Pará registrou, no ano passado, 4.292 casos de tuberculose

E a doença matou 246 pessoas. A faixa etária mais cometida é aquela em idade produtiva

O Liberal
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Em 2020, foram registrados 4.292 casos de tuberculose e 246 óbitos causados pela doença, no Pará. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde Pública. As informações sobre 2021 só estarão disponíveis no término desse ano. Ainda segundo a Sespa, atualmente a cobertura vacinal de BCG ((que protege contra a tuberculose) no Pará é de 52,29%. O ideal seria 90% de cobertura vacinal.  

A faixa etária mais acometida pela tuberculose é aquela em idade produtiva, situação que complica mais ainda, pois são pessoas que acabam passando períodos sem trabalhar ou produzir em decorrência da doença. A Sespa informou, ainda, que o tratamento da tuberculose acontece em todas as unidades municipais de saúde e a Estratégia Saúde da Família faz o tratamento e o acompanhamento da doença. “No entanto, nos casos da tuberculose resistente aos medicamentos, os pacientes são encaminhados ao Hospital Barros Barreto, em Belém”, afirmou.

O Dia Nacional de Combate à Tuberculose foi celebrado no dia 17 deste mês, um importante momento para alertar a população acerca dos perigos da doença e as melhores medidas de prevenção, principalmente sobre a principal maneira de prevenir a tuberculose, que é com a vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin). E, durante o programa Panorama Liberal, apresentado pelo jornalista Celso Freire, na rádio Liberal AM, foi entrevistado o médico pneumologista do hospital Hapvida Walter Netto, para explicar sobre a causa da doença, uma bactéria chamada bacilo de Koch que ataca principalmente os pulmões.

Transmissão pode ocorrer pelo ar, de pessoa para pessoa, pela respiração de gotículas infectadas

A tuberculose ainda é uma doença muito presente no Brasil, sobretudo no Pará. É uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch que entra no organismo por meio das vias aéreas superiores e se aloja nos pulmões ou em outras partes do corpo. A transmissão pode acontecer pelo ar, de pessoa para pessoa, através da respiração de gotículas infectadas, que podem ser liberadas pela tosse, espirro ou fala. Ainda segundo o médico Walter Netto, os sintomas da tuberculose pulmonar estão principalmente relacionados com o desenvolvimento da bactéria nos pulmões, podendo haver tosse seca, persistente, com ou sem sangue, perda de peso, dor no peito ao tossir, e dificuldade respiratória, e episódios de febre, predominantemente vespertina. Uma febre que ocorre no período final da tarde, disse o médico Walter Netto.

Com os sintomas respiratórios são frequentes, é possível que a doença seja confundida com outras doenças respiratórias, como pneumonia e covid-19. “No entanto, quando a bactéria se desenvolve em outros órgãos, é possível que surjam outros sintomas de acordo com o local de acometimento”, disse. A tuberculose pulmonar é a forma mais comum da doença, mas podemos ter também tuberculose miliar, assim com outras formas de acordo com o órgão afetado, tais como pleural, óssea. E até mesmo uma forma que afeta os olhos.

No Brasil, o grupo dos 20 aos 49 anos é o mais atingido pela tuberculose

Para o diagnóstico da tuberculose pulmonar, são utilizados exames bacteriológicos, a partir da análise do escarro do paciente, o teste rápido molecular e a cultura para micobactéria. O tratamento dura, no mínimo, seis meses. É gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde. O médico explicou que a vacina BCG ofertada pelo SUS protege a criança das formas mais graves da doença. A vacina está disponível nas salas de vacinação das unidades básicas de saúde e maternidades. Essa vacina deve ser dada às crianças ao nascer ou no máximo antes dos cinco anos de idade.

No Brasil, o grupo dos 20 aos 49 anos é o mais atingido pela tuberculose. Além dos fatores relacionados ao sistema imunológico de cada pessoa, e a exposição ao bacilo, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado às condições precárias de vida. Assim, alguns grupos populacionais podem apresentar situações de maior vulnerabilidade: indígenas, privados de liberdade, pessoas com HIV Aids ou pacientes oncológicos. E, também, as pessoas em situação de rua.

O Brasil está entre os 30 países com mais casos de tuberculose, os quais são priorizados pela Organização Mundial de Saúde. É que, juntos, eles correspondem a mais de 90% da carga da doença global da doença. No Pará, as condições sociais e econômicas contribuem para a ocorrência da doença. É que muitas pessoas habitam o mesmo espaço de moradia, sem ventilação adequada. Além de uma população com um nível de instrução muitas vezes deficiente, o que prejudica procurar atendimento médico adequado e favorece a proliferação da doença por um tempo ainda maior que em outros países mais desenvolvidos.

O Pará apresentou a média anual de 4.166 casos novos de tuberculose, uma taxa de incidência média de 48,89%. Nos últimos cinco anos, essa taxa de incidência vem apresentando uma tendência de elevação. Mas, em 2020, apresentou uma queda, que pode estar associada à pandemia, que limitou o acesso das pessoas aos serviços de saúde e, também, as atividades desenvolvidas pelos profissionais de saúde que atuam na linha de frente para o combate à doença, acrescentou o médico Walter Netto.

 

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