Transplantes de fígado na Santa Casa triplicaram de 2023 para 2024
Avanço reforça a capacidade do hospital como um centro transplantador para a Região Norte
Em seu segundo ano como hospital transplantador de fígado, a Santa Casa do Pará realizou doze transplantes hepáticos, três vezes mais que em 2023, quando o serviço foi iniciado sob a supervisão do Hospital Albert Einstein. Para o cirurgião Rafael Garcia, responsável técnico da equipe de transplante de fígado da Santa Casa, o avanço reforça a capacidade do hospital como um centro transplantador para a Região Norte.
VEJA MAIS
“Desde o início do ano os transplantes são feitos por equipe 100% da Santa Casa, o que mostra a evolução da instituição e o compromisso em oferecer uma modalidade de tratamento da mais alta complexidade. Já somos considerados pela Sespa um hospital transplantador e somos o segundo serviço de transplante de fígado da Região Norte. Isso nos coloca em posição de destaque no Estado e na Região, como referência de fato”, afirma.
Em 2024 também houve um aumento expressivo nas notificações de potenciais doadores, mas, segundo o médico, a efetivação da doação precisa aumentar, o que depende da conscientização das famílias para aceitar doar os órgãos de pessoas em morte encefálica.
“Nossa expectativa é que haja um aumento na doação, para podermos fazer ainda mais transplantes, e pelo menos dobrar o número de transplantes deste ano. Mas temos capacidade instalada para fazer pelo menos um transplante por semana. Gostaríamos que nenhum paciente morresse esperando um órgão, mas só conseguiremos atingir isso com aumento da doação. É importante que as famílias conversem sobre doação de órgãos e que a pessoa que deseja ser doadora manifeste esse desejo para os seus parentes”, ressalta o médico.
Ana Gabriela Mesquita foi a primeira transplantada de fígado da Santa Casa. Prestes a completar dois anos vivendo com o órgão doado, ela está feliz com tudo o que melhorou na vida dela depois que passou pelo procedimento.
“Hoje, através do transplante, eu tenho uma vida nova. Minha vida mudou totalmente. Já faço planos para o futuro, já viajo, que era um desejo meu, mas nunca podia viajar, porque sempre estava internada. Eu nem fazia os planos, nem poderia comprar a passagem para daqui a dois ou três meses, porque não sabia se ia estar normal ou se com algum problema, se ia estar internada numa UTI. Agora eu já sei que vou estar bem, graças a Deus. Então é só gratidão mesmo, porque se não fosse o transplante eu realmente não estaria passando mais um fim de ano com a minha família, porque já estava muito debilitada e o transplante devolveu a minha vida”, conta Ana.
Também em decorrência de uma hepatite autoimune para a qual fez tratamento durante 17 anos, Wilma Cordovil precisou entrar na fila para o transplante de fígado este ano e há três meses foi transplantada. Assim como Ana Gabriela, ela está bem e comemora a liberação para o retorno ao trabalho.
“No dia 26 de dezembro eu completei 3 meses do transplante e amanhã já volto ao trabalho. Me sinto, literalmente, em uma vida nova”, afirma Wilma.
O que pode levar uma pessoa a precisar do transplante de fígado?
Na Santa Casa, desde 2023, pacientes de diferentes faixas etárias foram encaminhados para o transplante de fígado e todos sofriam de cirroses hepáticas, provenientes de doenças preveníveis e não preveníveis.
“Via de regra o que leva uma pessoa a necessitar de transplante é a cirrose. No nosso meio as hepatites virais e o álcool estão empatados como as principais causas de cirrose, seguidas de perto por esteatose. Algumas causas de cirrose não são evitáveis, como a hepatite autoimune e doenças genéticas; mas as principais podem ser prevenidas com vacinação contra hepatite A e B, tratamento de etilismo e tratamento de obesidade e diabetes”, afirma o cirurgião Rafael Garcia.
A cirrose hepática é uma doença crônica, decorrente de processos inflamatórios e ocorre quando as células do fígado sofrem danos, formando fibroses que impedem o órgão de funcionar e desempenhar funções vitais para o organismo. Se a doença alcança um estágio avançado, o único tratamento é o transplante.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA