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Mulheres na literatura: escritoras paraenses inspiram novas gerações

Encontro de pequena leitora com autoras reforça o sonho da carreira na escrita

Camila Guimarães

Houve um tempo em que mulheres precisaram de pseudônimos masculinos para entrarem e permanecerem no universo da Literatura. Hoje em dia, esse território pode ser dado como conquistado é mais um campo onde mentes femininas fincaram raízes e espalharam sementes que dão frutos a todo tempo. Neste cenário, escritoras paraenses têm deixado sua marca e inspirado novas gerações.

A escritora Zenilde Rodrigues Soares é uma delas. Na 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro a advogada, historiadora e musicista lança o seu primeiro romance 'Eu, o outro e os outros', que é a sua quarta obra publicada, depois de poesias e contos. Tendo começado na escrita aos 12 anos, quando fez os primeiros versos inspirados em uma paixão juvenil por um professor, Zenilde afirma que o tema central de toda sua produção não poderia ser outro, senão o amor.

"O amor nas suas várias facetas. O amor por uma pessoa, pela minha filha, inclusive tenho um poema que escrevi para ela quando ela fez 18 anos, que é a minha segunda obra-prima, porque a primeira é ela", brinca.

image A escritora Zenilde Rodrigues Soares fala sobre a ainda baixa visibilidade dos escritores paraenses e do amor pela escrita (Foto: Carmem Helena | O Liberal)

 

Zenilde conta que aproveita muito das experiências da vida real para tecer seus textos e acredita que a cultura regional está atrelada à universalidade da literatura: "Eu tenho apego à minha região, amo meu estado, mas eu não sou aquela escritora que fala do tacacá, do tucupi, da maniçoba. Eu não sou regionalista na minha literatura. Para mim, a literatura é universal, tanto que eu criei uma personagem que é uma mulher amazônida que mora na França e é musicista", conta.

Visibilidade ainda é desafio

Para Zenilde Soares, um dos grandes desafios em ser mulher no mercado literário ainda é a visibilidade. No caso dos escritores paraenses em geral, ela acredita que é uma dificuldade independente de gênero. "Mesmo em locais como esse, pouquíssimas pessoas vêm atrás dos escritores paraenses. A nossa visibilidade ainda é pequena".

"Mas isso não impede que eu continue escrevendo. Eu tenho quatro livros publicados. Tenho um pronto que espero publicar em 2025, estou com outro já com 31 poemas e já tenho assuntos para fazer um outro romance. Se eu for pensar 'ai, mas eu não vou vender', a gente não faz nada. Então não é essa a motivação. A motivação da escrita é a paixão pela escrita. Eu não conseguiria ficar sem escrever, guardar tudo que eu tenho dentro de mim", expressa.

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De repente escritora

De surpresa foi como a oportunidade da escrita chegou à vida de Márcia Duailibe Forte. A analista de sistema descobriu a vocação - e a paixão - para os livros em 2016, quando foi convidada pela escritora e jornalista Dad Squarisi para participar de uma obra. Desde então, Márcia não parou de escrever.

"O primeiro foi Os Três Porquinhos e o Lobo Esportista, que entrou no programa de literatura do MEC, e está no país inteiro. Todos os colégios públicos puderam adquirir. Depois veio Nas Entrelinhas do Hino Nacional e, hoje, eu lanço Belém: Uma Cidade Amazônica, que é um presente para a cidade de Belém que eu amo tanto. Falo sobre as praças, o centro histórico, o tempo da borracha, de culinária, de música, dos autores, dos escritores, dos poetas, dos prédios, da manga, do tacacá, tudo com uma pegada infantil. Traz ilustrações maravilhosas", descreve.

image Márcia Duailibe Forte fala que foi arrebatada pelo universo da escrita infantojuvenil, pelo qual hoje é apaixonada (Foto: Carmem Helena | O Liberal)

Márcia afirma que sempre teve muita receptividade, enquanto autora paraense, nos espaços por onde já passou e acredita que o público infantil tem bastante influência nisso: "A criança não discrimina. Ela gosta de tudo e de todos. Ela quer curtir a tua obra, não importa se você é homem ou se é mulher".

Para a autora, as obras, além de entreter, têm o poder de levar reflexões de inclusão e de consciência ambiental: "Nesta obra que fala mais de Belém, ela já tem uma pegada sobre o clima, que tem tudo a ver com a COP que vem por aí. Na verdade, todos os livros esbarram no assunto do meio ambiente. Mas eu já estou produzindo uma outra obra para a gente abranger esse tema tão necessário para a nossa região amazônica".

image Alice Melo, de 9 anos de idade, deseja se tornar escritora e diz que já começou sua primeira história (Foto: Carmem Helena | O Liberal)

Inspiração para o futuro

Ver as autoras na Feira do Livro, em uma tarde de autógrafos, fez a pequena Alice Melo, de 9 anos de idade, parar para contemplar. Ela, que está no 4º ano do Ensino Fundamental, já se imagina na mesma posição um dia - sonho de quem começou cedo no universo da literatura:

"Eu gosto bastante. Comecei a ler livros curtos, depois fui para os mais longos e depois para os que eu estive interessada em ler. Eu gosto bastante de mangás e de curtas interativos. Também já pensei em ser desenhista, para ilustrar as páginas do livro, já eu gosto bastante de desenhar", diz a menina.

Alice conta que já rascunhou a mão a história de um menino e seus desafios na escola. Ela espera um dia ser uma autora publicada. "[A vida do escritor deve ser] feliz, porque ele deve autografar vários livros e ter vários fãs. Mas nem todos têm muito fãs, mas esses também seriam felizes com o seu trabalho, porque teriam vários livros bons publicados, né? Eu sei que vai ter gente que vai gostar do meu livro e que vai estar lá para comprar ele", afirma.

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