Ponte de rio Moju será entregue dia 5 de janeiro

Preocupação com segurança e problemas climáticos foram as causas de dois atrasos. Ponte está 90% concluída e retirada de entulhos em 80%.

Victor Furtado
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Após dois adiamentos de prazo, a obra da ponte sobre o rio Moju, na Alça Viária, será entregue no dia 5 de janeiro. A nova data foi anunciada, nesta quinta-feira (19), pelo titular da Secretaria de Estado de Transportes (Setran), Pádua Andrade. O último prazo dado seria 15 de dezembro, mas preocupações com a segurança dos trabalhadores e dificuldades com o clima da região demandaram mais tempo. A obra segue com 420 operários, em três turnos, 24 horas por dia e com zero acidentes de trabalho até agora.

Pádua avalia que 90% da ponte estão concluídos. Por isso, a liberação para tráfego de veículos ocorrerá primeiro. Quanto à retirada dos entulhos, liberando os dois novos canais de navegação, estão entre 75% e 80% concluídos. Essa operação só deve ser encerrada, aproximadamente, em 15 de janeiro.

"Obra sem problema é obra que não começou. Toda obra tem problemas. Mas o transtorno passa e a obra fica. Sabemos que mais de 1 milhão de pessoas usam a Alça todos os dias, mas o importante é entregar qualidade e com segurança", garantiu Pádua. Todos os trabalhadores terão os nomes inscritos em uma placa comemorativa e a ponte será batiza de ponte da União.

Apesar dos atrasos, o secretário afirma, com base em comentários do gestor da obra, o engenheiro Pedro Almeida — professor doutor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em pontes estaiadas —, que essa é obra mais rápida da América Latina. "Começamos em 10 de junho. A empresa deve passar mais 30 dias. Sete meses. Para uma obra desse nível de complexidade, é a mais rápida e tem chamado a atenção da comunidade de engenharia do país", declarou.

A correnteza do rio chega a 20 quilômetros por hora e muda de sentido durante alguns intervalos, o que levou à quebra de equipamentos usados para quebrar os blocos de entulhos. O nível das marés varia até quatro metros, para mais ou menos. A água da região é muito turva. Há chuvas fortes com frequência. E a navegação comercial não parou na área, pois a economia e o direito de ir e vir da população não poderiam ser prejudicados. Ainda há a movimentação das 12 balsas e seis guindastes dos trabalhos da ponte. Essas foram as justificativas para o atraso nas obras.

Quando concluída, a nova ponte sobre o rio Moju ficará muito parecia com a principal da Alça Viária, que fica sobre o rio Guamá. Os esteios permitem canais de navegação maiores, pois serão menos pilares. Antes, com todos os pilares, havia 68 metros de largura para navegação. Agora serão dois canais de 134 metros. Algumas das maiores embarcações, aponta Pádua, têm 20 metros de largura. O espaço é bem mais seguro. E os esteios diminuíram o tempo de trabalho.

Uma das preocupações para a nova ponte é ter sinalização. Quem estiver navegando, poderá avistar a pelo menos 300 metros de distância. O pilar principal de apoio terá proteção resistente a grandes impactos, chamados dolfins. Ainda assim, Pádua reforça a necessidade de as empresas treinarem quem conduz as embarcações. E pararem de economizar combustível ou navegarem à noite para escapar de fiscalizações.

"Quando ocorreu o sinistro com a ponte do rio Moju, era de noite. A embarcação não tinha autorização para navegar. Para economizar, o motor da embarcação estava desligado. Antes, apesar de ter 68 metros de largura e a balsa não chegar a 20 metros, havia uma curva por entre os pilares e ainda assim houve a colisão", comentou o secretário. Por sorte, não havia operários na manutenção da ponte, que estava ocorrendo na período em que o acidente ocorreu.

Por enquanto, o orçamento da obra segue o mesmo: R$ 104 milhões. Foi uma obra atípica, com contrato emergencial aprovado pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e Tribunal de Contas do Estado (TCE). Esse orçamento deve ser mantido até o final dos trabalhos, sem aditivos.

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