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Família de Canaã dos Carajás procura por jovem esquizofrênico que desapareceu após ser solto de presídio em Ananindeua

Segundo a família, unidade não avisou sobre a soltura do rapaz; Seap diz que cumpriu decisão da Justiça

Desde o dia 2 de julho, Vinícius Nery da Silva, 27 anos, natural de Canaã dos Carajás, no sudeste do Estado, segue desaparecido na Região Metropolitana de Belém. Segundo a família do rapaz, ele sofre de esquizofrenia e foi libertado da Central de Triagem da Cidade Nova (CTCN), sendo que a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) não teria avisado a data de liberação dele.

Segundo a família de Vinícius, ele foi preso em fevereiro em Canaã dos Carajás, quando tentou furtar um caminhão de mudanças com a intenção de ir atrás da ex-esposa. Por ser esquizofrênico, o rapaz entra em surto quando deixa de ser medicado, e tem como prática comum a busca continua pela ex-companheira em episódios delirantes. Ele foi detido e levado para a Delegacia de Polícia Civil, sendo transferido provisoriamente para um presídio de Parauapebas. Como a Justiça determinou que ele fosse encaminhado para o Hospital das Clínicas, em Belém, onde deveria receber tratamento, Vinícius foi transferido novamente, dessa vez para Ananindeua, mas nunca chegou a receber atendimento médico no hospital. 

Em 29 de junho, a juíza titular da Vara Criminal da Comarca de Canaã dos Carajás, Kátia Tatiana Amorim de Sousa, determinou a soltura de Vinícius, reforçando que ele estava há mais de quatro meses preso na CTCN sem receber o tratamento psiquiátrico adequado. A decisão também destaca que Vinícius foi preso por um crime sem prática de violência ou grave ameaça, e chama a manutenção de sua prisão de "excessiva e inviável". Ainda na decisão, a Juíza ressalta que não foi feito o exame de sanidade mental, e ele nem sequer foi agendado pelo centro de perícias, por isso, não seria possível mantê-lo em um local sem a expectativa de realização do exame.

“Frisa-se que a imposição da medida cautelar tem como um dos seus objetivos que o réu receba adequado tratamento médico, de acordo com a sua saúde mental, o que não se observa no presente caso”, observa a magistrada, acrescentando ele está junto a presos comuns, ocasionando um desvio da medida. A família de Vinícius disse que só descobriu que o jovem estava em liberdade quando telefonaram para a Central de Triagem na última segunda-feira (13) e foram informados que ele havia sido solto há dez dias. 

Seap responde

Em nota, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) disse que cumpriu decisão judicial de soltura do custodiado Vinícius Nery da Silva e que, durante o período em que esteve preso, ele passou por avaliação de saúde e biopsicossocial e "não apresentou alterações ou anormalidades senso perceptíveis ou comportamentais, mostrando-se acessível e colaborador, com funções de memória e atenção preservadas".

Durante o atendimento médico, o custodiado relatou que fazia tratamento psiquiátrico no Hospital de Clínicas Gaspar Vianna para controle de esquizofrenia e autismo. Todavia, ao ser contatada pela equipe de assistência social da unidade, no dia 10 de junho, a família de Vinícius, residente no município de Canaã dos Carajás, informou que estava impossibilitada de se deslocar até a unidade prisional para entregar os documentos e receitas médicas do interno, devido à pandemia da Covid-19. "Isso impossibilitou que a equipe solicitasse medicamento e avaliação psiquiátrica ao Sistema Único de Saúde (SUS)", diz o comunicado.

A Seap disse também que, ao ser liberado, às 7h do dia 2 de julho, a equipe da Unidade tentou contato com os familiares do interno em Canaã dos Carajás, porém sem sucesso. Em uma dessas tentativas conseguiu-se falar com uma tia do interno, residente do município de Tucuruí. Antes de ser liberado, o custodiado pediu orientações sobre como chegar à rodoviária e seguir viagem para o município.

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