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‘Profunda ignorância’, diz OAB-PA sobre falas de pastor que associou autismo à ‘visita do diabo’

A Ordem informou que está acompanhando as medidas tomadas pelas instituições jurídicas de defesa dos direitos das pessoas com deficiência

O Liberal

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará (OAB-PA), por meio de sua Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Autismo e da Comissão de Proteção aos Direitos das Pessoas com Deficiência, manifestou-se nesta quarta-feira (17) sobre as declarações polêmicas e desrespeitosas feitas pelo pastor Washington Almeida. Durante um evento em comemoração aos 90 anos da Assembleia de Deus, em Tucuruí, no sudeste paraense, Almeida associou o Transtorno do Espectro Autista (TEA) a influências demoníacas, conforme registrado em um vídeo que viralizou nas redes sociais.

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Em comunicado à imprensa, a OAB-PA expressou “grande indignação” diante das palavras do líder religioso.

“Tais declarações são inaceitáveis e demonstram uma profunda ignorância, desinformação e preconceito sobre a condição do espectro autista”, declarou a Ordem. A instituição enfatizou que o autismo é uma condição neurológica reconhecida pela comunidade médica e científica, devendo ser tratada com respeito, empatia e compreensão. “Atribuir características demoníacas a uma condição de saúde é não só desrespeitoso, mas também irresponsável e perigoso, pois perpetua a desinformação e o estigma social”, acrescentou.

A OAB-PA repudiou qualquer discurso que propague ódio, ignorância e discriminação contra pessoas autistas. A instituição destacou a importância de figuras públicas e líderes comunitários utilizarem suas plataformas para promover inclusão, respeito e conhecimento. “Reiteramos nosso compromisso com a luta por uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todas as pessoas, independentemente de suas condições de saúde, sejam tratadas com dignidade e respeito”, afirmou.

Além disso, a OAB-PA informou que está acompanhando as medidas tomadas pelas instituições jurídicas de defesa dos direitos das pessoas com deficiência e permanece à disposição para o diálogo e a construção de uma sociedade pautada na inclusão e nos direitos humanos.

Confira o discurso do pastor:

“De cada cem crianças que nascem, nós temos um percentual gigantesco d​e pessoas em ventres manipulados, visitados pela escuridão, que distorce. Ainda no ventre, as crianças hoje, de cada cem, nós temos aí quase 30% de autistas em vários graus. O que está acontecendo? O diabo está visitando os ventres das desprotegidas, daqueles que não têm a graça, a habilidade, a instrumentalidade para saber lidar no mundo espiritual”, disse ele.


Retratação nas redes sociais

O pastor Washington Almeida publicou um vídeo, em suas redes sociais, se retratando e pedindo perdão pelas declarações polêmicas e desrespeitosas sobre pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Em nenhum momento da minha vida, eu quis demonizar, fazer qualquer coisa que quisesse macular uma criança no ventre ou qualquer outra coisa”, disse. Afirmou, ainda, que a declaração ocorreu no  “no calor da mensagem”. “Enquanto a gente ministrava... o ser humano ele é fadado ao erro. E, infelizmente, eu fiz uma colocação que eu não deveria fazer. Mas esta jamais foi a minha intenção”.

“Até porque quem me conhece há mais de 32 anos viajando pelo mundo e todos os estados da federação brasileira tenho pregado em todos os lugares.Muitas mães de crianças especiais, também autistas, sempre estão orando comigo no período de oração. E a gente tem ajudado muitas pessoas. Agora jamais foi a minha intenção essa de causar um efeito colateral terrível de uma má colocação. E eu venho aqui me retratar e pedir a todos os autistas, mães de crianças autistas, pais, que me perdoem. Essa não é a minha índole. Me perdoem, em nome de Jesus”.

Pará