Ex-namorado que tentou matar jornalista vai a julgamento
Luis Roberto Baima invadiu casa da família da ex-namorada, onde a esfaqueou e ainda tentou matar a avó e a mãe da jornalista
O educador físico Luis Roberto Correia Baima, 41 anos, senta no banco dos réus no próximo dia 14 de fevereiro, quase dois anos depois da tentativa de feminícidio contra sua ex-namorada. O crime ocorreu no bairro do Una, em Belém. À época, a vítima foi surpreendida pelo ex-companheiro que conseguiu invadir sua casa e a esfaqueou no pescoço. O julgamento ocorrerá no Fórum Criminal de Belém, a partir das 8h.
A vítima, a jornalista Dandara Almeida, 30 anos, conseguiu escapar do algoz e pediu ajuda aos vizinhos antes que o acusado conseguisse concluir o plano de matá-la. No entanto, a luta dela pela sobrevivência persiste até hoje. O trauma de ter tido sua casa invadida fez com que ela não conseguisse retomar a rotina. Deixou para trás o casa onde morava com a família e o trabalho.
Atualmente, ela vive longe de Belém e o paradeiro ainda é um local desconhecido até para alguns amigos. “Faço acompanhamento psicológico e precisei aprender a lidar com essa dor. A minha vida nunca mais foi a mesma. Tenho pesadelos, fiquei com bloqueio e não consigo mais escrever reportagens, o que me fez mudar totalmente de profissão. Além disso, sempre bate uma angústia quando lembro que ele agrediu minha avó idosa e ainda tentou esfaquear a minha mãe, quando viu que eu consegui escapar da casa”, revela a vítima.
No dia do crime, que ocorreu no mês de fevereiro de 2017, Dandara já estava separada do acusado e decidida a não reatar a relação. Diante da recusa da ex-namorada, Roberto Baima decidiu vingar-se e levou para a casa da vítima gasolina, tesoura, cordas e fita isolante para concluir o plano.
“Dias antes dele invadir minha casa, eu tinha procurado a Delegacia da Mulher e feito uma denúncia contra a perseguição dele e as ameaças claras a minha vida. Ele estava inconformado, e tentou até mesmo me prejudicar no trabalho ao tentar se passar por mim e enviar um e-mail para meu chefe na época, para tentar criar um clima ruim em meu trabalho, a intenção era de que eu fosse demitida. Por sorte, eu descobri e consegui esclarecer a mentira que ele tinha criado”, relembra.
Porém, essa é apenas uma das inúmeras situações ameaçadoras sofridas pela vítima. “Quando eu o conheci eu tinha apenas 15 anos. Entre nós existe uma diferença de 11 anos. Ele conseguiu me persuadir durante uma década. Apesar de sofrer com aquela relação, eu não conseguia ver claramente que tudo estava errado, que era perigoso estar com ele, porque ele foi meu único namorado e eu achava que aquilo era normal. Quando consegui não só perceber o que estava errado, como ter coragem de me libertar, ele não aceitou. Eu tenho certeza que ele entrou na minha casa não para matar apenas a mim, como minha mãe que é deficiente auditiva e também minha avó. Se eu estou viva, é graças a elas duas, que apesar de frágeis, travaram uma luta corporal com ele. Foi apenas por isso que consegui reunir forças para correr e pedir ajuda, mesmo depois de ser esfaqueada”, afirma a vítima.
O acusado permanece preso desde o dia do crime, em razão da decretação da prisão preventiva. Apesar das inúmeras tentativas da defesa dele, não foi concedido o direito de responder ao processo em liberdade. “Ele permanecer preso desde então foi importante para que eu acorde todos os dias e tente recomeçar. Eu tenho muita esperança que a verdade prevaleça e que ele seja condenado. Eu ainda não tenho paz, mas traz conforto saber que posso ter justiça", diz Dandara.
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