Pastor faz retratação após fala polêmica sobre autistas: 'o ser humano é fadado ao erro’

Em vídeo divulgado em suas redes sociais, o pastor Washington Almeida se retratou por dizer que autismo é ‘visita do diabo no ventre das desprotegidas’

Dilson Pimentel
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O pastor Washington Almeida publicou um vídeo, em suas redes sociais, se retratando e pedindo perdão pelas declarações polêmicas e desrespeitosas sobre pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Na gravação que causou muita repercussão, feita enquanto o líder religioso discursava para dezenas de pessoas, ouve-se a seguinte argumentação: “De cada cem crianças que nascem, nós temos um percentual gigantesco de pessoas em ventres manipulados, visitados pela escuridão, que distorce. Ainda no ventre, as crianças hoje, de cada cem, nós temos aí quase 30% de autistas em vários graus. O que está acontecendo? O diabo está visitando os ventres das desprotegidas, daqueles que não têm a graça, a habilidade, a instrumentalidade para saber lidar no mundo espiritual”.

Na retratação, o pastor afirmou o seguinte: “Em nenhum momento da minha vida, eu quis demonizar, fazer qualquer coisa que quisesse macular uma criança no ventre ou qualquer outra coisa”. E disse que a declaração ocorreu no  “no calor da mensagem”. “Enquanto a gente ministrava... o ser humano ele é fadado ao erro. E, infelizmente, eu fiz uma colocação que eu não deveria fazer. Mas esta jamais foi a minha intenção”.

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“Até porque quem me conhece há mais de 32 anos viajando pelo mundo e todos os estados da federação brasileira tenho pregado em todos os lugares.Muitas mães de crianças especiais, também autistas, sempre estão orando comigo no período de oração. E a gente tem ajudado muitas pessoas. Agora jamais foi a minha intenção essa de causar um efeito colateral terrível de uma má colocação. E eu venho aqui me retratar e pedir a todos os autistas, mães de crianças autistas, pais, que me perdoem. Essa não é a minha índole. Me perdoem, em nome de Jesus”.

O vídeo que causou muita repercussão começou a circular nas redes sociais nesta terça-feira (16) e mostrou o pastor, de Tucuruí, no sudeste do Pará, fazendo declarações polêmicas. Para o advogado paraense Filipe Silveira, as falas do pastor, apesar de erradas, não constituem um crime. “A prática de induzir ou incitar a discriminação exige a atribuição dessa prática a uma pessoa determinada e não num discurso generalizante. Então um discurso generalizante como esse não está direcionado para uma pessoa específica ou para um grupo específico de pessoas, embora seja errado, não teria como você caracterizar o crime”, diz o especialista, que não acredta que o discurso do pastor estimule outras pessoas a cometerem crimes contra pessoas com autismo.

"Para que eu possa exercer com liberdade a minha religião eu também tenho que ter o direito de falar sobre ela. Ainda que falar sobre ela implique tocar em alguns assuntos sensíveis. Então existem decisões jurídicas sobre isso, tanto no Brasil quanto no plano internacional, que mostram que um pastor quando fala sobre a religião, por mais que ele toque num assunto sensível, ele está exercendo um direito humano e um direito constitucional da liberdade religiosa. Seria diferente se na palestra o pastor incitasse a prática de violência contra determinada pessoa ou grupo. Apesar de ser um discurso politicamente incorreto,ele não está incitando que os crentes promovam violência contra essas pessoas que carregam essa doença”, diz o advogado.

 

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