Pará é um dos estados com a maior incidência de câncer de pênis do Brasil
Tipo de câncer gera quase 600 amputações por ano em todo o Brasil
![fonte](/img/ic-fonte.png)
O Pará é um dos Estados com a maior incidência de câncer de pênis do Brasil, ao lado do Maranhão. Esse tipo de câncer, que pode ser prevenido, quando não tratado pode resultar em casos mais graves e até na amputação do órgão genital masculino. Dados do Ministério da Saúde compilados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontam que o Brasil registra quase 600 amputações de pênis a cada ano.
“O Pará e o Maranhão são os estados com a maior incidência de câncer de pênis no Brasil. Isso denota realmente um grande objetivo de combater essa doença que pode ser prevenível. Por diversas vezes já foram feitas campanhas nacionais e regionais pela Sociedade Brasileira de Urologia, tanto nacional quanto da Seção Pará, para tentar orientar e prevenir esse tipo de doença”, diz o urologista Charles Villacorta, que é doutor em urologia, membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e de outras instituições.
VEJA MAIS
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), somente em 2024 foram realizadas 25 penectomias, que são as remoções totais ou parciais do pênis. As estatísticas mostram que a incidência mais grave da doença tem se mantido em números muito próximos nos dois últimos anos, já que em 2023 foram registradas 26 amputações.
O Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) registrou cinco casos de amputação de pênis por câncer em 2023, três em 2024 e nenhuma até o momento, em 2025. Já o Hospital Ophir Loyola (HOL) realizou 21 penectomias em 2023 e 22 em 2024.
Atualmente, o tratamento em alta complexidade de câncer de pênis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Pará é oferecido pelo HOL, em Belém, e, na região oeste do estado, em Santarém, pelo Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA). A Sespa ressalta que as ações de prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como é o caso do câncer, devem ser desenvolvidas pela Rede Básica de Saúde.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta que o câncer de pênis é o principal motivo dos casos de amputação. Embora evitável com medidas simples, como higiene adequada e vacinação contra o HPV, a doença ainda é um desafio para o sistema de saúde.
A SBU aponta que de 2015 até os últimos meses de 2024 foram registradas 5.851 amputações do órgão, uma média de 580 a cada ano. Naquele mesmo período, foram 22.212 internações por câncer de pênis, média de 2,2 mil a cada ano. As mortes causadas pela doença chegaram a 4.502, aproximadamente 450 por ano.
“Parece uma coisa simples, entretanto, pacientes do interior e zonas rurais podem evoluir com uma fimose, que impede a exposição do pênis e dificulta a higiene adequada. Então, o homem passa anos sem conseguir limpar a glande e isso favorece a proliferação de tumores”, explica Villacorta.
As orientações para evitar o câncer e também perder o pênis são simples, como a higiene adequada do membro com água e sabão puxando o prepúcio, lavagem da região íntima após as relações sexuais, vacinação contra o HPV - que está disponível no SUS para a população de 9 a 14 anos e homens com baixa imunidade (imunossuprimidos) até os 45 anos -, cirurgia de correção nos casos de fimose (postectomia) e uso de preservativo para evitar Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
O urologista Charles Villacorta enfatiza como importantíssima a higiene íntima masculina para prevenir o mal. “Como o câncer de pênis tem uma relação direta com a questão da higiene, então a melhor forma de evitar esse tipo de problema é mantendo o pênis limpo”, assegura. Outra causa para esse tipo de câncer é a atividade de zoofilia, ou seja, relações sexuais com animais, que ainda podem ocorrer em zonas rurais do estado.
Outro inimigo é o vírus HPV (papilomavírus humano) do qual o homem pode ser portador e vetor de transmissão para a mulher. A vacinação masculina é uma importante forma de prevenção, que evita desde as doenças sexualmente transmissíveis até o câncer de pênis e o câncer de colo do útero das mulheres.
“O homem precisa passar anualmente com o seu médico urologista de confiança para fazer os exames adequados, tanto do rastreamento do câncer de próstata, como a avaliação dos testículos e todos os pontos relacionados à parte sexual, além, é claro, dos outros aspectos clínicos gerais, como coração, pulmão, e assim por diante”, destaca Villacorta.
A sociedade médica realiza ao longo do mês de fevereiro a quinta edição da Campanha de Prevenção ao Câncer de Pênis para conscientizar sobre a prevenção e tratamento precoce da doença. Médicos da entidade também vão esclarecer dúvidas sobre o assunto nas redes sociais (@portaldaurologia).
A maior incidência do câncer de pênis costuma ocorrer em homens a partir dos 50 anos, embora a doença também possa acometer os mais jovens. Os sinais mais comuns são feridas que não cicatrizam, sangramento sob o prepúcio, secreção com forte odor, espessamento ou mudança de cor na pele da glande (cabeça do pênis) e presença de nódulos na virilha.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA