Embrapa celebra 50 anos promovendo uma 'revolução' na ciência da agropecuária brasileira

No Pará, a Embrapa Amazônia Oriental festeja o trabalho consolidado por anos, mantendo o compromisso em transformar a riqueza biológica da Amazônia em riqueza econômica e com inclusão social

Gabriel Pires
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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) celebra, nesta quarta-feira (26), 50 anos de atuação voltada à pesquisa agropecuária. Ao longo de meio século, as atividades desenvolvidas pelo órgão são referências para a construção de tecnologias sustentáveis em nível nacional e regional. No Pará, a Embrapa Amazônia Oriental festeja o trabalho consolidado por anos, mantendo o compromisso em transformar a riqueza biológica da Amazônia em riqueza econômica e com inclusão social. Ao celebrar meio século de fundação, o pesquisador e chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário Lemos, frisa que, ao longo dos anos, o órgão promoveu uma “revolução” no agro brasileiro, trazendo uma potência capaz de exportar alimentos para diversos países.

“Nessas cinco décadas a Embrapa revolucionou a agricultura, domesticando espécies, trabalhando programas de melhoramentos de uma série de espécies estratégicas e, a exemplo da Amazônia, eu posso dizer melhoria genética do cupuaçu, do guaranazeiro, do açaí da castanha do Brasil, feijão caupi. Além da oferta de informações estratégicas de inteligência territorial, maior conhecimento sobre as nossas florestas e os impactos ambientais que essas florestas vêm sofrendo e de que forma os modelos de agricultura sustentáveis são recomendados para áreas de degradação”, elencou Walkymário.

Todas as inovações trazidas a partir do trabalho desenvolvido pela Embrapa foi e é essencial para maior qualidade na mesa dos brasileiros, na avaliação de Lemos. Tudo isso “preocupando-se com tecnologias inclusivas do ponto de vista social e tecnologias que também carregam uma preocupação ambiental”. “Hoje, temos o desafio ainda incorporar inovações ligado a sistemas que mitiguem emissões de gases e efeito estufas, uma agricultura mais tecnificada e cada vez mais digitalizada e, mais do que isso, que possamos, também, incrementar inovações que transforme essa riqueza socio e bioambiental da Amazônia em riqueza social e inclusão das nossas populações com melhorias econômicas”, disse Walkymário.

Projetos

Os projetos de pesquisa recentes buscam focar acerca de que forma na bioeconomia e de que forma a ciência pode transformar essa riqueza. “Podemos citar entregas recente da Embrapa Amazônia Oriental como as duas únicas a cultivares de açaí cultivados para terra firme; programa de melhoramento de cupuaçu, com entrega de materiais superiores resistentes a principal doença que é a vassoura de bruxa; o kit cupuaçu cinco ponto zero: agora no início de 2023, em que nós temos cinco clones com produtividade superior e resistência à vassoura de bruxa e produtividade tanto de polpa quanto de amêndoa de semente”, afirmou o pesquisador. 

“Temos contribuído com entregas de espécies vegetais importante para a agricultura familiar, como materiais de feijão caupi, também lançados nesse ano; temos feito entregas relevantes em estudos de inteligência territorial, de que forma a ciência vem contribuindo para definir quais as áreas mais adequadas para a evolução de cadeias perenes no estado como cultivos de cacau, cultivos de citros, cultivos de açaí; também, temos uma atuação muito forte em estudos a questões florestais, como manejo florestal, comunitário, estudo da biodiversidade florestal e de que forma o impacto da interferência humana vem contribuindo nessa nesse segmento; e, recentemente, divulgamos uma conserva de pirarucu”, complementou Walkymário. 

Legado

A Embrapa completa 50 anos em 2023, mas a pesquisa agropecuária na Amazônia paraense trilha essa trajetória da ciência na busca do desenvolvimento regional há mais tempo, pois herda a missão do Instituto Agronômico do Norte (IAN), que completa 84 anos no dia 06 de maio de 2023. 

A história, quando da transformação do IAN em Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido (Cpatu), em 23 de janeiro de 1975, já sob a égide da Embrapa, ao nome síntese Embrapa Amazônia Oriental, cunhado em 1º de março de 1991, revela que os maiores desafios, com base na conjuntura daquelas décadas, eram desvendar a Amazônia, domesticar espécies nativas e adaptar à região culturas agrícolas para o fornecimento de alimentos à população local, e posteriormente, ao Brasil e ao mundo.

Estudos sobre clima, solo, ordenamento territorial, aliado à domesticação das espécies nativas, e de adaptação de outras culturas à região, traçam uma linha do tempo que desembocam na certeza científica de que não é necessário desmatar mais uma única árvore para o aumento exponencial da oferta de alimentos. Estas são algumas linhas de pesquisa da Embrapa. A pecuária bovina e bubalina também são frente de atuação do órgão. E, ainda, atuação quanto à piscicultura e pipericultura. O setor florestal também acumula tecnologias e apoio à formulação de políticas públicas.

Bioeconomia e sustentabilidade são conceitos para pesquisa agropecuária da atualidade, mas as bases para sua efetivação no atual ecossistema de inovação, advém no conhecimento construído ao longo dos anos, conforme explica  Walkymário Lemos. O gestor define que essa sustentabilidade deve ter como prioridade também as pessoas e essa importância direciona os desafios de presente e futuro da pesquisa na região. “A missão mais urgente é seguir fornecendo ferramentas e estratégias para transformar toda essa riqueza biológica em riqueza econômica e com inclusão social”, enfatiza. 

(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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