Detran: campanhas de educação não surtem efeito

O Departamento de Trânsito do Estado do Pará registrou 436.397 infrações no Estado, de 1º de janeiro a 30 de junho deste ano, 64.330 a menos que no mesmo período de 2018. As dez principais somam 21.348 infrações e o primeiro lugar no ranking foi conduzir veículo sem licenciamento com 6.347 (29,7%) das infrações. 

Um autônomo no ramo de limpeza, que tem 27 anos e prefere não ser identificado admite que costuma dirigir e carregar passageiros de motocicleta sem capacetes. “Durante a semana toda, trabalho com capacete. Mas nos finais de semana prefiro não usar, porque não vou sair para longe. Quem anda comigo também não usa. Eu sei que é importante e pode evitar até a morte”, disse ele, que mora no bairro do Guamá, em Belém. 

O diretor técnico-operacional do Detran, Bento Gouveia, explica que existem cerca de 1,8 milhão de veículos cadastrados no sistema do Detran, a maior parte deles motocicletas, e que somente a metade está com licenciamento em dia. Mas o que mais preocupa não são os atrasos no pagamento do licenciamento, que está em primeiro lugar, e sim as situações irregulares que envolvem as motocicletas, que somam 6.063 infrações com percentual de 28,5%. 

“O não recolhimento dos impostos leva a várias consequências, mas o que nos preocupa são as infrações que envolvem as motocicletas. Isso significa que temos que trabalhar mais a educação e fiscalização junto. Trabalhamos os dados estatísticos e, em seguida, vamos planejar ações para evitar as infrações e os acidentes”, afirmou Gouveia, que trabalha no Detran há 26 anos. 

Outra infração sobre a qual, segundo ele, o Detran já atua há muito tempo tanto na educação quanto fiscalização, mas ainda está em destaque, como sétimo lugar entre as dez principais, é o condutor deixar de usar o cinto de segurança com 1.220 infrações. 

“Como técnico do Detran, sei que todos os anos fazemos campanha para o uso do cinto. Na década de 1990, explodiu a campanha sobre isso, mas as pessoas ainda permanecem sem usar o cinto. Ou as campanhas não surtem efeito ou os motoristas não querem respeitar as regras ou as gerações que estão vindo não querem obedecer. Todo equipamento de segurança está protegendo a vida do motorista, dos familiares, das crianças, e os acidentes de trânsito ainda estão em destaque no Brasil”, disse. 

Ainda de acordo com os Detran em 2016 foram registrados 1.477 acidentes no Pará que geraram vítimas fatais. Em 2017, foram 1.434 casos. Em 2018, até outubro, 928 acidentes. “Vamos continuar nas campanhas de educação, fiscalização e engenharia voltadas para as ações em defesa da vida. A próxima campanha será durante a Semana Nacional de Trânsito, de 18 a 25 de setembro”, informou Gouveia. 

Para evitar infrações e acidentes, o diretor técnico-operacional do Detran orienta que os condutores de veículos dirijam com bastante atenção e respeito às leis de trânsito. “Precisa observar e respeitar a sinalização. Ter cuidado de trabalhar sempre com direção defensiva, ou seja, dirigir por ela e pelos outros, pois assim se consegue evitar número maior de acidentes. Cobrar que todos usem o cinto tanto no banco de trás quanto no da frente, o uso de cadeirinha e estar sempre alerta para os ciclistas e pedestres, que são os mais frágeis no sistema de trânsito”, observa Gouveia. 

Em 2019 (de 1º de janeiro a 30 de junho): Total de infrações: 436.397 

1º Conduzir veículo sem licenciamento com 6.347 (29,7%);
2º Conduzir motocicleta sem capacete 4.219 (19,8%);
3º Dirigir veículo sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Permissão Para Dirigir e Autorização para Conduzir Ciclomotores 2.131 (10%);
4º Ultrapassar pela contramão linha de divisão 1.947 (9,1%);
5º Desobedecer às ordens da autoridade competente com 1.543 (7,2%);
6º Deixar de manter acesa luz baixa nas rodovias 1.364 (6,4%);
7º Deixar o condutor de usar o cinto de segurança 1.220 (5,7%);
8º Conduzir motocicleta com passageiro sem capacete 1.000 (4,7%);
9º Dirigir o veículo calçado que não se firme nos pés 844 (4%);
10º Dirigir sob a influência de álcool com 733 (3,4%) infrações. 

Fonte: Detran-PA