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Cabo Noronha, suspeito da Chacina do Guamá, se entrega à polícia

Militar da reserva da PM prestou uma hora de depoimento na Divisão de Homicídios e está preso

Cleide Magalhães
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O cabo da Polícia Militar José Maria da Silva Noronha se apresentou este início de tarde à Divisão de Homicídios da Polícia Civil. O policial da reserva está entre os investigados no caso da Chacina do Guamá que tiveram ordens de prisões decretadas e era um dos três últimos foragidos ainda procurados pela apuração dos assassinatos de onze pessoas no Guamá, ocorridos no domingo (19) passado.

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DEPOIMENTO

Segundo os delegados da Polícia Civil que fazem parte da força-tarefa que investiga as execuções da Chacina do Guamá, o cabo PM da reserva José Maria da Silva Noronha foi interrogado por mais de uma hora. O teor do depoimento não foi divulgado. Segundo a polícia, ele será parte do inquérito que sai em dez dias - e detalha a efetiva participação dos acusados na mecânica que levou às execuções.

O cabo Noronha compareceu à Divisão de Homicídios acompanhado da esposa, que também foi ouvida pelos delegados da divisão da Polícia Civil. Ambos foram acompanhados por uma equipe da Corregedoria da Polícia Militar - da qual é o militar da reserva está custodiado.

Da Divisão de Homicídios, Noronha foi levado para fazer exame de lesão corporal e depois encaminhado para uma prisão da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) - uma vez que já havia uma ordem de prisão preventiva decretada contra o PM da reserva.

DOIS AINDA FORAGIDOS

O cabo Noronha integrou o 2º BPM e era um dos três acusados que ainda seguiam foragidos após o avanço das investigações do caso - sendo um civil e dois policiais. A polícia ainda segue à busca do civil identificado apenas como "Diel". O outro policial ainda procurado é o cabo Leonardo Fernandes de Lima.

O caso investigado pela Polícia Civil apura a execução de 11 pessoas no último domingo (19), por volta das 16h, no estabelecimento chamado Wanda's Bar e Recepções, localizado na Passagem Jambu, entre as passagens Napoleão Laureano e Padre Mario Adalberto, no bairro do Guamá, em Belém. 

APURAÇÃO DO CASO

As investigações tiveram avanços significativos nos últimos dias, como a identificação de que policiais militares estão envolvidos no crime - onde homens encapuzados entraram no estabelecimento atirando em todos que estavam no local. Apenas uma das pessoas atingidas pelos tiros sobreviveu. A vítima segue internada e tanto o local de atendimento quanto sua identidade seguem guardados por segurança.

OS MORTOS

Das 11 pessoas mortas, seis eram homens e cinco eram mulheres. As vítimas são Alex Rubens Roque Silva, 41 anos; Flávia Teles Farias da Silva, 32; Leandro Breno Tavares da Silva, 21; Márcio Rogério Silveira Assunção, 36 anos; Maria Ivanilza Pinheiro Monteiro (dona do bar onde ocorreu o crime), 52; Meire Helen Sousa Fonseca, 35; Paulo Henrique Passos Ferreira, 24; Samara Silva Maciel, 23; Samira Tavares Cavalcante, 36; Sérgio dos Santos Oliveira, 38; e Tereza Raquel Silva Franco, 33.

Duas linhas de investigação principais estão sendo analisadas pela polícia, mas elas são mantidas em sigilo até o final do inquérito. Segundo a Polícia, as investigações apontam que pelo menos oito pessoas estão diretamente envolvidas na chacina, entre mandantes, executores e apoio logístico. 

image Cabo Noronha: militar da reserva prestou uma hora de depoimento neste sábado (Via redes sociais)

OS ACUSADOS

Os acusados são quatro civis e quatro policiais militares (três da ativa e um da reserva). Os primeiros suspeitos de cometerem o crime, Edivaldo dos Santos Santana e Agnaldo Torres Pinto, foram presos na terça-feira (21), quando tentavam descaracterizar os carros utilizados na chacina.

No dia seguinte, mais uma pessoa envolvida no caso, o Jaysson Costa Serra, foi preso em uma panificadora, da qual é proprietário, portando uma arma de fogo calibre 380. Já na última sexta-feira (24), um cabo da Polícia Militar, identificado como Wellington Almeida Oliveira, foi preso enquanto estava em serviço no 2º Batalhão. Outro policial, identificado como Pedro Josimar Nogueira da Silva, se entregou no final da tarde do mesmo dia, na sede da Delegacia-Geral.

O cabo Pedro, na quinta-feira (23), havia registrado um Boletim de Ocorrência na Seccional Urbana da Cremação alegando que sua arma teria sido furtada. A suspeita é que ele tenha feito isso para despistar a investigação, mas ele já estava na lista de suspeitos de envolvimento e acabou se entregando. 

image Onze pessoas foram executadas na chacina: a maioria com tiros na cabeça (Cláudio Pinheiro)

INQUÉRITO PRÓXIMO DA CONCLUSÃO

O inquérito tem um prazo legal de dez dias para ser concluído. A polícia continua em busca dos foragidos. O objetivo é, até o fim do inquérito, localizar os dois últimos foragidos foragidos, considerados os principais envolvidos no crime, para que sejam ouvidos em depoimento e confirmem uma das duas hipóteses de motivação.

Em relação ao cabo Leonardo Fernandes de Lima,  policial militar que ainda segue foragido, caso ele não seja encontrado em até oito dias, será considerado desertor e terá seus vencimentos bloqueados.

 

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Polícia
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