Aplicativo diz que não tolera violência contra entregador e repercute caso em Belém
O episódio em questão aconteceu nesta semana, em condomínio localizado na avenida Augusto Montenegro. Uma mulher que se identificou como delegada ameaçou prender o entregador
Um aplicativo de entrega divulgou uma nota nesta sexta-feira (18/4) sobre a confusão entre o entregador Tiago Assunção Miranda, de 26 anos, e uma mulher que se identificou como delegada. O caso ocorreu na última quarta (16/4), em um condomínio localizado na avenida Augusto Montenegro, em Belém. Um vídeo do episódio, que terminou em ofensas e ameaça de prisão, viralizou após circular nas redes sociais. O aplicativo afirmou que “não tolera qualquer tipo de ofensas, agressões, preconceito ou assédio envolvendo entregadores, clientes ou estabelecimentos cadastrados” na plataforma.
“O iFood não tolera qualquer tipo de ofensas, agressões, preconceito ou assédio envolvendo entregadores, clientes ou estabelecimentos cadastrados no app. A empresa conta com uma Política de Combate à Discriminação e à Violência para oferecer a todos um ambiente ético, seguro e livre de qualquer forma de violação de direitos. Quando as regras são descumpridas, por qualquer uma das partes, são aplicadas sanções que podem ir desde advertências ou treinamentos até a desativação da conta”, comunicou.
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Além disso, o aplicativo ainda disse que ofereceu apoio jurídico ao Tiago. “Informamos que o iFood tomou conhecimento do ocorrido e, proativamente, disponibilizou ao profissional os serviços da Central de Apoio Jurídico e Psicológico, oferecido em parceria com a organização de advogadas negras Black Sisters in Law, garantindo acesso à justiça e assistência emocional ao parceiro. O iFood está à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário e reitera aos clientes, entregadores e estabelecimentos a importância de reportar no aplicativo casos de violência.
Nota na íntegra da Adepol/PA
"Diante dos fatos ocorridos na noite do dia 17 de abril, envolvendo uma delegada de polícia e um entregador de aplicativo na cidade de Belém (PA), esclarecemos:
A delegada, ao retornar de plantão e com um ferimento no pé, solicitou que o pedido de entrega fosse levado até a porta de seu apartamento. Mesmo após orientação ao porteiro para liberar a subida, o entregador se recusou a cumprir a solicitação. Ao tentar dialogar, a delegada relata ter sido chamada de “folgada”, ao que respondeu com um termo ofensivo. Entende-se que a discussão foi um dissabor do cotidiano, mas que logo foi transformada em uma coisa grave pelo motociclista.
Segundo o relato da delegada, o entregador não solicitou o código de entrega, procedimento padrão para liberação do pedido, e tentou sair com a refeição já paga. Diante da situação, ela disse que poderia dar voz de prisão por entender que houve apropriação indevida de bem adquirido. Parte da cena foi registrada por um terceiro, mas o vídeo divulgado não mostra os momentos iniciais do conflito, e que foi gravado por outro motociclista.
Após o episódio, o entregador teria enviado mensagens com tom intimidador e reunido diversos motociclistas na frente do prédio, o que gerou uma situação de medo e vulnerabilidade para a delegada, que precisou buscar abrigo com uma vizinha por estar abalada e em estado emocional instável.
A delegada já registrou boletim de ocorrência e informa que está adotando as medidas legais cabíveis, além de documentos e prints que reforçam a versão. Ela também denuncia que, após a ampla divulgação do caso, seu nome completo e o endereço residencial foram expostos publicamente, o que agravou ainda mais as ameaças e a sensação de insegurança. Desde então, passou a receber mensagens hostis, ofensivas e intimidadoras, o que tem afetado diretamente sua integridade emocional e física.
Por fim, reforça-se a importância de que os fatos sejam apurados com isenção, responsabilidade e respeito aos direitos de todas as partes envolvidas, com atenção especial à segurança das pessoas expostas indevidamente".
Relembre o caso
O entregador relatou que chegou no condomínio com o pedido da mulher. Ele relatou que a cliente estava agressiva e havia o chamado de vagabundo e de ladrão. Segundo Tiago, a mulher não forneceu o código da plataforma para liberação do pedido e, por isso, decidiu ir embora. Ainda conforme o entregador, a mulher puxou a mochila dele e tentou derrubá-lo no chão, alegando que iria prendê-lo.
Ele registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Funcionais (DECRIF). A Corregedoria da Polícia Civil apura a conduta da servidora.