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Dom José Azcona manifesta confiança na permanência à frente da Prelazia do Marajó

Em Belém para a reunião anual dos bispos que atuam na região, o Bispo emérito do Marajó recebeu diversas manifestações de apoio

Eduardo Rocha

Acolhido por manifestações promovidas tanto em Belém como no município de Soure, o bispo emérito do Marajó, dom José Luis Azcona Hermoso, 83 anos, desembarcou no Terminal Hidroviário de Belém na manhã desta terça-feira (12), para participar da reunião anual dos bispos da Prelazia do Marajó, no bairro de Canudos. A reunião começou nesta terça (12) e prossegue na quarta-feira (13).

Tanto no terminal como em frente à Casa da Prelazia, em Belém, houve manifestações de pessoas pedindo a permanência do bispo em solo marajoara, diante do recente comunicado feito pela Nunciatura Apostólica do Brasil (representação do papa no Brasil) de que dom Azcona deixaria a região.

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Ainda na noite desta terça, em contato com a Redação Integrada de O Liberal, dom Azcona declarou que está confiante em uma solução positiva para o impasse sobre sua permanência no Arquipélago do Marajó. "O Marajó acordou!", disse ele, dando a entender que há chances de que essa decisão seja revertida.

Em Soure, no Marajó, o Instituto Âncora Marajó promoveu, na tarde de hoje, uma manifestação com a mesma finalidade, mobilizando crianças e adultos. A confirmar-se o que foi informado pela Nunciatura Apostólica do Brasil, dom José Azcona deverá deixar a Prelazia do Marajó no próximo mês de janeiro. 

Em lugar de dom José Azcona assumirá dom José Ionilton Lisboa, que passará a coordenar as atividades da Igreja Católica na região. Até agora, não se sabe o motivo para a remoção do bispo emérito do Marajó. Segundo a Prelazia, ele foi comunicado da mudança pela Nunciatura Apostólica sem maiores detalhes.

Circula nas redes sociais uma "Carta de Repúdio à saída do bispo emérito da Prelazia do Marajó, dom José Luis Azcona Hermoso", assinada por "marajoaras que reconhecem o trabalho transformador de dom Azcona". No documento, os signatários questionam sobre o bispo teria feito para receber essa determinação.

Identidade marajoara

"O encontro de hoje (no bairro de Canudos, em Belém) com o novo bispo (dom José Ionilton Lisboa), que até então aparecia como uma ameaça, um momento de confronto, reverteu-se em um momento de compreensão mútua, fraternidade, consenso e, em relação à minha pessoa, Deus se manifestou grande, não tenho outra palavra. Humanamente, era impossível chegarmos a este consenso. Está-se trabalhando em um par de notas públicas nas quais este consenso apareça, por escrito, como compromisso, como declaração de valores verdadeiramente cristãos e cidadãos, que não se podem abandonar nunca e menos ainda neste tempo de desumanização evidente", destacou dom José Azcona.

"É um pouco cedo ainda para concretizar, mas, estou feliz não só por ficar no Marajó, vendo que parece que, por agora, esta é a vontade de Deus, sim, porque o povo acordou. Nunca o povo do Marajó se levantou como nesses dias. Nunca em toda a história - que eu conheço há 39 anos - o povo manifestou uma identidade marajoara clara, sem distinção entre evangélico, católico, espírita, de procedência cabocla... O inimigo se reconciliando em torno de valores que o Evangelho tem levado para Marajó por meio de meu humilde serviço, pelo qual reconheço que tenho sido inútil servo", destacou o bispo.

"Mas, maravilhosamente, acredito que um novo Marajó está nascendo. Sinceramente. É um pouco cedo para mais especificações, portanto, devemos não precipitar acontecimentos e pacificar todos os ânimos para chegarmos a esse consenso em Cristo Jesus, consenso verdadeiramente humano, de paz trabalhada entre todos, debaixo da bênção de Nossa Senhora Amada de Nazaré", afirmou dom José Azcona.

Manifestações de apoio

As manifestações em prol da permanência de dom José Azcona no Marajó, consolidado como uma liderança da Igreja Católica, enfocam a atuação desse espanhol de berço e paraense de coração que há cerca de quatro décadas atua nessa região do Pará em defesa dos Direitos Humanos, em especial contra a exploração sexual de crianças e adolescentes e contra o tráfico de pessoas, além da proteção ao meio ambiente.

Por essa postura de compromisso social, dom Azcona, nascido em Pamplona, na Espanha, em 1940, já foi premiado, mas também chegou a ser ameaçado de morte. Em 2009, suas denúncias sobre casos de pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes no Marajó, envolvendo políticos e empresários, levaram a Assembleia Legislativa do Pará a instaurar a CPI da Pedofilia.

No desembarque em Belém, nesta terça-feira (12), dom José Azcona foi saudado por apoiadores vestidos com camisetas que traziam a frase: "Somos Todos Dom Azcona". O Instituto Dom Azcona já se manifestou contra a saída do bispo da região do Marajó. Desde quando se tornou bispo emérito, dom Azcona ainda respondeu por cerca de dois anos pela Prelazia do Marajó, a pedido do papa. Foi, então, nomeado bispo da região dom Evaristo Pascoal Spengler, que saiu de lá este ano para assumir o bispado em Roraima. 

Desde que dom Evaristo assumiu o Marajó, Dom Azcona se afastou da administração da Prelazia, dedicando-se à evangelização, celebração de missas, procissões e outras atividades litúrgicas. Quando dom Evaristo foi embora, um dos padres foi nomeado administrador da Prelazia e segue na função até que o bispo nomeado tome posse.

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