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Justiça determina afastamento de coronel e prisão de sargento da PM por série de crimes em batalhão

Entre as acusações, estão venda de vaga para a 1ª Companhia de Policiamento Ambiental (CIPAMb) no município de Santarém, ameaças de morte, assédio moral, falsificação de documentos e tortura.

O Liberal
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A coronel Keyla Leal Rocha teve seu afastamento determinado pela Justiça Militar nessa segunda-feira, 26, na mesma decisão que também determinou a prisão do sargento Gildson dos Santos Soares. Entre as acusações, estão venda de vaga para a 1ª Companhia de Policiamento Ambiental (CIPAMb) no município de Santarém, ameaças de morte, assédio moral, falsificação de documentos e tortura. 

O requerimento foi feito pelo promotor de Justiça Militar, Armando Brasil, e pela promotora de Justiça de Santarém, Dully Araújo. No documento, assinado pelo Juiz de Direito Titular da Vara Única da Justiça Militar do Estado do Pará, Lucas do Carmo de Jesus, é determinado que as ações em desfavor dos militares sejam tomadas imediatamente. 

Segundo os depoimentos de outros policiais, mediante pagamentos efetuados ao sargento Gildson, militares podiam ocupar as vagas que eram abertas com as transferências de antigos membros da companhia.

image Sargento Gildson (Reprodução)

"Aprofundando as investigações, com a oitiva de outros policiais militares, verificou-se também que tais fatos, gravíssimos, contavam com a chancela da comandante, a coronel Keyla, que, utilizando-se de maneira indevida do seu cargo de comando, chancela as decisões do sargento Gildson, com a decisão final na escolha de quem serão os policiais militares para fazerem parte do seu comandado, em especial a lotação na 1ª CIPAmb, o que demonstra o seu elevado grau de relevância no 'esquema de venda de vagas'", diz um trecho do documento da Justiça Militar.

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Em um dos depoimentos, anexado ao processo, um policial disse que a coronel costuma agir "de forma muito autoritária" e dizia ainda que, na companhia, “só fica quem ela quer e, quem ela não quer, ela transfere”. Ainda segundo os denunciantes, a coronel se aconselhava com o sargento, com quem tinha um relacionamento amoroso, e todos que tinham algum problema com Gildson, eram transferidos.

Venda de vagas

Segundo os relatos dos policiais ouvidos no inquérito, as várias transferências eram feitas para que os indiciados pudessem vender as vagas na unidade. Um policial relatou que o sargento Gildson cobrava até 10 mil reais pela transferência para a Companhia de Policiamento Ambiental. O mesmo policial disse ainda que se sentia intimidado pelo sargento, pois ele constantemente ameaçava de morte outros policiais da Companhia. Gildson teria chegado a dizer que, se alguém fosse depor contra ele, mataria os familiares dos policiais. Em outra grave acusação, os militares dizem que Gildson falsificava o livro de cautela de armas da Companhia, assinando um termo de cautela como se fosse a coronel Keyla.

 

Denúncia de tortura

Em um dos depoimentos mais chocantes, um policial relata que, durante uma capacitação, a coronel Keyla foi até Santarém. Nesse treinamento, teria ocorrido casos de ridicularização e tortura, já que Gildson teria batido com uma vara de bambu em dois militares. Quando um outro militar pediu para a coronel instaurar um procedimento para apurar os fatos, ela teria tido que "não iria apurar fuxico". Dois dias depois, esse militar foi retirado da companhia ambiental.

Com base em todos esses relatos e "em razão da sua periculosidade, como garantia da ordem pública, por conveniência das investigações criminais ou instrução da possível ação penal e para manutenção das normas e princípios da hierarquia e disciplina militares", o juiz Lucas do Carmo determinou a prisão do sargento e o afastamento da coronel. A decisão foi encaminhada ao Comando Geral da Polícia Militar do Estado do Pará e à Corregedoria Geral da Polícia Militar do Estado do Pará, para cumprimento imediato.

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