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Bope da PM do Pará é especializado para atuar em crises com reféns

Comandante do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), o major Helton Rocha explica o passo a passo de uma ocorrência envolvendo reféns; em praticamente todos os casos, afirmou, a situação é resolvida durante a negociação

Dilson Pimentel

Em 2025, militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar do Pará, atuaram em sete crises com reféns na região metropolitana de Belém.  Em todas as ocorrências os reféns foram libertados após a negociação conduzida pelos militares. Essa crise se instala quando o roubo dá errado ou, na fuga, a polícia chega rapidamente no local da ocorrência. Aí, geralmente para garantir a sua própria vida, o acusado faz reféns.

Comandante do Bope, o major Helton Rocha disse que a crise ocorre a partir do momento que a situação foge da normalidade. “Uma ocorrência que poderia ser corriqueira no nosso entendimento, mas que ali evoluiu. Vidas estão correndo risco. Um sério risco de vida. Então, se estabelece ali uma crise”, explicou. Nessa hora, o Bope é acionado. O tomador de refém é chamado tecnicamente de Causador do Evento Crítico (CEC).

O major explicou como tudo funciona. “Esses primeiros interventores (que são policiais) acionam o Ciop (Centro Integrado de Operações) ou acionam diretamente aqui o Comando de Missões Especiais (CME), por meio do Bope. E aí as equipes se deslocam para o local, que a gente denomina de 'teatro de operações', para lá começar de fato a negociação para solucionar essa crise que está estabelecida”, disse o major Rocha.

A negociação não tem uma duração. Já houve situações que foram resolvidas em uma hora ou que passaram de um dia para o outro, como ocorreu na avenida Augusto Montenegro, em Belém - durou 17 horas. Esse fato ocorreu em 2023. Naquela ocasião, um homem foi preso após fazer uma mulher e três crianças reféns dentro de um veículo. Sobre a duração da negociação, o comandante do Bope disse o seguinte: “Essa negociação não tem necessariamente uma duração padrão. O que tem que ocorrer é essa equipe especializada, principalmente o Bope que tem as alternativas táticas - nós somos detentores dessas alternativas -, chegar com rapidez no local e começar ali a negociação”.

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image Este ano, militares do Bope atuaram em sete crises com reféns na Região Metropolitana de Belém - todas com sucesso (Foto: Igor Mota/O Liberal)

O gerencimanento da crise começa com a negociação

Nesses casos, não pode haver pressa. “A gente tem que ter calma. Todo mundo tem que estar ali sereno, porque quem está à frente da ocorrência ali tem a parte técnica, tem o treinamento. Então o tempo para gente não não quer dizer tanta coisa. Volto a dizer: o que tem que chegar rápido são as equipes. Ali a gente vai negociar, vai interagir e tentar solucionar a crise. Se vai demorar uma hora ou mais não tem problema. O principal pra gente é sanar aquela crise ali de uma maneira aceitável. Pode ser que ocorra rápido o desfecho, assim como pode demorar horas e até dias, como já houve aí pelo Brasil afora”, afirmou o comandante.

A negociação é a primeira etapa. Mas há outras possibilidades. “Se evoluir, podemos utilizar uma tecnologia de baixa letalidade. É a segunda alternativa. A terceira alternativa seria o tiro de comprometimento com o nosso sniper (atirador de elite). E a quarta alternativa o assalto tático propriamente dito, que é aquela equipe que já entra para fazer uma intervenção mais enérgica no cenário da crise. São essas quatro alternativas, mas não necessariamente elas são dessa forma. Elas podem estar juntas ali naquele momento da dependendo do do tipo do cenário da crise, afirmou.

Em Belém, em torno de 99% das ocorrências são resolvidas com a negociação. “Que é algo pra gente até bom, porque ali não tem tiro, não tem gritaria, tudo é resolvido na conversa. E a ideia é de fato a negociação finalizar todas as crises aqui na nossa região”, disse o major Rocha.

Ele também falou sobre os dois momentos mais críticos de uma crise com refém. "O primeiro é o momento inicial da crise. Está todo mundo com adrenalina elevada, armas estão sendo apontadas para a guarnição que chegou, que se deparou, vidas estão correndo risco", disse. "O segundo momento é o final da ocorrência - a hora da rendição. É aquele momento em que o CEC vai colocar a arma no chão. É aquele momento que ele vai liberar aquele último refém ou vários reféns. O momento em que ele decide de fato se entregar", afirmou.

Principais exigências feitas pelos tomadores de reféns

O major Rocha também falou sobre as principais exigências feitas pelos tomadores de reféns antes de libertar as vítimas. "Hoje tem esse padrão de pedir a presença da imprensa, que, inclusive, nos ajuda muito no cenário. Eles também pedem um familiar para estar presente e ele poder se entregar", disse. Há, porém, exigências que jamais poderão ser atendidas. "De maneira alguma, pode-se dar uma arma de fogo para o tomador de refém. A gente não pode potencializar esse criminoso ali com mais armamento. A gente também não pode colocar uma droga ali, algo ilícito, naquele cenário", afirmou.

O comandante do Bope disse ainda a partir de que momento se encerra qualquer tipo de negociação. “Quando ali já começa a ter perdas de vida. Esse criminoso começa a tirar a vida de pessoas. Então a gente tem que intervir imediatamente para tentar salvaguardar os demais naquele local”, disse.

Refém pode conversar com o acusado durante a ocorrência

E como o refém deve se comportar durante a crise, nesse que é um momento de muito medo e tensão? “Não é tão simples e tão fácil até repassar isso, mas a gente pede que a pessoa o máximo possível tranquila", disse. Ele explicou que já está ali uma equipe com o devido preparo técnico pra solucionar aquela crise. “E hoje nós temos aí índice de praticamente 100% de solução das nossas crises aqui. Então esse cidadão – que, se Deus o livre, estiver numa situação dessa - que fique tranquilo que a equipe do Bope, a equipe do Comando de Missões Especiais vai chegar no local e a gente vai solucionar essa crise", explicou.

image Comandante do Bope, major Helton Rocha: “A gente tem que ter calma. Todo mundo tem que estar ali sereno, porque quem está à frente da ocorrência tem a parte técnica, tem o treinamento" (Foto: Igor Mota/O Liberal)

 

A pessoa que está como refém pode sim, durante essa crise, conversar com o acusado. “Sim, é interessante que ela tente também manter esse CEC (Causador de Evento Critico) o mais calmo possível e, assim, esperar que essa equipe chegue no local para que o desfecho aconteça ali. Então pode sim interagir. Não tem nenhum tipo de problema”, disse. “O que não pode é essa vítima, esse refém estressar esse criminoso. Ele já está ali estressado, adrenalizado. Então, se for para interagir, a gente pede que ele possa manter a calma se for pra interagir”, afirmou.

O major também comentou sobre os equipamentos utilizados pelos miitares do Bope. "Temos as nossas armas letais de maior potencial aqui na instituição. Outros equipamentos de menor potencial ofensivo como a taser (arma de choque), o nosso escudo balístico. Então temos toda uma proteção. E, se for para o último nível de força, temos até armamentos de alto e grosso calibre, que seria a questão do nosso nosso sniper. Se ele tiver que ser acionado, o nosso sniper também tem equipamento de última geração para atender esse tipo de crise", afirmou.

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