Equipe da Norte Energia é mantida em cárcere privado em terra indígena no sudoeste do Pará
A companhia confirma que os trabalhadores da empresa, concessionária de Belo Monte, já foram liberados
A Norte Energia, empresa privada concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, avisou à redação integrada de O Liberal, na noite desta quinta-feira (17), que uma equipe da companhia foi mantida, desde terça-feira (15), em cárcere privado na Terra Indígena Trincheira Bacajá, na região de Anapu, no sudoeste do Pará. Segundo a nota da empresa, funcionários da Norte Energia, assim como representantes de outras organizações, foram para a região para participar de reuniões agendadas com os indígenas, quando foram retidos e impedidos de saírem da aldeia, como forma de os indígenas exercerem pressão para que a companhia atenda às suas reivindicações.
Ainda conforme o comunicado, os trabalhadores da companhia sofreram ameaças “contra suas vidas e integridade física, inclusive com uso de facão”. As vítimas, de acordo com a Norte Energia, não tiveram acesso a água e também tiveram os veículos retidos.
Pela tarde desta quinta (17), a companhia recebeu a informação de que os profissionais foram liberados. A equipe se dirige a Altamira, município também no sudoeste do Estado. A Norte Energia ressaltou que “que respeita o direito de manifestação e liberdade de expressão, mas não compactua com a violência e repudia veementemente a situação a que seus funcionários foram submetidos". A empresa informou que, em casos como esse, de retenção de colaboradores, equipamentos ou materiais nas áreas indígenas atendidas pela UHE Belo Monte, a Empresa não estabelece qualquer tipo de negociação.
Quanto às reivindicações que a empresa disse que os indígenas fizeram, ela esclareceu que muitos pedidos excedem as obrigações da companhia. “Sobre as reivindicações, embora muitos pedidos excedam as obrigações da empresa, a Norte Energia informa que quanto ao serviço de manutenção de estradas, em setembro do ano passado, foi feito levantamento em conjunto com as aldeias, Funai e DSEI, resultando na contratação e execução pela Companhia de serviços de recuperação de estrada em diversos trechos da Terra Indígena Trincheira Bacajá. No momento há previsão da recuperação de quatro pontes”, diz o comunicado.
Em relação ao abastecimento de água, a Norte Energia possui contrato com uma empresa para perfurar novos poços e revitalizar outros. No entanto, a dinâmica no surgimento de novas aldeias impacta na capacidade da execução do serviço. No início do empreendimento, quando do compromisso sobre as obrigações da Companhia, eram 34 aldeias, com população indígena menor do que 2.000 pessoas. Atualmente, já se conta 136 aldeias e cerca de 5.000 indígenas.
A Norte Energia reforça sua posição de permanente diálogo e respeito às comunidades indígenas, fortalecidas pelas iniciativas de diálogo transparente e estruturado da Empresa com os povos indígenas do Médio Xingu sobre cada etapa das ações que são voltadas às suas comunidades”, finaliza a nota.
A reportagem também procurou a Polícia Federal para comentar o assunto e aguarda retorno.
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