Cemitério Santa Izabel é alvo de vandalismo e furtos
Mausoléus arrombados, jazigos quebrados e lápides destruídas são algumas das denúncias mais frequentes
Um dos cemitérios mais tradicionais de Belém, o Santa Izabel, no bairro do Guamá, vem sofrendo com casos de vandalismo e furto de pedras de granito, mármore, bronze e outros materiais. Mausoléus arrombados, jazigos quebrados e lápides destruídas são algumas das reclamações mais frequentes. As denúncias têm crescido, e funcionários e frequentadores do local dizem que as cenas se repetem todos os dias.
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Logo na entrada principal do cemitério, pela avenida José Bonifácio, na manhã desta quarta-feira (30), um mausoléu do lado direito chamava a atenção de quem passava por ali, e não apenas por sua beleza histórica. É que dentro do local havia roupas penduradas e uma bicicleta estacionada. Um funcionário que trabalha na limpeza da necrópole, que preferiu não se identificar, contou que, de alguns meses para cá, pessoas em situação de rua começaram a "morar" dentro desses espaços.
"Eles pulam o muro, de madrugada, arrombam os portões e ficam morando ali dentro, até alguém expulsar. Em alguns [mausoléus] você vê roupa, baldes e outros itens que eles deixam por lá", disse o funcionário. "E também tem os viciados, que pulam o muro só pra levar essas pedras. Eles levam qualquer coisa que dê pra vender: bronze, mármore, granito, azulejos, até os próprios cadeados. Isso sempre aconteceu, mas piorou de alguns meses pra cá. Acho que deveria ter uma vigilância durante a madrugada", pontuou.
Enquanto fazia o trajeto em direção ao enterro de um familiar, na parte de trás do cemitério, o representante comercial Márcio Pedrosa se deparou com uma pedra de mármore quebrada, que foi retirada de um jazigo para servir de caminho a quem transita por lá. "Isso tudo é uma grande falta de cuidado do poder público. Se você tem um cortejo que vai pelo meio do cemitério, é praticamente inacessível. Olha essa situação: a gente tem que pisar numa pedra quebrada que eles colocam no chão pra que a gente não suje o pé de lama. O cemitério inteiro é assim", reclamou o visitante.
"Cemitério deveria ser mais bem cuidado", diz visitante
Para a servidora pública aposentada Deise Carneiro, o cemitério, que é histórico, deveria ser melhor cuidado para receber visitações. "É muito triste isso tudo. Hoje o cemitério já deveria ser um museu, como ocorre em outros países, pra gente apreciar as obras que têm aqui dentro, esculturas, túmulos, e é muito ruim ver todo esse vandalismo. Até mesmo jazigos históricos, de personagens importantes, estão nessa situação", concluiu.
Os casos demonstram um grave problema social, refletido pela desigualdade social na Grande Belém e semelhante ao furto de cabos de cobre, que afeta os semáforos e radares da cidade. Dados mostram que 4.125 metros de cabos foram furtados desde o ano passado, sendo 900 deles apenas no período entre 1º de janeiro e 22 de março deste ano. A falta de moradia também influencia nos casos, já que há milhares de pessoas desabrigadas na capital.
Prefeitura
Em nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) informou que o horário de funcionamento do cemitério Santa Izabel, no Guamá, é de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h, e sábado e domingo das 8h às 13h. Após esse horário não é permitido visitação. "No momento que se deparar com situação de violação ou dano de sepulturas, o órgão orienta a população a entrar em contato com a administração do cemitério para que sejam tomadas providências cabíveis", disse o órgão.
A Guarda Municipal de Belém (GMB), por sua vez, informou que faz rondas com motos na parte interna do local, bem como rondas com viaturas na área externa. Disse ainda que a atuação da GMB no logradouro e no seu entorno é diária. "A GMB orienta a população a contribuir com o serviço de segurança denunciando as ocorrências de depredação, roubos e furtos pelo telefone 153. Ao receber a denúncia, feita gratuitamente, uma viatura é encaminhada ao local", finalizou a GMB.
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