Perda de peso: ‘fórmulas milagrosas’ de emagrecimento podem ser perigosas, afirmam nutricionistas

No Pará, cerca de 26% da população possui algum grau de obesidade, como aponta o Ministério da Saúde

Fabyo Cruz

Cerca de 26% da população do Pará possui algum grau de obesidade, como aponta o Ministério da Saúde, sendo que 37,5% estão com excesso de peso e 25,9% estão em obesidade. A busca por um corpo saudável e bonito é o que motiva a indústria farmacêutica, em nível mundial, a correr para encontrar um medicamento que auxilia na perda de peso de forma mais sadia e segura, em comparação aos produtos atualmente disponíveis no mercado. Porém, especialistas da Universidade Federal do Pará (UFPA) destacam: não existe remédio ou fórmula mágica para emagrecer facilmente e de forma padronizada. Para isso, a discussão precisa ser sobre qualidade de vida, com prática de exercícios, sono regular e alimentação saudável.

Com tendência a engordar, a professora Sâmara Braga, 34 anos, moradora do bairro da Marambaia, em Belém, diz que sempre sofria com o efeito sanfona. Ela conta que nunca se alimentou, porém seu “maior erro” era ser compulsiva com a comida. “Se estava feliz comia, se estava triste comia, a comida era o refúgio para tudo. Com o tempo, fui percebendo que meu desempenho no dia a dia foi ficando cada vez pior e menos produtivo. Na pandemia, devido a muitas horas sentada, dando aulas online e comendo descontroladamente cheguei a pesar 110 kg. Isto resultou na piora da lombalgia e esporão calcâneo”, contou. 

image A professora Sâmara Braga, 34 anos, diz que sempre sofria com o efeito sanfona. Foi então que ela decidiu comprar uma bicicleta e se matriculou em uma academia (Ivan Duarte/O Liberal)

A educadora lembra que não conseguia brincar com seu filho, pois, em poucas horas, ficava ofegante ao caminhar e chorava com dores na lombar e nos pés. Foi então que ela decidiu comprar uma bicicleta e começou a pedalar. “Perdi peso e logo depois me matriculei em uma academia, acabei me apaixonei pela musculação. Fui fazendo os exercícios todos os dias, sem pressa e respeitei o processo. Pouco a pouco, fui vendo os resultados, que foi uma consequência da constância nos exercícios”, disse Sâmara. 

image A alimentação saudável foi fundamental para a educadora atingir o seu objetivo (Ivan Duarte/O Liberal)

Ela iniciou o processo em julho de 2021, e hoje está com 67 kg. “Inicialmente, diminuí as quantidades de comida e passei a me alimentar de três em três horas. Cheguei a procurar por uma nutricionista esportiva, que me indicou o uso da balança para pesar os alimentos e as quantidades necessárias para cada refeição. Os únicos vídeos que assisti, e ainda assisto, são de como executar os exercícios na academia de maneira correta. O mais importante de tudo, que todo mundo me pergunta, é que não passei fome, não tomei remédios e nem fiz dietas mirabolantes. Apenas me alimentei melhor e fiz academia todos os dias”, comentou. 

A ilusão das “soluções milagrosas”

A nutricionista Vanessa Vieira Lourenço Costa, professora doutora da faculdade de nutrição na Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que as “soluções milagrosas” podem causar deficiências nutricionais graves, ou até mesmo sobrecarga de alguns órgãos importantes. “Algumas têm apresentado resultados rápidos, porém, quando a pessoa para de fazer a dieta, o rebote no ganho de peso é muito maior, e muitas vezes, com repercussão metabólica graves, como:  dislipidemia, deficiências nutricionais e excesso de gordura corporal. E todos esses fatores aumentam riscos de muitas doenças”, afirmou.

O mais grave dessas práticas é que na maioria das vezes são realizadas sem acompanhamento com um nutricionista, diz Vanessa Costa. Ela explica que o nutricionista é o único profissional que pode elaborar um cardápio individualizado, a partir de uma avaliação, com objetivo de identificar o estado nutricional e, assim, reconhecer quais as necessidades alimentares do paciente, dessa forma, torna-se possível intervir adequadamente para a manutenção ou recuperação da saúde. 

“As recomendações nutricionais são feitas através de planos alimentares flexíveis, onde as quantidades de nutrientes são calculadas individualmente e os hábitos e preferências alimentares são levados em consideração. O acompanhamento com um nutricionista é importante para uma adequada alimentação e para fornecer sugestões e opções alimentares. A aderência a dieta nutricionalmente balanceada é essencial para manter a saúde física e mental do paciente, garantir o consumo alimentar adequado e prevenir deficiências nutricionais, além de promover uma perda de peso saudável e bem sucedida para vida toda”, explicou. 

Uso de medicamentos

Fernando Faro, professor da faculdade de nutrição da UFPA e nutricionista clínico do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), afirma que os medicamentos podem e devem ser usados a critério médico para auxiliar no controle do apetite, equilíbrio hormonal e emagrecimento. Contudo, os comportamentos alimentares disfuncionais são causa determinante para obesidade, o uso dos remédios terão uso limitado sem a mudança dos hábitos alimentares.

“Não existe fórmula mágica para emagrecer porque a obesidade é causada por inúmeros fatores interrelacionados: biológicos (genética, epigenética e hormonal, por exemplo), antropológicos, sociais, financeiros, psicológicos e alimentares. É preciso compreender tal interação para identificar qual ou quais fatores contribuem para a manutenção do excesso de gordura corporal. É conhecido que, na maioria dos casos de obesidade, as pessoas escolhem um estilo de vida sedentário e mantém comportamentos alimentares disfuncionais. Comportamentos alimentares disfuncionais incluem todos os hábitos alimentares que nos constituem como seres humanos desde o nascimento”, afirmou.

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