Depósitos da Hydro em Barcarena são os mais perigosos
O material contido é altamente tóxico: soda cáustica e arsênio
Barcarena possui duas grandes barragens de rejeitos. Uma das Imerys, de caulim. E duas da Norsk Hydro / Alunorte. Mas uma das bacias da Hydro, a DRS-2, o geólogo Marcelo Moreno, professor mestre da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), considera como uma das mais perigosas. Primeiro pelo material contido, que é altamente tóxico: soda cáustica e arsênio. Segundo, pelo tamanho, superior a 100 hectares, que em caso de rompimento, poderia afetar uma área imensa.
"Nossa maior preocupação é: nossas barragens são seguras? Até que ponto a fiscalização é efetiva? E quais as possíveis consequências no caso de um rompimento (evento em inglês chamado de Dam Break)? No caso da DRS-2, da Hydro, não há estudos sobre para onde esses efluentes iriam. Nem os impactos desse material. Ou áreas atingidas. E qual a relação com as comunidades?", questiona o professor.
Moreno diz não entender o porquê de as empresas sempre se instalarem em áreas tão próximas a águas e comunidades. Os planos de emergência, diz o professor, existem no papel. Mas de nada servem se o formato das construções de barragens segue a lógica do mais barato e menos seguros.
"No papel, os planos são muito bem feitos. Onde ocorreram rompimentos de barragens, havia esses planos. Mas o problema não está nos planos. Está nas estruturas, na forma da construção. Temos três métodos de construção: alteamento a montante, alteamento a jusante e alteamento em linha central. A mais comum, barata, foi a mesma feita em Brumadinho e Mariana. E é usado aqui. Já chegamos à conclusão que não há segurança nessas estruturas. Nem qualidade da fiscalização", comenta o professor.
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