Dengue grave pode levar a morte
Infectologista alerta para cuidados com a doença que se propaga no inverno
O tipo grave de dengue é um perigo real neste período chuvoso. O aumento de casos da doença também amplia a possibilidade de mais pessoas desenvolverem a dengue grave, que pode ser fatal. Em poucos dias, a dengue pode evoluir para o quadro mais grave e levar o paciente a morte caso não haja um acompanhamento médico adequado. O médico infectologista Alexandre Guimarães, membro da diretoria da Sociedade Paraense de Infectologia, alerta para os cuidados que se devem ter no acompanhamento da doença.
“A dengue grave é caracterizada por um edema, um inchaço, o paciente fica com líquido em locais que não acumulam nos pulmões, mais especificamente na pleura, na parte abdominal chamado de líquido livre no abdômen, até mesmo nas pálpebras”, relata o médico. Crianças, idosos e portadores de comorbidades (diabetes, obesidade e hipertensão) são mais propensos a evoluírem para o estágio grave da doença, por isso os cuidados devem ser redobrados.
O infectologista ressalta a atenção aos chamados sinais de alarme estão relacionados a perda de líquidos para espaços ou cavidades do corpo. Os sintomas da dengue grave causam inchaço nos dedos, dor abdominal, náuseas, vômitos, pequenos sangramentos em regiões do corpo. “Na hora tem que procurar um serviço de saúde para ser classificado e para que tomar as medidas mais relacionadas para combater a doença”, ressalta o médico.
Nos primeiros dias, os portadores de dengue podem ter sintomas similares a uma gripe forte, por isso o cuidado e a busca de médicos para o diagnóstico correto devem ser prioridade, evitando assim a evolução da doença. Dentre os sintomas característicos da dengue estão a febre alta, dores musculares e nas articulações, fotofobia, fraqueza, perda de apetite, manchas vermelhas na pele e mal-estar generalizado.
Alguns medicamentos são contraindicados e não devem ser consumidos pois podem agravar a doença. A automedicação é totalmente desaconselhada. Não devem ser consumidos remédios antiinflamatórios, como Voltaren, Cataflan e nimesulida, assim como ácido acetilsalicílico ou AAS (aspirina) e corticoides. O Ministério da Saúde (MS) também tem alertado os pacientes para a utilização abusiva de paracetamol, que tem gerado hepatite medicamentosa.
Nos últimos anos, o Ministério da Saúde (MS) mudou a nomenclatura do tipo mais grave da dengue. Antigamente conhecida como dengue hemorrágica, o conceito foi substituído para dengue grave. O nome anterior confundia as pessoas, levando muitas a esperarem demais para procurar ajuda médica, o que agravava ainda o estado do paciente e a possibilidade de recuperação.
“Qualquer indivíduo pode evoluir para dengue grave. Quem já teve contato com outros sorotipos da dengue fica cada vez suscetível a desenvolver esse tipo grave. A pessoa que teve uma exposição do organismo anterior a outro sorotipo de dengue fica mais sensibilizado, porque o corpo desenvolve uma resposta inflamatória que não vai resolver a doença”, explica o médico.
A inflamação do corpo aumenta a permeabilidade vascular. A dengue altera os fatores de coagulação e a permeabilidade vascular. Essa permeabilidade é o principal fator que leva a morte. “É como se os vasos sanguíneos fossem os tubos de uma casa, e essas tubulações se enchessem de furos. No nosso corpo, isso é o sangue que vai extravasar para fora, e o paciente pode ter hipotensão, o que leva a insuficiência renal. Com a perda de sangue para outros espaços do corpo, o rim fica com menos volume de sangue e não consegue trabalhar, o que leva ao choque e a morte. Por isso, a pessoa tem que se hidratar muito e ter o acompanhamento médico”, destaca Guimarães.
Outra orientação importante é o cuidado para impedir que a pessoa infectada se transforme em um hospedeiro que ajude a transmitir a doença. Caso o mosquito fêmea do Aedes aegypti pique uma pessoa com dengue, o mosquito também se contamina podendo tanto transmitir para outras pessoas, quanto procriar e dar vida a larvas que já nascerão contaminadas. Por isso, é fundamental que o paciente com dengue se previna com mosquiteiro e utilize repelente. Evitar água parada é outra medida primordial para prevenir criadouros do mosquito.
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