Jovens de 20 a 29 anos são os que mais morrem afogados no Pará, apontam dados do Corpo de Bombeiros
Crianças de 1 a 4 anos vem logo atrás, somando 14% do casos de afogamento no Estado
Em pouco mais de cinco anos, o Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA) contabilizou 963 mortes por afogamento no Pará. Jovens de 20 a 29 anos foram as maiores vítimas, contabilizando 16% dos casos. Crianças de 1 a 4 anos somam 14% dessas ocorrências. Adultos de 30 a 39 anos contam com 13% dos acontecimentos, enquanto idosos são de 7%. Os dados são referentes a janeiro de 2018 até o início deste ano.
A média dos bombeiros de mortes ao mês por afogamento, são de 15 casos. É o que revela o major Leonardo Sarges, do CBMPA, é especialista em salvamento aquático (guarda-vidas) e mergulho de resgate, e conversou com a redação integrada de O Liberal.
“Até o dia 31 de janeiro deste registramos 12 afogamentos fatais, em 2022 foram 17 no mesmo período. Houve uma diminuição de cinco casos, mas ainda é mesma quantidade de ocorrências de 2021. A nossa média de afogamentos por mês é de 15 óbitos. Há meses em que esses números são maiores e, na maior parte, são do segundo semestre do ano. Do mês de outubro para frente, até por conta das festas de final de ano. Caso a pessoa esteja viajando em uma embarcação, ela precisa examinar as condições do veículo marítimo para saber se possui equipamentos de segurança adequados. Se a pessoa estiver na praia, é necessário que converse com o guarda-vidas do local, que conhece a praia”, disse.
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Sarges conta que esses acidentes ocorrem, em sua maioria, quando as pessoas superestimam suas capacidades físicas. O militar também ressalta a importância do contato dos banhistas com os bombeiros nos balneários, assim como a presença dos pais com as criança pequenas no momento em que adentram as águas das praias. Ele aproveita para dar um alerta aos responsáveis da criançada na hora do banho.
“O ambiente aquático, seja ele qual for, não é um ambiente propício para que a gente permaneça nele. Isso acaba despertando a curiosidade e faz com que o comportamento humano seja determinante para que o afogamento seja evitado ou ocorra. As pessoas precisam ter uma percepção de risco e da minha capacidade de ação. Por conta disso, não é adequado ingerir bebida alcoólica e ir para o ambiente aquático, porque o álcool diminui as reações do ser humano. Há muitos casos em que nós fomos acionados em que a vítima deseja chegar em determinado local, mas não conta com a forte correnteza e acaba se afogando. Uma criança pode se afogar na beira pelas fortes ondas, quando ela começa a tossir, os responsáveis precisam ficar de olho que porque é um sinal de afogamento, só que mais leve.
Até a parte da praia em que água bata no umbigo, é considerada uma área segura, porque tenho chance de reagir. O importante é que a pessoa sempre esteja acompanhada. Os pais que forem levar crianças pequenas para tomarem banho de praia, a recomendação é de que não coloquem as boias tradicionais nos filhos e sim coletes salva-vidas, porque faz com que a cabeça da criança fique fora d’água e ela consiga respirar”, avisa o major.
No último final de semana, Arthur Fonseca Gonçalves, 13 anos, morreu afogado na praia do Atalaia, em Salinópolis, nordeste paraense. A tragédia ocorreu em local em que os bombeiros como uma das praias mais perigosas do Estado. Para Leonardo, isso tem a ver com as conjunturas das regiões praianas.
“As praias possuem suas características morfológicas peculiares, podendo ser de tombo, que são as mais perigosas, por serem mais profundas e teres ondas mais fortes. O outro tipo de praia são as rasas, que costumam formar lagos, quando a maré está baixa, proporcionando a presença de arraias ou até aguas vivas. Esse tipo de situação é facilmente esclarecida quando o banhista pega orientação com os guarda-vidas. Registramos vários mortes por afogamento, onde o local em que a pessoa morreu foi a primeira vez que ela ia lá”, comentou.
O que fazer para sobreviver de um afogamento
Como disse o major, os acidentes por afogamento estão ligados ao comportamento humano. Em razão disso, se um banhista estiver se afogando, a principal coisa a se fazer é manter a calma. “O afogamento ocorre em três fases. A primeira é angústia, que é quando a pessoa percebe que não deu pé na parte da água em que ela está e tenta retornar a praia. A segunda fase é o pânico, quando ela percebe que está se afogando e aspirou muito líquido. A terceira fase é quando a vítima afunda. Por isso, a orientação é manter a calma para que consiga se comunicar. As águas das nossa região são turvas, então quando alguém afunda, é muito difícil de localizar a olho nu. Acontece tudo muito rápido”, afirma.
Cuidados com seres aquáticos
Além da preocupação com as águas e os afogamentos, a população precisa estar atenta na presença de animais aquáticos nos balneários. Salinópolis possui praias ocorrências de avistamento de arraias. Como é o caso da praia do Atalaia, quando em julho do ano passado, uma veranista encontrou uma arraia encalhada.
O militar explica que os acidentes entre humanos e esses peixes, ocorrem como meio de defesa do animal: “Independentemente de qualquer caso, o animal precisa ser identificado. Já com as arraias, os acidentes costumam acontecer quando as pessoas andam pelas praias rasas, que formam lagos, e não percebem a presença do peixe nesse ambiente. Os banhistas acabam pisando em cima do animal e ele somente se defende. O conselho que damos é de que as pessoas andem arrastando o pé pela areia, assim acabam atingindo a lateral do animal e não acontece nenhuma gravidade”, reitera.
Ainda em Salinas, que é um destino bastante procurado pelos paraenses, também há relatos de aparição de água-viva. “O líquido que origina o ardor tem propriedades alcalinas, então é preciso que a pessoa utilize um neutralizador, alguma substância com propriedade ácida. Geralmente, utilizamos vinagre que atuará para amenizar a dor. Não se deve colocar água, principalmente gelada".
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