Universitária do Pará viraliza com fotos de formatura na periferia: 'essa conquista é coletiva'
A jovem conta que escolheu um local que representa a realidade de tudo o que ela enfrentou para concluir a graduação
Concluir uma graduação é o sonho de muitos quando ingressam no curso superior e, acompanhado de uma trajetória com desafios e perseverança, as tradicionais fotos de formatura são realizadas para registrar esse momento especial. Para Lais Gama, recém formada em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará (UFPA), o ensaio representou muito mais que a conclusão de um percurso árduo: ele também foi para mostrar as origens e quem esteve ao seu lado.
Na Comunidade Irmã Dulce, no distrito de Icoaraci, a jovem reuniu os familiares e amigos no cenário humilde, mas com muitos significados para ela. "Eu queria fazer minhas fotos de formatura em um lugar que representasse a minha realidade e tudo que enfrentei para terminar a graduação", explica Lais.
VEJA MAIS
Os registros feitos pelo fotógrafo Bruno Campos viralizaram nas redes sociais e já contam com mais de 10 mil compartilhamentos. Na publicação, Lais também fala sobre o significado da escolha do local.
"[...] foi desse lugar onde não passa ônibus, onde uber não desce e onde não existe saneamento básico que eu caminhei todos os dias rumo a UFPA".
Histórico
Lais ingressou na Universidade Federal do Pará (UFPA) em 2016, através do sistema de cotas sociais, e afirma ter sido essa a "primeira porta" aberta para o ensino superior.
"A minha entrada na UFPA foi pelo sistema de cotas, que não é um favor, mas um direito que proporcionou aos filhos e filhas das classes trabalhadoras adentrar nesse espaço tão elitizado que é o ensino superior no Brasil. Como aluna de escola pública, filha de porteiro e dona de casa, sei muito bem a importância de conquistar esse espaço em uma universidade", ressalta.
Raul Seixas, na música Prelúdio, canta "Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha juntos é realidade“, e simboliza bem o que é visto nas diversas fotos do ensaio. Para a mais nova assistente social, a graduação é uma conquista coletiva e muitos que moram na "baixada" e a viram crescer, vão vibrar por ela. Além disso, sem a ajuda de outras pessoas, não seria possível concluir o curso.
"Eu não tinha computador e meus professores me emprestaram para eu conseguir ser bolsista de iniciação científica [...]. Eu não tinha internet em casa e minhas amigas abriram as portas das suas casas para eu fazer todos os trabalhos e coletas de dados necessários", conta
Mestrado
Agora, Lais é mestranda em Serviço Social e Direitos Humanos e tem o sonho de ser professora universitária e uma pesquisadora reconhecida. Ela também gostaria de devolver para sociedade tudo que recebeu através da educação pública.
"No futuro, quando eu olhar para essas fotos verei da onde eu vim, o que superei e aqueles que estiveram do meu lado nessa jornada. Além disso, sei que essa conquista é coletiva, que muitos que moram na baixada e me viram crescer vão vibrar por mim", finaliza.
(Estagiária Karoline Caldeira, sob supervisão da editora web de OLiberal.com, Tainá Cavalcante)
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA