Pará teve 700 córneas doadas de janeiro a dezembro de 2024, aponta Hospital Ophir Loyola

A marca fez o Pará sair da penúltima posição no ranking nacional e subir para o 11º lugar entre os 24 estados que realizam esse tipo de transplante

O Liberal
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O Pará atingiu a marca de 700 córneas doadas - sendo 350 captadas - de janeiro a até 26 de dezembro deste ano, como apontam dados do Banco de Tecido Ocular (BTO) do Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém. Esse número já superou o recorde anterior, de 346 doações (692 córneas), registrado em 2023. Com isso, o Estado saiu da penúltima posição no ranking nacional e subiu para o 11º lugar entre os 24 estados que realizam esse tipo de transplante, com 4,3 doadores por milhão de habitantes, segundo levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

Para quem aguarda na fila por um transplante de córnea, a notificação de que o tecido ocular está disponível é um momento de grande expectativa. A solidariedade de um doador pode transformar vidas, como na história de Eronilda Marcelino, 72 anos. Após receber o transplante, ela recuperou a visão e retomou sua rotina. Hoje, realiza as tarefas domésticas com facilidade e voltou a costurar, além de se dedicar a incentivar outras pessoas a doarem.  

“Antes era um sofrimento muito grande. Eu estava acostumada a ver, fazer tudo. Eu quero incentivar as pessoas para que sejam doadoras, independente do órgão, porque se hoje eu estou enxergando, foi porque eu ‘ganhei’ uma córnea de outra pessoa. A minha cirurgia foi muito bem-sucedida, graças a Deus. Depois que eu fiz a cirurgia só veio felicidade para mim, porque eu pude enxergar maravilhosamente bem. Hoje, eu faço tudo o que uma dona de casa faz. Lavo, passo, cozinho, cuido da minha netinha, costuro, saio e resolvo tudo”, conta.  

Avanços na doação

De acordo com o oftalmologista Alan Costa, responsável técnico pelo Banco de Tecidos Oculares (BTO) do Ophir Loyola, o aumento nas doações é resultado de ações de promoção e sensibilização, além de acordos de cooperação técnica firmados entre o hospital, o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol) e o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), vinculados à Polícia Científica do Pará (PCEPA) e coordenados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).  

“O BTO tem uma extensão que funciona dentro do Centro de Perícia Científica, onde a nossa equipe se faz presente verificando potenciais doadores, tanto no Instituto de Medicina Legal por Mortes Acidentais como também no Serviço de Verificação de Óbito. Nós percebemos, em um futuro próximo, um cenário otimista, em que a gente consiga realmente manter esses avanços e parcerias, e avançar no processo de doação”, pontua.  

O oftalmologista destaca também que os avanços alcançados reduziram significativamente o tempo de espera para a doação de córneas. “Se antes o paciente precisava aguardar até cinco anos, hoje essa espera foi encurtada para menos de 12 meses, proporcionando mais rapidez e esperança para aqueles que dependem dessa cirurgia para melhorar a qualidade de vida e recuperar a visão”, afirma.  

Como doar  

A doação de córneas pode ser feita por pessoas que forem a óbito, com idade entre 2 e 72 anos. No entanto, há critérios de exclusão, como pacientes portadores de HIV ou dos vírus causadores de Covid-19 e hepatites B e C. Os tecidos oculares podem ser retirados até seis horas após o óbito e, uma vez preservados, têm até 14 dias para serem implantados em um receptor.  

Para autorizar a doação, a família pode entrar em contato com o Banco de Tecido Ocular pelos telefones (91) 3265-6759 e (91) 98886-8159 ou com a Central Estadual de Transplantes (CET), pelo número (91) 97400-6456.

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