram com ela e disseram que era confiável. Então, entramos em contato e perguntamos sobre o pacote que ela tinha de R$ 1.750,00”. Segundo ela, a oferta incluía destinos como Fortaleza, Natal, Salvador, Recife, Foz do Iguaçu, Rio de Janeiro, Gramado, Campos do Jordão, Curitiba e Florianópolis.
Laís e o namorado optaram por um pacote para o Rio de Janeiro, entre os dias 27 de fevereiro e 6 de março, período do Carnaval. “O nosso prejuízo foi de R$ 9.450,00. Pagamos no pix, porque tinha 10% de desconto. Compramos seis pacotes desse”, contou. A empresa teria prometido que o casal poderia escolher a hospedagem entre hotéis em Botafogo, Barra da Tijuca e Copacabana.
Laís conta ainda que os bilhetes aéreos enviados pela empresa eram falsos. “A empresa enviou para a gente códigos falsos da companhia aérea Azul. Ligamos para a Azul e não constava nada no nosso nome, nem no nome da empresa. Fomos investigar sobre ela [a empresa] e descobrimos um grupo no domingo, dia 23/02, que continha várias pessoas que também tinham sofrido o golpe”, afirmou.
Vítimas no Brasil e no exterior
No grupo de denunciantes, há relatos de pessoas que só receberam passagem de ida para o destino escolhido, ficando sem o retorno garantido. Entre as vítimas, há moradores de Belém e Ananindeua, no Pará, e até brasileiros que moram em Portugal, que compraram passagens para visitar familiares no Brasil, mas nunca receberam os bilhetes.
A técnica de enfermagem também afirma que a empresa fornecia contas bancárias diferentes para os pagamentos e que a responsável alega que seus valores foram bloqueados por uma determinação do Banco Central.
O caso foi denunciado na Seccional da Pedreira e também na Divisão de Investigação e Operações Especiais (Dioe). A Polícia Civil está investigando as denúncias.
“Trata-se de uma fraude que causou grande prejuízo financeiro e emocional para diversas famílias, que confiaram na empresa para realizar suas viagens. Exigimos providências das autoridades competentes para que os responsáveis sejam punidos e para que outras pessoas não sejam enganadas da mesma forma”, cobrou Laís Moreira.
O que diz a empresa?
A empresa Cláudia Milhas e Viagens, cujo perfil no Instagram tem apenas 473 seguidores, publicou uma nota de esclarecimento nesta quinta-feira (13). “Em respeito à transparência e compromisso com nossos parceiros e clientes, vimos a público esclarecer que, apesar da decisão judicial favorável determinando a reativação imediata das contas bancárias de nossa cliente e a liberação dos valores indevidamente retidos, as instituições financeiras rés ainda não cumpriram a ordem judicial”, diz a nota, assinada por um advogado da empresa.
Segundo a defesa, foram tomadas medidas judiciais para exigir o cumprimento da decisão, o que inclui a notificação das instituições financeiras responsáveis pelo bloqueio. A nota menciona especificamente o Nubank (Nu Pagamentos S.A.), afirmando que o banco teria alegado cumprir a liminar, mas que as contas continuavam bloqueadas.
“Essa situação tem gerado impactos significativos não apenas no aspecto financeiro, mas também na execução de contratos e na segurança e bem-estar de nossa equipe e da família de nossa cliente (todas as ameaças e mensagens de cunho difamatório e calunioso estão sendo processadas para fins de instruir os devidos processos judiciais para condenação criminal e reparação civil)”, afirma a empresa.
A defesa também informou que ingressou com um novo pedido judicial para aumentar a multa para R$ 100.000,00 por dia de descumprimento, no processo que tramita na 8ª Vara Cível e Empresarial da Comarca de Belém-PA (n° 0811638-29.2025.8.14.0301). “Seguimos firmes na defesa de nossos direitos e manteremos nossos clientes e parceiros informados sobre quaisquer atualizações relevantes”, finaliza a nota.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil para obter informações sobre o andamento das investigações. Também foram acionados o Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) e o Nubank para verificar as informações apresentadas pela empresa.
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