Mães de crianças com HIV denunciam falta de médicos em Unidade de Referência de Belém
Problema existe há quatro meses e causa longo tempo de espera na fila para atendimento
Há quatro meses cerca de 300 crianças com HIV/Aids que fazem tratamento e acompanhamento médico no setor de Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais (Dipe) da Unidade de Referência Especializada Materno Infantil (Uremia), na avenida Alcindo Cacela, em Belém, estão com atendimento na área da infectologia pediátrica prejudicado pela falta especialista. Eram três médicos, mas desde abril deste ano restou apenas um. Mães de crianças denunciam que a situação prejudica o atendimento, pois o tempo na fila de espera é longo. Além disso, há prejuízos pelo prazo extenso estabelecido para que os pequenos retornem com o especialista. O problema já foi inclusive alvo de denúncia feita pelo Fórum de ONG e Aids no Pará ao Ministério Público Estadual (MPPA).
"Na Uremia as crianças fazem o tratamento para HIV/Aids com antirretrovirais e a consulta contar com apenas com uma infecto-pediatra é um absurdo. Antes eram três médicos na Dipe da Unidade, que atende somente essas crianças", reclamou a mãe de uma criança, que preferiu não ter seu nome citado na reportagem.
Ainda segundo ela, os outros dois médicos que haviam na Unidade se aposentaram - o que deixou o trabalho a cargo de uma única médica. "Digo que é um absurdo, uma circunstância dessa não podia ocorrer. São muitas crianças que fazem tratamento e são as mais prejudicadas pela falta de especialistas na Unidade para se consultar. A Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) tem que rapidamente colocar médicos na Unidade na Pediatria-Dipe pelo bem das crianças portadoras de HIV-Aids. O Ministério Público Estadual precisa fazer uma fiscalização aqui", denunciou.
Segundo Amélia Garcia, membro do Fórum de ONG e Aids no Pará, a situação foi repassada pelas mães das crenças à entidade, que formalizou denúncia ao MPPA, há quatro meses. "As mães nos relataram que andam muito preocupadas, pois o fato de ter somente um médico prejudica o atendimento de cerca de 300 crianças, já que a fila de espera pelo atendimento demora e o retorno das crianças com o médico também demora. Mas a problemática continua desde abril deste ano, quando fizemos a denúncia no MPPA e esperamos que o órgão nos ajude a solucionar isso, porém, ainda não obtivemos resposta", afirmou Garcia.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) diz que o atendimento a crianças portadoras de HIV na Unidade de Referência Especializada Materno Infantil e Adolescente (Uremia), tem sido feito regularmente por dois médicos pediatras e um infectologista, "além de uma equipe de apoio formada por assistente social, enfermeiro e técnico de Enfermagem".
A secretaria confirma que um pediatra se aposentou e garante que um Processo Seletivo Simplificado (PSS) para contratação de profissionais para atender a Secretaria em várias áreas será aberto nos próximos dias. "Assim que o PSS for concluído o quadro de médicos que atenderão na Uremia ficará completo, com três pediatras", diz a nota.
A assessorias de comunicação do MPPA foi contactada pela Redação Integrada de O Liberal, mas ainda não se manifestou sobre o caso.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA