O Liberal: um legado que se renova todos os dias
Historiador comenta pontos importantes da trajetória de O Liberal que o tornaram o maior jornal do Norte do país
‘Renovação’ e ‘legado’ são duas palavras que definem a trajetória do jornal O Liberal nestes 76 anos de existência. Um jornal que mantém, equilibradas, as características de busca por inovação, sempre atento às tendências da contemporaneidade, e de preservação do fazer jornalístico sério, comprometido com a abordagem dos assuntos de maior interesse público – o que revolucionou o modo de fazer imprensa no Pará, a partir do momento em que passou a operar sob o olhar visionário e o tino empresarial do responsável pela sua consolidação, o empresário Romulo Maiorana, na década de 1966.
Naquele ano, quando Romulo Maiorana comprou O Liberal do engenheiro Ocyr Proença, o jornal dava os últimos suspiros da sua primeira existência, – que começou ainda em 1946, como um periódico instrumental, braço político do então senador do Pará, Magalhães Barata – e dava início ao processo de mudanças que o tornaria o principal jornal da região do Norte do país, conforme relembra o historiador Geraldo Mártires Coelho:
“Os jornais no Pará sempre tiveram esse papel de estar atrelado às figuras políticas, desde o primeiro impresso que circulou no Estado, em 1822, que foi O Paraense. Essa característica chegou ao século XX. Nós vimos isso nos principais periódicos da época, como a Folha do Norte, atrelado à figura do Zacarias de Assunção, e em O Liberal, em defesa do Magalhães Barata. Mas depois, já à época da compra do jornal pelo Romulo Maiorana, o cenário era diferente. Ele foi se tornando um jornal do cotidiano da sociedade”.
Romulo Maiorana consolida o jornal em 1966 como inovação na imprensa paraense
O historiador destaca uma mudança fundamental para a transformação do impresso em algo menos político e mais propriamente jornalístico: a instalação da redação de O Liberal no prédio do extinto jornal Folha do Norte, na rua Gaspar Viana, em Belém, em 1968. O Folha do Norte havia sido o segundo periódico de mais longa duração no estado, funcionando de 1896 a 1974, no entanto, à época da ascensão do jornal O Liberal, suas folhas já não tinham o mesmo vigor:
“O Liberal funcionava em um pequeno prédio que ficava em frente à Polícia, perto do colégio Santo Antônio e, de lá, ele partiu para a instalação da Folha do Norte. Isso já corresponde ao período de crescimento e desenvolvimento do jornal O Liberal. Nessa época, a Folha já tinha uma publicação deficiente e acabou se silenciando. Foi quando começou, de fato, a época de afirmação dO Liberal”, comenta Mártires Coelho.
A melhoria e maior estruturação dO Liberal não se restringiu à mudança para um novo prédio. O historiador conta que a atenção que Romulo Maiorana deu à implementação de novas tecnologias foi significativa para destacar o jornal na cidade e afirmá-lo como um veículo de forte presença. Sobre isso, ele destaca a adoção do sistema offset, ou impressão a frio, que mudou a forma como as folhas eram impressas, deixando de ter acúmulo de tinta no papel, que sujava as mãos dos leitores. A tecnologia revolucionou o jornal impresso na cidade.
“A inovação tecnológica teve, evidentemente, um impacto muito grande na população porque era um jornal moderno, com uma tecnologia fabril, que não tem mais o sujo nas mãos como os velhos jornais. A partir daí a gente vê que o jornal começa a ganhar uma dimensão publicitária muito grande, uma aceitação social também muito grande, no que diz respeito ao ganho de público e, consequentemente a isso, o Romulo vai afirmando o seu empreendimento empresarial”.
O Liberal era visto como símbolo de excelência nos lcoais em que circulou fora do Pará
Geraldo Mártires Coelho diz que não é possível avaliar a posição de O Liberal em âmbito nacional ao longo da sua história, mas ele comenta que, nos locais em que chegou a circular, fora do Pará, sua reputação já era conhecida nos termos da inovação e do jornalismo propriamente dito:
“A penetração do O Liberal nos outros estados brasileiros não era muito grande, mas, onde o jornal chegava, mesmo que episodicamente, ele era reconhecido como um jornal moderno, com técnicas modernas, impressão moderna e com um corpo jornalístico bem definido e organizado”, descreve.
Esse legado permaneceu e veio se renovando com o passar das décadas, caminhando com o tempo e as novas tecnologias, o que acabou se tornando uma marca do jornalismo de O Liberal até hoje: “Hoje nós vivemos no Facebook, no Whatsapp e nas mídias de maneira geral, que têm um alcance muito grande, mas ainda permanece também o jornalismo tradicional, porque há uma cultura brasileira que é a leitura do jornal e também pelo componente empresarial que o jornal carrega até hoje”.
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