Castanhal celebra 93 anos de histórias e belas memórias
Por estar em uma posição geográfica privilegiadamente começou a se desenvolver bem mais que os municípios vizinhos e se tornou polo da região nordeste paraense
Dia 28 de janeiro Castanhal comemora 93 anos de emancipação política. A “Cidade Modelo”, como é carinhosamente conhecida, é o município polo da região nordeste do estado, situada às margens da BR-316, distante cerca de 70 km da capital.
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Castanhal é um dos municípios que mais se desenvolveram nas últimas décadas. Com várias indústrias e mais de seis mil empresas, o município se destaca pelo comércio local, que de acordo com a Associação Comercial de Castanhal, é responsável por 70% da receita do município.
Castanhal é também a cidade mais nordestina do Pará e se você não conhece a história da construção e do povoamento do município e passar algumas horas andando pela cidade vai pensar que está em algum lugar da região nordeste brasileira. Você vai escutar um sotaque diferente, e principalmente se você for de Belém, aí é que vai estranhar. É que a cidade foi construída por nordestinos, sobretudo por cearenses, que foram os primeiros a chegar, no final do século XIX.
De acordo com relatos do escritor e memorialista, Hugo Luiz de Souza, os imigrantes nordestinos foram os verdadeiros desbravadores das terras por onde passava a ferrovia Belém -Bragança.
“O governador Paes de Carvalho chamou os nordestinos, principalmente dos cearenses, pois o estado do Ceará, assim como toda a região, passava por severa seca e eles não tinham trabalho. Os nordestinos trabalhavam mais com a agricultura e a seca os prejudicava. Foi então que o governador chamou os nordestinos para serem a principal mão de obra para a construção da ferrovia”, explicou.
Então Castanhal foi se desenvolvendo e crescendo no entorno da estrada de ferro e com ajuda da mão de obra dos nordestinos. Hoje, o município é a terra de cearenses, pernambucanos, maranhenses e de todos os nordestinos que escolheram o município.
“Aos poucos eu venho contando fragmentos da história de Castanhal, garimpando aqui e acolá, daquelas pessoas que viveram ou ouviram ou aprenderam sobre a história do Município Modelo. Falando em Modelo, lembro o processo porque passou, primeiro foi chamada de Núcleo de Castanhal, no ano de 1889. Depois Distrito de Castanhal, no ano de 1899, e em 1901 passou a categoria de Vila de Castanhal, pela Lei no 646 e instalada a Lei no dia 15 de agosto de 1901. No dia 28 de janeiro de 1932, foi criado o Município de Castanhal, através da Decreto Lei 600, assinado pelo então Major Interventor Joaquim de Magalhães Cardoso Barata”, explicou.
Por estar em uma posição geográfica privilegiadamente situada no mapa do Pará, Castanhal começou a se desenvolver bem mais que os municípios vizinhos e se tornou Polo. Com isso o seu crescimento, ano após ano, foi vivenciado pelo seu povo nordestino/castanhalense, e notado por empresários de outros Estados Brasileiros, que década a década foram chegando e se instalando com seus comércios diferenciados, sobrepondo-se ao comércio local.
“Aos poucos os antigos empresários, não mais “aguentando o tranco” acabavam cedendo à situação e vendiam os seus empreendimentos aos grandes comércios e novas tecnologias de mercado, fato esse acelerado nos últimos vinte anos”, explicou Hugo Luiz.
As primeiras décadas foram muito favoráveis ao crescimento e desenvolvimento da Vila de Castanhal, depois Município de Castanhal. Nas primeiras décadas do Século XX aconteceram as inaugurações: Estação Ferroviária; Grupo Escolar Cônego Leitão; Igreja Matriz de São José; Mercado Municipal; Prefeitura Municipal, com o seu primeiro Prefeito eleito pelo povo: Maximino Porpino da Silva; Cine Argus; Colégio São José.
As décadas de 40, 50 e 60 foram de pleno crescimento econômico e social, com usinas de beneficiamento de arroz, juta e algodão, inclusive uma Casa Exportadora Primor.
“O crescimento acelerado e desordenado está deixando o Município de Castanhal, sujo, assustador, e isso é um sério problema que gera consequências sociais e ambientais: impactos já sentidos pela população. Seguindo os pontos negativos vejo a falta de Políticas de Habitação, especulação Imobiliária, falta de Planejamento Urbano, falta de Infraestrutura Básica, problemas Ambientais, Trânsito e Mobilidade Urbana, Marginalização”, refletiu Hugo Luiz.
“Minhas boas memórias, que são também de muitas pessoas, por exemplo a falta do Camping Ibirapuera, era um Complexo de Diversão. Cine-Argus, cinema que por décadas foi local de entretenimento da população. O trem, que com a extinção da Ferrovia, hoje está em exposição. Taboquinha Bosque, promovia festas, festivais do Chope, hoje é um supermercado. O Mercado Municipal que poderia ter siso transformado em um Museu. Caminhar e passear tranquilamente pelas ruas”, observou o memorialista.