No Pará, pandemia da covid-19 resulta na queda da procura por vacinação para outras doenças
O destaque está na imunização contra o HPV para meninas, a partir de nove anos, com apenas 12,88% de cobertura vacinal
No Pará, uma das consequência da pandemia da covid-19, que se estende no Brasil e no mundo há mais de um ano, é a baixa procura pelas salas de vacinação para a imunização de outras doenças. O destaque nas quedas está na imunização contra o HPV (vírus do papiloma humano) para meninas, a qual alcançou apenas 12,88% de cobertura vacinal. A vacina protege também os meninos, a partir de nove anos, no combate ao câncer.
Outra razão que justifica a queda da imunização no Pará é a circulação de fake news (notícias falsas) sobre a vacinação, segundo também destaca a Secretaria de Saúde do Estado (Sespa). “A baixa procura pelas vacinas se deu devido alguns fatores, como a pandemia da covid-19, uma vez que muitas salas de vacinas são localizadas longe das comunidades nos bairros. E ainda o aumento de fake news. O número de pessoas vacinadas contra outras doenças está abaixo do esperado, tendo em vista que o indicador de vacinação é 95% da população”, explica o órgão estadual.
Em 2020, a vacina Triviral, que protege contra o sarampo, a caxumba e rubéola, foi a mais procurada no Estado e atingiu cobertura vacinal de 65,49%. Ainda segundo o Departamento de Epidemiologia da Sespa, em 2020, os índices de vacinação foram: Poliomielite, com 56.679 crianças menores de um ano vacinadas; Pentavalente tendo 61.671 crianças menores de um ano vacinadas; Pneumocócica 10 Valente, com 43.435 crianças menores de um ano vacinadas.
Além da Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola), obtendo 85.275 crianças de um ano vacinadas; HPV, com 26.428 meninas de 10 anos; HPV, alcançando 36.976 meninas de 11 anos; HPV, sendo 43.593 meninas de 12 anos; HPV, com 43.978 meninas de 13 anos e HPV, chegando a 41.549 meninas de 14 anos.
Em relação aos adultos, estão disponíveis vacinas dTpa, que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche. Às gestantes a vacinação com dTpa atingiu 62.880 vacinadas.
No momento, o sarampo é a prioridade à vacinação no Pará
Contudo, a Sespa declara que “não há apenas uma doença preocupante, mas que todas as vacinas com baixa cobertura são prejudiciais à população”. No entanto, no momento, para a Secretaria, o sarampo se encontra como prioridade, pois há a necessidade de eliminar o surto da doença no Estado.
Segundo consta no primeiro Boletim Epidemiológico do Sarampo do ano 2021, divulgado em 26 de janeiro, o Pará fechou o ano de 2020 com 5.263 casos confirmados da doença. Assim, o Estado continua em primeiro lugar no ranking nacional, sendo responsável por 64,6% dos casos confirmados em todo o país.
Mesmo com a realização da Campanha de Vacinação contra a Covid-19, que acontece desde janeiro de 2021 e está suspensa devido à falta do envio de vacinas pelo Ministério da Saúde, em relação ao calendário de vacinação de 2020, a Secretaria informa que as Unidades de Saúde estão retornando a rotina de vacinação das outras doenças de maneira contínua e gradativa, para chegar à meta de 95%.
“As equipes estão mobilizadas na vacinação contra o covid-19, mas é necessário alcançar pelo menos 95% de cobertura vacinal nas demais doenças”.
Por fim, a Sespa afirma que, neste momento, seguem disponíveis nas salas dos municípios as vacinas contra o sarampo, a covid-19 e a influenza, e que a população deve buscar a imunização contra essas doenças.
A vacina contra o sarampo segue disponível à população em geral, e não somente às pessoas entre 20 e 49 anos, ao longo de todo o ano nas salas de vacinação.
Influenza
Já a Campanha de Vacinação contra a Gripe Influenza segue o calendário nacional e iniciou dia 12 de abril. Ela protege contra os vírus Influenza A/H1N1, Influenza A/H3N2 e Influenza B e ocorre em três etapas envolvendo diversos públicos prioritários.
No Pará, nesta primeira etapa, até dia 10 de maio, a meta é vacinar 207.507 crianças, de seis meses a um ano de idade, que devem tomar duas doses do imunizante com intervalo de 30 dias entre elas.
