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Belém registra 57 furtos de fiação elétrica e 86 furtos de cabos de semáforo em 2022

Para combater este crime na capital, a Guarda Municipal instalou 40 câmeras na cidade, ampliou e intensificou o patrulhamento das equipes

Saul Anjos
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Nas últimas semanas, casos de furto de cabos de internet, energia elétrica ou, até mesmo telefonia, na capital paraense, foram noticiados e chamaram atenção pelo modo que foram cometidos. Alguns deles tiveram um trágico fim. Especialistas de segurança apontam que o furto dos fios, muitas vezes, ocorre para pegar o material protegido e vendê-lo em sucatas, conseguindo dinheiro de uma “forma rápida”. Somente em 2022, a Guarda Municipal de Belém (GMB) contabilizou 57 ocorrências de furto de fiação elétrica e a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) contou 86 furtos de cabos de semáforos no município, totalizando 143 registros.

Dentre esses casos notificados pela GMB, 16 foram oficializados à polícia e outros nove tiveram condução de suspeitos para os órgãos de segurança.  De janeiro a 22 de junho deste ano, a Guarda computou 14 casos. Apenas oito deles tiveram apresentação de pessoas na delegacia.

Já sobre os dados da Semob, dentre as 86 ocorrências, foram furtados 3.691 metros de cabos de semáforos. Um prejuízo de mais de R$ 24 mil. Esses números não contemplam furtos de cabos de internet ou telefonia. 

De janeiro a 20 de junho de 2023, o furto de cabos dos instrumentos que auxiliam os condutores chegou a 1.970 metros. Os bairros mais afetados, conforme os dados disponibilizados pela Superintendência, foram Batista Campos (10 casos), Reduto (9 casos) e Campina (6 casos). 

Com relação ao ano passado, do início do ano até 30 de junho, foram 31 casos, com 1.450 metros de cabos elétricos furtados, o que mostra um aumento de 500 metros deste ano comparado ao apontado pela Semob.Nestes seis meses de 2020, o dano ao município foi de R$10.500. Por meio de nota, a Superintendência disse que as operações de fiscalização serão intensificadas nos locais onde têm mais ocorrências para combater este crime. 

Uma das possíveis medidas que pode diminuir esses casos de furtos é o cabeamento subterrâneo. O vereador Igor Andrade (Solidariedade) fala que essa medida seria muito cara para os cofres públicos. Ele é idealizador do projeto que visa a obrigação das empresas de fornecimento de energia elétrica, telefonia, comunicação de dados ou televisão a identificarem seus cabos. A previsão é de que a pauta seja votada entre vereadores até agosto deste ano.

“Decidimos regulamentar e organizar o sistema de cabeamento da rede aérea nos postes e vias públicas de Belém. Hoje em dia observamos um completo descaso das empresas prestadoras de serviços que instalam seus cabos de qualquer forma, sem uma distância adequada, gerando risco de acidentes, interrupção no fornecimento e poluindo visualmente as ruas e avenidas com fios pendurados uns sob os outros, alguns muito baixos, por isso, com esse projeto de lei poderemos identificar e cobrar com rigor as empresas que não estiverem cumprindo com as normas estabelecidas”, assegura.

Elcio Vale, é inspetor chefe da Divisão de Operações da Guarda Municipal de Belém (GMB). Durante os 25 anos de serviço que tem, ele diz que de uns dez anos para cá houve um aumento nesta prática, que é descrita pelo Código Penal como crime de subtração, com pena de reclusão de 1 a 5 anos e multa. O crescimento nas ocorrências, para Elcio, pode estar ligada com a valorização do preço do cobre, que em algumas sucatarias da capital é vendido o quilo por R$ 15. “Cerca de 10 atrás era um crime que não se falava tanto, mas está aumentando, talvez, pela valorização do cobre. A gente vem tomando conhecimento desses atos de vandalismo que acontecem em Belém”, conta.

Segundo o inspetor, quem, geralmente, comete este delito são pessoas em situação de rua que atuam sozinhas subindo em postes de iluminação pública e queimando os fios para ter acesso ao cobre. “Assim que tiram o plástico, comercializam o cobre. Alguns locais compram o quilo por R$ 15. Mas são furtados qualquer tipo de cabo, na sucata é feita a seleção daquilo que tem valor. Pela nossa experiência, os furtos de cabos são, normalmente, feitos por pessoas em situação de rua. Eles pegam o dinheiro e, possivelmente, usam com álcool e outras drogas. Uma série de problemas sociais contribuíram para o aumento deste crime. A exemplo da pandemia, que deixou diversas pessoas desempregadas”, explica.

O centro de Belém, de acordo com o guarda municipal, é um dos locais da capital que mais sofre com o furto de cabos. Para coibir este tipo de crime, a GMB reforçou e ampliou o patrulhamento das guarnições no período noturno e diurno. “Todo o centro de Belém é monitorado por câmeras e possui 68 guardas patrulhando viaturas de quatro e duas rodas do Ver-o-Rio até o Portal da Amazônia coibindo este tipo de crime. Além disso, temos bases em todos os distritos de Belém. Estamos trabalhando com equipe velada (guardas municipais disfarçados) para flagrar quem comete este crime. Também estamos monitorando para onde esse produto é levado. A pessoa que comete este tipo de crime (furto e roubo de cabos), sabemos que uma hora vamos chegar neles”, diz Elcio.

O inspetor aproveitou para citar o caso registrado no dia 13 deste mês, no Terminal do BRT de São Brás, que teve a fiação elétrica furtada e acabou prejudicando o serviço de fluxo de passageiros. A operação do terminal só foi regularizada na manhã do dia seguinte. Para denunciar este tipo de crime, a população pode colaborar fazendo denúncias ligando para o telefone 190 e 153.

Em 16 de junho deste ano, um homem morreu após levar uma descarga elétrica enquanto tentava furtar fios de cobre, na passagem Tancredo Neves, entre Avenida Pedro Álvares Cabral e Rodovia Arthur Bernardes, no bairro do Telégrafo, em Belém. Ele seria uma pessoa em situação de rua, de acordo com informações preliminares.

A técnica de segurança do trabalho da distribuidora de energia Equatorial Pará, Elizabete Macedo, conta os perigos para quem furta cabos de rede elétrica. “A maioria das pessoas que não tem conhecimento, acabam se confundindo ao tentar furtar cabo de internet e podem pegar no de energia elétrica. Isso pode resultar em queimaduras e amputações. Dependendo da potência da descarga, não escapa (morte). A potência (elétrica) é muito forte”, alega.

Entretanto, não só quem comete o crime sofre com isso, como ela mesma pontua. “Pode deixar um grande número de moradores sem energia, quando faz essa intervenção indevida na rede elétrica. Um cabo rompido e energizado pode atingir uma pessoa que estiver passando pelo local e causar um trágico acidente. Os hospitais têm geradores, mas casos de pessoas que ficam em casa e equipamentos para cuidar da saúde. A falta de energia pode prejudicá-las. As pessoas precisam ter consciência sobre os riscos do furto de cabos de energia. Somente profissionais capacitados devem mexer com eles”, destaca.

Denúncias sobre este crime podem ser repassadas ao telefone 190 ou 153. A Equatorial recomenda que a população mantenha distância da rede elétrica. 

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