Pará registrou mais de 70 mil afastamentos de trabalhadores por razões de saúde em 2024

Problemas de coluna estão entre as principais causas

Camila Guimarães
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Em 2024, 70.637 benefícios por incapacidade temporária foram concedidos no Pará, segundo dados do Ministério da Previdência Social (MPS). Desse montante, mais de 10 mil causados por problemas que afetam a coluna vertebral. A expressividade desses casos, na avaliação do fisioterapeuta Raphael Torres, pode ser reflexo de esforços repetitivos, excesso de movimentação, posturas inadequadas, e até mesmo estresse e fatores psicossociais. É o caso da técnica em enfermagem, Jociane Costa, de 52 anos,  que já precisou se afastar do trabalho por problemas na coluna.

Atuando na área há mais de 20 anos, Jociane conta que os primeiros sintomas começaram a aparecer com seis anos de carreira, de forma mais intensa. “Eles se relacionam com a minha atividade laboral, devido estar muito tempo em pé, carregando peso acima das minhas mediadas corporais, como dar banho leito em pacientes, transporte e remoção de pacientes. Com isso passei a ter dores que limitavam meus movimentos de sentar, andar e carregar”, ela conta.

Hoje em dia, a técnica de enfermagem coleciona lesões na coluna: abaulamento de disco, desidratação de disco nas vértebras L5-S1 e Nódulo de Schmorl (um tipo de hérnia de disco). “Isso me levou a afastamento devido a mobilidade reduzida de movimentos, como andar. Eu sinto dores da região lombar e cervical,  com dificuldade de movimentação de braços  e pernas, formigamento e cãimbras, perda de força nos braços,  no meu braços esquerdo é maior a perda de força”, detalha.

Ainda de acordo com os dados do MPS, a maior parte dos benefícios concedidos em 2024 no Pará correspondem aos afastamentos ocasionados por transtornos de discos intervertebrais, condição que afeta os discos que separam as vértebras da coluna - foram, no total, 5.084 casos. O fisioterapeuta Raphael Torres explica que esses não são problemas que surgem de uma hora para outra:

“A lesão vai acumulando e se difundindo. O corpo fala através da dor, então, o indivíduo, hoje, sente uma dor, ele toma um medicamento e vai postergando esse tratamento até chegar em um determinado momento que não aguenta mais e terá que ser afastado da sua atividade laboral”, explica o fisioterapeuta.

Ainda conforme os números divulgados pelo MPS, a segunda maior causa de afastamentos no estado fica por conta de condições de dorsalgia, com 5.024 casos, que diz respeito a dores na região dorsal da coluna vertebral. Seguida por fraturas de perna (3.059), incluindo o tornozelo, e transtornos ansiosos (2.280). O comportamento do estado corresponde ao balanço do país, que totaliza 383.763 benefícios concedidos, apenas com os casos envolvendo causas relacionadas à coluna.

O profissional da saúde defende a prevenção como o melhor mecanismo para lidar com a incidência desses casos no último ano. Para ele, isso resolveria os excessos e repetições a que os profissionais podem estar sujeitos, e que os levam ao afastamento. “A empresa tem que procurar um fisioterapeuta, fazer um trabalho de ergonomia, solicitar que um fisioterapeuta vá nessa empresa, fazer um estudo desse ambiente de trabalho, o que muitas vezes é mais barato para a empresa do que mudar o seu mobiliário ou ter que contratar um outro profissional para desempenhar aquela função”, afirma.

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