Segundo a Sespa, neste primeiro momento, o Pará recebeu 321 mil doses da vacina. Para alcançar a meta da Campanha de Vacinação, a Secretaria orienta os municípios a adotarem estratégias diferenciadas em busca da população alvo da campanha, ajudando o Pará alcançar a cobertura vacinal de pelo menos 90% da meta.
As vacinas contra o sarampo e a influenza estão disponíveis nas salas de vacinação das Unidades de Saúde dos 144 municípios paraenses, de acordo com horário local. Para receber a imunização, é importante levar a Caderneta de Vacinação.
Doutora explica que vacinas são seguras
Helem Ribeiro, professora de Imunologia Clínica e coordenadora do curso de Biomedicina em uma universidade particular, em Belém, explica que as vacinas são seguras. "O desenvolvimento de vacinas dura, em média, 15 anos, e a vigilância sobre os efeitos colaterais ocasionados por elas não param nunca. As vacinas já evitaram quantidade inimaginável de mortes no mundo e ainda são a melhor forma que temos para nos protegermos de doenças infectocontagiosas. Então, é importante cumprir o calendário vacinal no tempo correto”, orienta.
Se houver algum efeito colateral, não precisa a pessoa se preocupar, pois é considerado normal e alerta sobre as notícias falsas que circulam visando prejudicar a sociedade. "É comum sentir efeitos leves. Se for injetável, pode ficar um pouco quente e dolorido, o que é comum em bebês. Mas isso quer dizer que o sistema imunológico está sendo estimulado e que a vacina está funcionando. A vacina não vai causar a doença que ela tenta proteger nem causar autismo. Circulam essas notícias falsas, mas não existe nenhuma relação entre vacina e autismo. Se a febre for alta e o quadro não se o quadro não se resolver em poucos dias, é preciso buscar atendimento médico", orienta a professora de Imunologia Clínica.
Onde se vacinar?
As vacinas são enviadas pelo Ministério da Saúde ao Pará e distribuídas pela Sespa para as Secretarias Municipais de Saúde.
Para se imunizar, as pessoas devem apresentar a Carteira de Vacinação e documento de identificação nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), espalhadas pelos 144 municípios paraenses.
Em Belém, capital paraense, todas as vacinas estão disponíveis nas salas de vacinação do município, dentro das Unidades Básicas de Saúde, de segunda a sexta, das 8h às 17h.
Ao procurar uma unidade, é obrigatório o uso de máscaras e é fundamental respeitar as medidas de distanciamento entre pessoas e de higienização das mãos.
Calendário de Vacinação 2020
Criança e adolescentes, desde o nascimento até 19 anos de idade
Vacinas e idades:
BCG ID - Ao nascer
Hepatite B - Ao nascer, aos dois, quatro e seis meses de idade
Adolescentes não vacinados deverão receber três doses
Rotavírus - Aos dois e quatro meses
DTP/DTPa - Aos dois, quatro, seis e quinze meses, e de quatro a seis anos
dT/dTpa – de treze aos quinze anos
Hib - Aos dois, quatro, seis e quinze meses
VIP/VOP - Aos dois, quatro, seis e quinze meses, e de quatro a seis anos
Pneumocócica conjugada - Aos dois, quatro, seis e doze meses
Meningocócica C e A, C,W,Y conjugadas - Aos três, cinco, doze meses; de quatro a seis anos, aos onze e doze anos e aos dezesseis anos
Meningocócica B recombinante - Aos três, cinco e doze meses
Adolescentes não vacinados deverão receber duas doses
Influenza – A partir dos seis meses de idade
SCR/Varicela/SCRV - Aos doze e reforço entre quinze meses e quatro anos
Adolescentes não vacinados deverão receber duas doses de ambas as vacinas
Hepatite A - Aos doze e dezoito meses
Adolescentes não vacinados deverão receber duas doses
HPV - Meninos e Meninas, a partir dos nove anos
Febre amarela - A partir dos nove meses de idade e um reforço aos quatro anos
Uma dose para os não vacinados previamente
Dengue - Para crianças e adolescentes a partir dos nove anos de idade com infecção prévia comprovada.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP.
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