MENU

BUSCA

Vídeo mostra discussão entre entregador por app e delegada dentro de condomínio em Belém

A Polícia Civil informou que “a Corregedoria da instituição já tem ciência do fato e instaurou um procedimento administrativo para apurar a conduta da servidora”

O Liberal

Uma entrega de comida por aplicativo terminou em confusão, ofensas e ameaça de prisão, nesta quarta-feira (16), em um condomínio localizado na avenida Augusto Montenegro, em Belém. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que uma mulher, que se identifica como delegada de polícia, discute com um entregador, tenta agredi-lo e o ameaça verbalmente após o homem não levar o pedido até a casa dela. A Polícia Civil informou que “a Corregedoria da instituição já tem ciência do fato e instaurou um procedimento administrativo para apurar a conduta da servidora”.


A reportagem do Grupo Liberal conversou com o entregador envolvido na ocorrência. Tiago Assunção Miranda, de 26 anos, relatou o passo a passo da situação. “Eu peguei um pedido para entregar para essa mulher. Chega na primeira portaria, faz a identificação, passa. Aí vai para a segunda portaria, que é a portaria do condomínio dela. São três condomínios no mesmo local. Peguei e mandei mensagem pelo chat, ela não respondeu. Cheguei na portaria do condomínio dela, pedi para o rapaz dar uma ligada para ela vir na portaria coletar o pedido dela. Fiquei aguardando uns quatro ou cinco minutos e depois ela chegou”, contou.

Tiago explicou que foi surpreendido pela postura agressiva da cliente. “Ela veio com um tom de voz de ignorância falando ‘Olha, eu pago o pedido é pra te deixar na porta do meu apartamento, não aqui na portaria’. Eu expliquei para ela que a gente não é permitido subir em apartamento, muito menos em condomínio”, disse.

Segundo ele, a situação escalou rapidamente. “Então, bora, seu vagabundo, me dá a p**** do meu pedido”, teria dito a cliente. Como não forneceu o código da plataforma, obrigatório para a liberação do pedido, o entregador decidiu deixar o local. “Ela continuou falando grosseiramente comigo. Nisso eu virei a costa e subi na bicicleta. Nisso que eu subi na bicicleta, ela puxou a minha bag tentando me derrubar no chão. Eu consegui me equilibrar, continuei na bicicleta e comecei a gravar. Ela falou que ia me dar voz de prisão. Eu perguntei para ela porque ela ia me dar voz de prisão. Ela falou: ‘Porque eu sou delegada’.”

As imagens gravadas pelo entregador mostram o momento em que a mulher tenta tomar o celular da mão dele e parte para cima com agressividade. “Desci da bicicleta e comecei a gravar ela. Ela começou a me chamar de vagabundo, de ladrão, dizendo que eu queria roubar o celular dela. Ela veio para cima de mim, tentando tomar meu celular e me agredir. Logo em seguida, veio uma outra pessoa, puxou ela e levou lá para dentro. Foi que eu consegui me retirar do local para fazer a devolução do pedido [ao restaurante]”, relatou.

Após o ocorrido, Tiago procurou diversas unidades da Polícia Civil para registrar boletim de ocorrência. “Eu fui ontem à tarde na Delegacia da Marambaia. De lá, me mandaram para a Delegacia da Cabanagem. Depois, eu fui para a Delegacia do Bengui, onde me mandaram para a Delegacia Geral. Então, eu fui na Decrif para fazerem o boletim de ocorrência lá e dar continuação”, contou.

Nota na íntegra da Adepol/PA

"Diante dos fatos ocorridos na noite do dia 17 de abril, envolvendo uma delegada de polícia e um entregador de aplicativo na cidade de Belém (PA), esclarecemos:

A delegada, ao retornar de plantão e com um ferimento no pé, solicitou que o pedido de entrega fosse levado até a porta de seu apartamento. Mesmo após orientação ao porteiro para liberar a subida, o entregador se recusou a cumprir a solicitação. Ao tentar dialogar, a delegada relata ter sido chamada de “folgada”, ao que respondeu com um termo ofensivo. Entende-se que a discussão foi um dissabor do cotidiano, mas que logo foi transformada em uma coisa grave pelo motociclista.

Segundo o relato da delegada, o entregador não solicitou o código de entrega, procedimento padrão para liberação do pedido, e tentou sair com a refeição já paga. Diante da situação, ela disse que poderia dar voz de prisão por entender que houve apropriação indevida de bem adquirido. Parte da cena foi registrada por um terceiro, mas o vídeo divulgado não mostra os momentos iniciais do conflito, e que foi gravado por outro motociclista.

Após o episódio, o entregador teria enviado mensagens com tom intimidador e reunido diversos motociclistas na frente do prédio, o que gerou uma situação de medo e vulnerabilidade para a delegada, que precisou buscar abrigo com uma vizinha por estar abalada e em estado emocional instável.

A delegada já registrou boletim de ocorrência e informa que está adotando as medidas legais cabíveis, além de documentos e prints que reforçam a versão. Ela também denuncia que, após a ampla divulgação do caso, seu nome completo e o endereço residencial foram expostos publicamente, o que agravou ainda mais as ameaças e a sensação de insegurança. Desde então, passou a receber mensagens hostis, ofensivas e intimidadoras, o que tem afetado diretamente sua integridade emocional e física.

Por fim, reforça-se a importância de que os fatos sejam apurados com isenção, responsabilidade e respeito aos direitos de todas as partes envolvidas, com atenção especial à segurança das pessoas expostas indevidamente". 

Nota do aplicativo de entrega na íntegra 

"O iFood não tolera qualquer tipo de ofensas, agressões, preconceito ou assédio envolvendo entregadores, clientes ou estabelecimentos cadastrados no app. A empresa conta com uma Política de Combate à Discriminação e à Violência para oferecer a todos um ambiente ético, seguro e livre de qualquer forma de violação de direitos. Quando as regras são descumpridas, por qualquer uma das partes, são aplicadas sanções que podem ir desde advertências ou treinamentos até a desativação da conta.  

Sobre a ocorrência envolvendo o entregador Tiago Assunção Miranda, informamos que o iFood tomou conhecimento do ocorrido e, proativamente, disponibilizou ao profissional os serviços da Central de Apoio Jurídico e Psicológico, oferecido em parceria com a organização de advogadas negras Black Sisters in Law, garantindo acesso à justiça e assistência emocional ao parceiro. O iFood está à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário e reitera aos clientes, entregadores e estabelecimentos a importância de reportar no app casos de violência". 

Polícia