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Entre a inocência e a ganância: casos de estelionato ganham força no Pará; prisões aumentam 371%

O caso mais recente enviado à reportagem foi de uma vendedora de comida que ia pegar R$ 8 mil reais para ajeita a casa

Saul Anjos

Nos últimos 15 dias, um caso de estelionato que pegou jogadores de futebol de surpresa veio à tona. Em Ananindeua, uma estância aplicou um golpe do preço muito baixo em várias pessoas. Nessa última semana, uma vendedora de comida perdeu mais de R$ 4.800 ao tentar conseguir dinheiro para ajeitar a casa. O crime acontece quando alguém induz a pessoa ao erro para conseguir parte do patrimônio da vítima e, geralmente, mexe com a ganância, ambição e inocência de pessoas, que acreditam que podem se dar bem com facilidade. Somente na Delegacia Especializada no Combate ao Crime de Estelionato e Outras Fraudes (Deof), em 2022 comparado com 2021, houve um aumento de 371% nas prisões por estelionato. 

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Para a autônoma Suelen Priscila dos Santos Oliveira, o transtorno começou com a preocupação da casa alagar. Na última terça-feira (14), uma forte chuva atingiu a Grande Belém. Diversas ruas e residências ficaram debaixo d'água. O medo de Suelen era de que acontecesse a mesma coisa com a casa dela. No mesmo dia em que o temporal foi registrado, a vendedora de comida recebeu mensagens em uma rede social de uma mulher, que dizia ser funcionária de uma empresa de financiamento. Suelen pegou emprestado, com uma pessoa próxima, mais de R$ 4.800. Tudo isso para realizar obras no imóvel que reside.

Foi então que ela decidiu dar os dados pessoais para a suposta funcionária da firma com a promessa de receber R$ 8 mil em troca. Esse dinheiro, segundo Suelen, iria ser utilizado na finalização da construção de um banheiro da casa dela e outras obras para que o local não alagasse. “Tinha quase 5 mil reais em contas que peguei de uma pessoa próxima. Na terça-feira (14), uma moça entrou em contato comigo dizendo ser de uma empresa de empréstimo. Como a minha casa alaga, fiquei desesperada. Decidi fazer o empréstimo. Dei os meus dados para a mulher e assinei o contrato. Ela (estelionatária) disse que eu tinha que fazer um seguro de R$ 480. Fiz o pagamento. Depois ela contou que, para liberar o meu crédito, tinha que mandar mais R$ 1.512. Ela começou a falar um monte de coisa que eu tinha que fazer e acabou que perdi R$ 4.837,15 em transferências via PIX”, contou Suelen.

No mesmo dia, ela foi até a Seccional Urbana da Marambaia para registrar o caso. No registro policial, a mulher conta que ainda chegou a ser ameaçada, caso levasse a situação dela à Justiça. “Já não sei mais o que fazer. Perdi todo meu dinheiro por burrice, falta de conhecimento e, principalmente, por desespero. Estava crente que ia ter o dinheiro pelo empréstimo. Já até tinha acertado com o pedreiro para fazer o serviço nessa próxima semana. Agora estou sem dinheiro e com dívida”, complementou.

 

Delegacia registra aumento de 371% nas prisões por estelionato

O delegado David Bahury, da Deof, pontuou que foi registrado um aumento de 371% em prisões por crimes de estelionato somente em 2022, totalizando 33 capturas de suspeitos. Em comparação com o ano passado, a polícia registrou, em 2021, apenas sete prisões. Os dados são referentes apenas aos casos apresentados e investigados pela Deof. Nesses três primeiros meses deste ano até o momento, a Polícia Civil prendeu sete pessoas por esse crime. 

Redes sociais como “porta de entrada” para o estelionatário

“O estelionatário se caracteriza por ser uma pessoa inteligente, que saiba se expressar. No entanto, nos últimos tempos, se vê um aumento nos casos de estelionato por meio das plataformas digitais, que acabam sendo uma porta de entrada para que esses criminosos atinjam o nosso patrimônio”, diz David.

Cuidados a serem tomados

“A primeira coisa que se deve ter cuidado é em desconfiar de vantagens extremamente destoantes da realidade. Porque é normal que o estelionatário apresente para as vítimas, negócios bastante vantajosos. Outro fator que as pessoas devem se precaver é não expor os seus dados sigilosos em redes sociais ou de contatos de terceiros que possam se passar por empresas. É sempre importante verificar se a pessoa que está mandando mensagem é de fato pertencente a aquela empresa que diz ser. Em sites, verificar se tem o símbolo de cadeado, que indica, de fato, que aquele site pertence a aquela empresa”, reforça o delegado.

Primeiros passos a se fazer se foi vítima de estelionatário

“Se o golpe foi por PIX, a primeira coisa a se fazer, é entrar em contato com o banco e registrar a ocorrência. Para que, com esse registro, se inicie uma investigação. O registro de ocorrência também é exigido muitas vezes pelas instituições financeiras para que se faça a devolução dos valores”, comenta Bahury.

“Estelionatários são criativos”, diz delegado sobre os meios de atuação dos criminosos

O delegado chama a atenção da população para que fiquem atentos no que estão mexendo na internet. Isso porque, tudo pode ser uma armadilha dos estelionatários. “O ‘Fishing’ é quando a pessoa clica em algum link que vai vulnerabilizar os nossos dados. É um tipo de golpe. Os estelionatários são, por demais, criativos. Eles estão sempre inovando de forma que possam enganar o maior número vítimas”, esclarece.

Foco dos estelionatários

“Muitas vezes, o idoso, está mais predisposto em cair em golpes, sejam por meios digitais, por não terem uma familiaridade como as pessoas mais novas, ou por estarem em estado de vulnerabilidade precisem de ajuda de terceiros. Esse é o momento que o estelionatário entra”, conclui.

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