Hortas e plantas nas escolas do Pará incentivam consciência ambiental
Escolas estaduais adotam projetos sustentáveis que envolvem estudantes e professores no cuidado com o meio ambiente
O ensino da educação ambiental está cada vez mais presente nas escolas da rede estadual do Pará. Além das aulas teóricas, projetos sustentáveis vêm sendo implantados para aproximar os alunos da natureza e incentivar a consciência ecológica. Um exemplo dessa iniciativa é a Escola Estadual Marechal Cordeiro de Farias, em Belém, que desenvolve atividades voltadas para o plantio de hortas e outras plantas, além da compostagem de resíduos orgânicos. O projeto é realizado com a participação de estudantes e professores, que, juntos, transformaram áreas da escola em espaços produtivos e educativos.
A ação faz parte da Política Estadual de Educação Ambiental, implementada em 2024 pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc). O programa prevê que todos os alunos da rede pública estadual, desde os anos iniciais até o ensino médio, tenham uma aula semanal sobre educação ambiental. Além disso, escolas que atendem aos critérios estabelecidos podem receber recursos para investir em projetos sustentáveis, como hortas comunitárias e sistemas de reaproveitamento de resíduos.
Segundo Mauro Tavares, coordenador pedagógico de educação ambiental da Seduc, a política estadual foi homologada em 2023 e começou a ser aplicada no ano seguinte. Ele explica que a iniciativa tem vários eixos, incluindo a criação de um componente curricular obrigatório e a formação de professores para trabalhar com o material pedagógico exclusivo da rede. “A educação ambiental é fundamental por dois grandes aspectos. Primeiro, pelo momento que vivemos globalmente e localmente, com a necessidade de entender as mudanças ambientais. Os estudantes precisam identificar e compreender os problemas do meio ambiente e buscar soluções para enfrentá-los. A proposta é que a educação ambiental seja crítica e transformadora, estimulando ações que ultrapassam os limites da escola e cheguem até a comunidade e as famílias dos alunos”, destaca Mauro.
A experiência na Escola Marechal Cordeiro de Farias
Na Escola Estadual Marechal Cordeiro de Farias, o projeto ambiental transformou espaços antes inutilizados em áreas produtivas e de aprendizado. O terreno da escola, que antes era um solo árido, passou por um processo de revitalização com materiais reciclados e folhas coletadas no próprio ambiente escolar. Hoje, o local abriga hortas e árvores frutíferas, além de servir como um laboratório ao ar livre para os estudantes.
A aluna Renata Silva, de 17 anos, que estuda na escola há dois anos, participou ativamente do projeto desde o início. “A gente começou colocando a mão na massa, estudando as plantas e entendendo como elas precisavam ser cuidadas. Aprendemos o passo a passo do plantio e do cultivo, sempre acompanhados pelos professores. Depois, começamos a ensinar os outros alunos que entraram no projeto, mostrando como cada etapa era feita até a colheita. Os alimentos que produzimos são doados para a escola e utilizados na merenda”, explica Renata.
Além da horta, a escola mantém um quintal produtivo, onde árvores frutíferas, como bananeiras, crescem ao lado das hortaliças. Esse espaço foi criado com a proposta de ensinar os alunos sobre o cultivo sustentável e a importância da preservação do solo. “Muita coisa mudou para mim depois que comecei a participar desse projeto. Antes, eu não percebia como pequenas atitudes podem causar grandes impactos no meio ambiente. Hoje, vejo que nem tudo deve ser descartado como lixo. Aprendi a reutilizar, reciclar e ensinar os outros a fazerem o mesmo”, completa a estudante.
Compostagem: transformando resíduos em adubo
Outro projeto em destaque na escola é o da compostagem, que aproveita os resíduos orgânicos da merenda escolar para produzir adubo natural. O estudante Luan Rafael, de 18 anos, conta que conheceu a iniciativa por meio dos professores e logo se interessou pela prática. “No começo, eu nem sabia como funcionava a compostagem. Aprendi que pegamos os resíduos da escola, colocamos em baldes com terra e deixamos o material se decompor. Depois, o líquido que escorre do processo pode ser usado como fertilizante. Hoje, eu já consigo ensinar isso para os meus amigos e até para minha família”, relata Luan.
Segundo Luan, a compostagem reduz a quantidade de lixo descartado e produz um adubo rico em nutrientes, utilizado para fortalecer as hortas e árvores plantadas na escola. Esse processo ajuda os alunos a entenderem a importância do reaproveitamento e da sustentabilidade.
Impacto além dos muros da escola
A experiência dos alunos com os projetos ambientais não se limita ao ambiente escolar. Muitos deles passaram a levar o aprendizado para casa, incentivando familiares e amigos a adotarem práticas mais sustentáveis no dia a dia.
Mauro Tavares reforça que o objetivo da educação ambiental não é apenas ensinar conceitos teóricos, mas transformar a realidade dos estudantes. “A Escola Marechal Cordeiro de Farias é um exemplo de como é possível enfrentar os desafios ambientais de forma prática. Os alunos não só aprendem sobre meio ambiente, mas também aplicam esse conhecimento na vida real. A educação ambiental precisa ser ativa e envolver toda a comunidade escolar”, conclui o coordenador.
O envolvimento de alunos e professores em projetos sustentáveis não só contribui para a preservação ambiental, mas também forma cidadãos mais conscientes e preparados para enfrentar os desafios do futuro.
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