Síndrome multissistêmica: Infectologista alerta sobre vacinação em crianças contra a Covid-19
Sespa aguarda a distribuição de novas vacinas para dar início a imunização desse público
O Pará irá vacinar crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. O anúncio foi feito pelo governador Helder Barbalho, em seu Twitter, no último sábado (25). "A vacina é segura, foi aprovada e nossas crianças precisam ser imunizadas", escreveu o governador. "Confiamos na ciência e vamos seguir respeitando o trabalho da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o posicionamento do Conass (Conselho Nacional de Secretarias de Saúde). Precisamos continuar salvando vidas", afirmou Helder.
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A Secretaria de Estado de Saúde Pública informou, na tarde deste domingo (26), que aguarda a distribuição de novas vacinas ao Estado, por parte do Ministério da Saúde, para dar início a vacinação desse público. A Redação Integrada de O Liberal também procurou saber o número de crianças, no Estado, nessa faixa etária. “Quanto ao levantamento, será necessário solicitar ao setor responsável que atua a partir desta segunda-feira”, acrescentou a Sespa.
O médico infectologista Lourival Marsola disse que há várias razões para que as crianças sejam vacinadas. “Apesar de nós termos as formas graves de covid menos frequente em crianças e adolescentes, existe, sim a possibilidade de que crianças e adolescentes, quando se infectam com a covid, possam evoluir para a forma grave, inclusive com morte. Temos algumas centenas no Brasil que morreram devido à covid e existem também complicações da doença a médio e longo prazo”, afirmou. Há um processo chamado de síndrome inflamatória multissistêmica em pediatria que ocorre após a covid. Trata-se de uma complicação bastante grave que acomete vários órgãos e que pode inclusive acarretar a morte da criança.
Lourival disse ainda que, durante 2020 e 2021, “houve milhares de internações de crianças acometidas pela doença. Precisamos lembrar que, nesses dois anos, a covid foi a doença que mais matou crianças nessas faixa etária, quando a gente se refere a doenças prevenidas por vacina”. E acrescentou: “Precisamos tê-las vacinadas para que a covid não seja a doença que mais mata crianças dentre aquelas doenças que são prevenidas por vacina”.
Vacinadas, crianças poderão voltar às salas de aula
Além disso, e imunizadas, as crianças poderão voltar às salas de aula. “Com elas vacinadas, nós teremos maior presença de crianças dentro de sala e uma maior possibilidade de compartilhar atividades coletivas, como esportes, gincanas, que, até o momento, foram suspensas justamente devido à não vacinação dessa faixa etária”, afirmou. Outro ponto importante destacado pelo infectologista: essas crianças representam a possibilidade de, uma vez infectadas, transmitirem a doença para outras pessoas. “Inclusive dentro da família como também nos ambientes que frequentam, como, por exemplo, a escola. É importante que estejam vacinadas para que não sirvam de vetores de transmissão da covid para outras pessoas”, afirmou.
Também é importante que os próprios pais estejam com a imunização completa (primeira e segunda doses), inclusive com a dose de reforço. “E é importante que, neste momento, quando a gente ainda tem uma variante circulando mais infecciosa, que as pessoas mantenham as boas práticas de utilização de máscara, evitem ambientes aglomerados e também façam a higienização das mãos”, afirmou.
Em relação à segurança dessa vacina, o médico infectologista Lourival Marsola disse que várias agências reguladoras da Europa, dos Estados Unidos e do Brasil - no caso a Anvisa - fizeram um levantamento e comprovaram que ela é segura para essa faixa etária. “E, depois de milhões de doses aplicadas nos Estados Unidos e em outros países, temos o relato, mesmo após o acompanhamento, de que não tem efeitos graves relacionados à vacina da Pfizer em crianças. A vacina para essa faixa etária é específica, com uma quantidade em ml menor e também com quantidade de RNA mensagem do vírus menor. E ela, inclusive, vem com uma identificação em cores diferentes para que não haja confusão na hora da utilização nessa faixa etária”, afirmou.
O casal Jonas Braga e Ozilene Fernandes passeava com seus filhos Yuri, 5, Tamyres, 11, e Tayná Fernandes, 9, pelo Parque do Utinga, na manhã deste domingo (26). Eles concordam com essa vacinação para as crianças. “Apesar de não ter muitos relatos das crianças terem contágio mais pesado da doença, acho importante que todos estejam vacinados. Temos que fechar esse ciclo”, disse Jonas. Ele teve covid em maio. “Só repouso. Fiquei de três a quatro dias sem paladar, dois dias de febre branda, calafrios. Só fui vacinado depois, em julho”, contou. “Se a gente não tivesse sido vacinado, não estaríamos aqui hoje”, completou Ozilene.
A administradora Alene Silva, 46 anos, que já tomou as duas doses da vacina, também passeava, no Parque do Utinga, com seus sobrinhos Kaliel Alberto, 10 anos, e Maria Luísa, 7. “É extremamente importante. Estamos em um momento de pandemia. Isso é uma prevenção, é extremamente necessário”, disse. “A gente apoia, sim, que seja feita a vacinação com as crianças, para que possam ter uma vida mais saudável”, completou. Alene teve covid, no auge da doença, no ano passado, e ficou, inclusive, com falta de ar.
Sobre a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica
A SIM-P é uma síndrome cujos sintomas mais frequentes são febre persistente, acompanhada de um conjunto de sintomas como pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos, comprometimento respiratório, entre outros. No Brasil, o quadro clínico foi denominado Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), adaptado do termo inglês Multisystem Inflammatory Syndrome in Children (MIS-C), utilizado pelo CDC - Centers for Disease Control and Prevention.
Ainda segundo a SBP, a SIM-P foi primeiramente descrita no Reino Unido, no continente Europeu, no início deste ano. Posteriormente, Espanha, França e Estados Unidos também registraram episódios similares. Mais recentemente ela chegou à América do Sul e ao Brasil.
“A SIM-P é multissistêmica, pois envolve ao menos dois órgãos e sistemas. Além de febre persistente, um amplo espectro de sintomas, muitos destes potencialmente graves, tem sido referido nos pacientes, entre eles estão alterações cardiovasculares, renais, respiratórias, hematológico, gastrointestinais, mucocutâneo e outras”, cita o documento.
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