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Lourdes Barreto, ativista do Pará, é eleita uma das 100 personalidades femininas do ano pela BBC

Fundadora da Rede Brasileira de Prostitutas, com Gabriela Leite, Lourdes fixou residência em Belém nos anos 50

Abílio Dantas

Lourdes Barreto, ativista dos direitos humanos e feminista, liderança do movimento de prostitutas no Brasil, foi reconhecida como uma das 100 personalidades femininas do ano de 2024 em uma lista elaborada pela BBC, corporação pública de rádio e televisão do Reino Unido. O ranking pretende destacar aquelas mulheres que, "graças à sua resiliência, impulsionam a mudança" na sociedade, publicou a imprensa britânica. Além de Lourdes, a ginasta Rebeca Andrade, a maior medalhista olímpica do país, e a bióloga Silvana Santos completam o time de brasileiras incluídas.

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Nascida no estado da Paraíba, Lourdes narra em sua autobiografia “Lourdes Barreto: Puta Biografia” (Editora Paka-Tatu), que saiu da casa da família aos 14 anos, após sofrer uma violência doméstica e sexual. Após residir em vários estados, fixou residência em Belém, nos anos 50. Nome de destaque da organização das prostitutas em busca de direitos, Lourdes tornou-se referência na militância pela educação sexual, especialmente voltada à prevenção do HIV e da Aids, pela liberdade sexual, pela prevenção da violência e pelos direitos das mulheres.

“Resolvi ser um a mulher livre, fazer o que eu quisesse da minha vida, usufruir desse direito após tudo o que aconteceu. Encontrei acolhimento na prostituição”, conta. Após trabalhar em cabarés de vários estados, como Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, ela fixou residência em Belém do Pará em 1955. Além da capital paraense, também trabalhou nos garimpos de Serra Pelada e de Itaituba.

“No dia que eu entrei na zona, percebi a necessidade das mulheres se organizarem por direitos, como pausa para alimentação e jornada de trabalho. Eu mobilizava as mulheres, fazia greve, as botava no meu quarto. Atrasávamos o atendimento em 2 horas com o salão cheio de homens, isso dava prejuízo. A gente era castigada, mas passou a melhorar a alimentação, a exploração diminuiu”, relatou a ativista, no período de lançamento de sua autobiografia, em fevereiro de 2023.

Em 1987, ao lado da parceira de lutas Gabriela Leite, fundou a Rede Brasileira de Prostitutas, a primeira organização da categoria na América Latina. O movimento organizado ajudou a instituir o 2 de junho como o Dia Internacional da Prostituta, o “Puta Day”, data que serve de referência à busca por políticas afirmativas dos direitos das prostitutas.

Já em 1990, criou o Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará (Gempac), que luta pela superação de preconceitos, redução da discriminação, valorização da identidade de mulher e trabalhadora sexual, fortalecimento das ações de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes e combate o tráfico de seres humanos.

Lourdes Barreto foi candidata a vereadora de Belém, no ano 2000, foi conselheira nacional dos Direitos da Mulher e é atualmente conselheira estadual dos Direitos da Mulher.

 

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