Corpos em embarcação no Pará: criminalista defende ajuda internacional na identificação de vítimas
Para o advogado criminalista Filipe Silveira, essa cooperação é fundamental para garantir que as famílias das vítimas sejam informadas adequadamente do fato e para possibilitar uma investigação mais abrangente sobre as circunstâncias da tragédia
A recente descoberta de nove corpos dentro de uma embarcação no litoral paraense tem levantado questões sobre a identidade e origem das vítimas. Responsável pelas investigações do caso, a Polícia Federal já se manifestou sobre as dificuldades e baixa probabilidade de identificação das vítimas, devido ao estado em que os corpos estavam, bem como dos pertences encontrados juntos aos cadáveres.
Vinte e sete celulares que estavam na embarcação continuam sob análise do Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Polícia Federal, em Brasília, e poderão indicar quem estava na embarcação. Devido à suspeita de que as vítimas sejam africanas, a PF fará contato com as operadoras daquele continente na tentativa de identificar quem eram os donos dos aparelhos.
Segundo o diretor do INC, Carlos Alberto Palhares, em posse dos aparelhos, sobretudo dos chips, o objetivo é extrair dados telefônicos que ajudem na identificação das vítimas. Contudo, a polícia encontra dificuldades devido ao estado de oxidação em que os celulares foram encontrados.
Com isso, Palhares admitiu que existe uma baixa expectativa de êxito da PF em relação à extração desses dados. “Encontramos documentos, celulares... os celulares vão trazer indicação de onde operaram. A gente vai entrar em contato com operadoras dos países da África e vai saber que o celular estava habilitado em determinado país. Possivelmente, a gente vai saber quem era o dono daquele celular. Se a gente extrair os dados do celular com êxito, e a probabilidade é de que não consigamos, porque os celulares ficaram dois meses com água do mar, que oxida dispositivos eletrônicos. A gente tem uma expectativa baixa de extrair dados, mas tentaremos”, assegurou o diretor do Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Polícia Federal, Carlos Alberto Palhares.
Cooperação internacional
Diante desse cenário, o advogado criminalista Filipe Silveira enfatizou a importância da cooperação internacional entre o Brasil e demais países na busca pela identificação das vítimas, para que os familiares possam ser comunicados e os corpos, que estão enterrados em Belém, exumados e entregues a eles.
Segundo Silveira, “uma vez identificadas as possíveis vítimas, a Polícia Federal encaminhará as informações ao Ministério da Justiça, que, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores, fará as comunicações oficiais aos países de origem das pessoas identificadas”. Para Silveira, essa cooperação é fundamental para garantir que as famílias das vítimas sejam informadas adequadamente do fato e para possibilitar uma investigação mais abrangente sobre as circunstâncias da tragédia.
As autoridades suspeitam que as vítimas sejam imigrantes africanos, possivelmente da Mauritânia e Mali, em uma jornada rumo às Ilhas Canárias. A embarcação, que teria partido em 17 de janeiro deste ano, transportava cerca de 25 pessoas, mas apenas nove corpos foram encontrados até o momento.
A Polícia Federal lidera as investigações, considerando a possibilidade de as mortes terem sido causadas por fome e desidratação. Perícias estão em andamento para identificar as vítimas, enquanto as autoridades planejam cruzar dados com outros países para facilitar o processo de identificação.
Além disso, o advogado destaca que “cabe às autoridades brasileiras conduzir a investigação e coordenar as comunicações com os países de origem das vítimas, em colaboração com os órgãos nacionais e internacionais pertinentes”.
“À medida que a investigação avança, fica claro que a cooperação entre os países é essencial não apenas para a identificação das vítimas, mas também para garantir que medidas preventivas sejam implementadas para evitar tragédias semelhantes no futuro”, defende Silveira.
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