MENU

BUSCA

Modal hidroviário pode ser a ligação da Amazônia ao país e ao mundo, na COP 30

A experiência da Praticagem aborda a importância deste modal para a economia do Estado e como alternativa para alguns entraves enfrentados por Belém para receber um evento da magnitude de uma COP

O Liberal

Na Amazônia, que abriga a maior biodiversidade do planeta, a maior floresta tropical do mundo, 20% da disponibilidade mundial de água, está Belém, sede da COP 30, uma das maiores conferências sobre o clima no mundo. O evento reforça a importância estratégica da região e reforça a urgência de discussões sobre o desenvolvimento sustentável. Neste cenário, a navegação é essencial, conectando comunidades, apoiando o comércio e sendo o elo da Amazônia ao país e ao mundo.

VEJA MAIS

Aeroporto de Belém quase dobrará sua capacidade de passageiros após obras de modernização
Com previsão de entrega para setembro do ano que vem, as intervenções buscam ampliar áreas do terminal e melhorar infraestrutura

CNseg inaugura 'Casa do Seguro' para discutir mercado e clima na COP 30 em Belém
O espaço pretende ser um ponto estratégico para discutir o papel do mercado segurador na agenda climática

O transporte hidroviário faz parte da dinâmica da vida e da economia na Amazônia. Somente as principais hidrovias da região – rio Tocantins e rio Pará – são mais de 2 mil km de vias navegáveis. Nos últimos 10 anos, o transporte hidroviário representou uma injeção na economia do Pará de cerca de 7 bilhões de dólares, passando de 14 bilhões em 2014, para 21 bilhões em 2022, representando 3% de superávit na balança comercial brasileira, além de ser o modal com mais baixa emissão de carbono. Estima-se que o setor de transportes seja responsável por 14% do total de emissões globais de dióxido de carbono (IPCC). A matriz de transportes brasileira ainda tem forte tendência rodoviarista, com 52% da carga movimentada, enquanto apenas 5% são transportados pelo modo hidroviário. De acordo com o Instituto de Tecnologia da UFPA, trafegam pelas hidrovias aproximadamente 4 milhões de toneladas de cargas.

O Estado do Pará é a porta de entrada dos países que fazem fronteira com a região Amazônica. Diversos projetos de exportação de grãos, minerais e importação de gás estão sendo implantados na região, devido a sua localização privilegiada. O destaque é o Porto de Vila do Conde, parte do Complexo Portuário de Barcarena – CPB, envolvendo, também, municípios vizinhos. É o terceiro porto em economia e operação do Brasil, perdendo apenas para os portos de Santos, em São Paulo, e Paranaguá, no Paraná. Contudo, a cadeia da infraestrutura e logística enfrenta um grande gargalo que é a falta de investimentos em projetos estratégicos para aumentar essa capacidade de escoamento. Em outras partes do mundo o desenvolvimento hidroviário ocorreu por meio de investimento estratégico tendo como base três pilares principais: dragagem, sinalização e eclusas.

Para a COP 30, a Barra do Pará, em parceria com o Governo do Estado, UFPA, Marinha do Brasil e Companhia Docas do Pará - CDP, vem contribuindo para o projeto de dragagem no Porto Organizado de Belém, o que inclui os Terminais Petroquímico de Miramar e Portuário de Outeiro. O projeto prevê a dragagem de um volume de aproximadamente 6,5 milhões de metros cúbicos, como parte da preparação da capital paraense para o evento, que será realizado em novembro de 2025. De acordo com o Prático Luiz Veloso, presidente da Barra do Pará, “a praticagem vem prestando um serviço de assessoria técnica para os players citados, visando a execução do serviço de dragagem, que vai possibilitar que transatlânticos aportem aqui durante a COP. Auxiliamos no estudo sobre o comportamento da maré, o comportamento da corrente, profundidade, análise de risco e simulação”.

A expectativa de ancoragem dos transatlânticos visa possibilitar os leitos necessários para hospedar as cerca de 70 mil pessoas que devem estar em Belém (PA) para a COP 30. O Governo Federal estuda contratar dois navios de cruzeiro, pelo menos, para ficar ancorados em frente a Belém servindo de hospedagem. A ideia é que os dois navios juntos ofereçam 4.500 leitos aos participantes da conferência. Para isso, será fundamental o processo de dragagem, seguido de manutenções regulares. "O projeto do novo canal de acesso será importante para além da COP, pois tornará o porto de Belém habilitado a receber navios de passageiros, incrementando o turismo da nossa capital, mas se a manutenção nessa dragagem não for constante, corremos o risco do Porto voltar ao calado anterior", afirma Luiz Veloso.

Para ele, o mais importante desse projeto é o legado que ficará para a cidade e para a região. “Todo esse esforço conjunto será recompensado com o legado que ficará para tornar Belém um trajeto fixo para o turismo mundial, possibilitado que transatlânticos, cruzeiros e outros navios de grande porte tenham acesso a áreas onde não eram viáveis anteriormente, injetando milhões na economia local e, principalmente, mostrando que é plenamente possível investir em projetos que permitem o desenvolvimento sustentável e a preservação adequada dos nossos recursos naturais”.

Pará