Casos de dengue no Pará caem quase pela metade no início de 2025; óbitos triplicam

Na manhã desta quarta-feira (2), agentes de controle de endemias da Sesma realizaram ações de rotina no bairro do Marco, em Belém

Dilson Pimentel
Carmem Helena/ O Liberal
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O número de casos de dengue, no Pará, reduziu 41,02% nos quase três primeiros meses de 2025. Mas a quantidade de mortes, quando comparado o mesmo período do ano passado, triplicou em 200%. Os dados deste ano correspondem de janeiro até 18 de março e foram divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública.
Em 2025, e até o dia 18 de março, foram registrados 4.921 casos de dengue, com nove mortes, no Pará. No mesmo período de 2024, foram registrados 8.343 casos e três mortes. Durante todo o ano de 2024, foram registrados 17.578 casos da doença e 12 mortes por dengue.

As informações são da Secretaria de Estado de Saúde Pública. A Sespa afirmou ainda que intensifica o monitoramento da dengue no Pará, com a elaboração do Plano de Contingência Estadual 2025. Além disso, realiza reuniões técnicas com coordenações regionais para avaliar o número de casos, a qualidade das notificações e a execução das ações de controle vetorial nos municípios. Ressaltamos que 22 municípios paraenses receberam a vacina contra a dengue para o público alvo de crianças e jovens de 10 a 14 anos.

Já em Belém, de janeiro a março de 2025, foram notificados 945 casos prováveis, dos quais 330 foram confirmados como casos de dengue, com um óbito. No mesmo período de 2024, foram notificados 3.300 casos, com 1.849 casos confirmados e um óbito. Em 2024, Belém registrou 3.187 casos confirmados de dengue, com 5 óbitos.

Em relação ao número de casos notificados, houve uma redução de 71,36% nos três primeiros meses de 2025, comparado ao mesmo período de 2024. Quanto ao número de casos confirmados de dengue, houve uma redução de 82,1% nos três primeiros meses de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024.

A Sesma também informou que tem adotado diversas estratégias para combater a dengue, incluindo a realização de mutirões. Até o momento, foram realizados seis mutirões em diferentes distritos de Belém desde janeiro. Também tem ocorrido a intensificação das ações de visita domiciliar, com visitas em locais de alto índice de casos confirmados. Além disso, são realizadas palestras em escolas, empresas, igrejas e centros comunitários, especialmente em locais com altos índices de casos. Outra ação importante é a intensificação das visitas a pontos estratégicos, como sucateiros, borracharias e cemitérios, com a realização de visitas a cada 15 dias.

Uma das dificuldades é o acesso às residências, diz Sesma

Na manhã desta quarta-feira (2), a Redação Integrada de O Liberal acompanhou uma ação dos agentes de controle de endemias no bairro do Marco. E conversou com o chefe da Divisão de Endemias da Sesma, Alberto Rodrigues. Ele disse que, este ano, houve 330 casos confirmados de dengue em Belém. No ano passado, no mesmo período, foram mais de 3 mil. “A gente verificou que, este ano, devido às ações que estão sendo executadas no município, houve uma redução de 267%. É importante a redução, mas é o momento de intensificar as ações cada vez mais”, afirmou.

Alberto Rodrigues, chefe da Divisão de Endemias da Sesma, diz que apesar da redução no número de casos, as ações serão intensificadas Alberto Rodrigues, chefe da Divisão de Endemias da Sesma, diz que apesar da redução no número de casos, as ações serão intensificadas (Carmem Helena / O Liberal)

Alberto observou que, agora, é o período do inverno amazônico, o que aumenta a possibilidade de surgirem novos criadouros para o mosquito que transmite a dengue. “Este ano, infelizmente nesse ano a gente teve já óbito já pela doença, no bairro do Telégrafo. E, ano passado, infelizmente, foram cinco óbitos. Por isso temos intensificado bastante as ações”, disse.

Para realizar seu trabalho, uma das dificuldades dos agentes é o acesso às residências. “Muitos imóveis fechados e, infelizmente, muitos moradores ainda não permitem a nossa entrada. E o principal colaborador desse combate às arboviroses é o morador”, afirmou. Arborvirores são um grupo de doenças virais que são transmitidas principalmente por artrópodes, como mosquitos e carrapatos. Alberto pediu aos moradores que permitam o acesso às suas casas dos agentes, que estão devidamente identificados, e que também tirem um tempinho para olhar seu quintal e não deixar nenhum possível depósito que acumule água e serva de criadouros para o mosquito.

Alberto comentou sobre o trabalho realizado nesta manhã de quarta-feira. “Essa é uma atividade de rotina. A gente visita os 72 bairros de Belém. E intensifica cada vez mais agora esse período de inverno amazônico, verificando onde estão ocorrendo esses casos e fazendo mutirões nas quintas e sextas-feiras, intensificando também a educação em saúde com palestra nas escolas, centro comunitário, igreja. E aqueles locais que têm grande concentração de depósito, que a gente chama de ponto estratégico, a gente está visitando de 15 em 15 dias”, afirmou.

Descarga irregular de entulho prejudica saúde pública, diz servidor

Uma das casas visitadas foi da professora Marília Freitas, 42 anos. “Esse tipo de iniciativa permite que a gente tenha mais esclarecimento sobre possíveis focos e também a possibilidade de você eliminar determinados focos de mosquitos que estão aqui no ambiente e que potencialmente poderiam adoecer uma série de pessoas”, disse. “Muitas vezes a gente tem o cuidado com a nossa casa, mas a gente não tem como se responsabilizar pelos vizinhos. A gente não tem acesso aos vizinhos, mas eles (os agentes), têm”, disse. Ela afirmou que teve dengue aos 16 anos de idade. “E foi bem ruim”, lembrou. Marília disse que adota todos os cuidados. “Até porque eu tenho dois filhos e a mais nova está com quatro meses. Então eu tenho pavor que ela tenha essa doença ou qualquer outra”, completou.

Uma das casas visitadas foi da professora Marília Freitas conta que já teve dengue e que hoje toma cuidado, principalmente por causa dos filhos Uma das casas visitadas foi da professora Marília Freitas conta que já teve dengue e que hoje toma cuidado, principalmente por causa dos filhos (Carmem Helena/ O Liberal)

Mas um dos desafios da saúde pública são os pontos de descarga irregular de entulho, como, por exemplo, na avenida Perimetral, na Terra Firme. Ali, há uma área propícia à proliferação do mosquito transmissor da dengue.

O servidor público Jonathan Alberto, 30 anos. “Eu digo que vai muito da conscientização das pessoas, pois o descarte irregular de lixo nas vias públicas acaba ocasionando a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue”, disse. Ele não teve dengue, mas sua filha (17 anos), sim. “Agora, depois de cinco dias, ela está se recuperando. Muita falta de ar, dores no corpo”, afirmou. Ele afirmou que os órgãos competentes têm que estar averiguando essa situação para a população não ser atingida. Afinal, já estão ocorrendo casos de dengue”, completou. Jonathan disse que “seria muito interessante” multar quem faz o descarte irregular de entulho nas ruas.

O servidor público Jonathan Alberto diz que os casos de dengue vai além da conscientização das pessoas O servidor público Jonathan Alberto diz que os casos de dengue vai além da conscientização das pessoas (Carmem Helena / O Liberal)

Dengue. Cuidados:

• Manter caixas d’água, tonéis e barris bem fechados;

• Descartar corretamente o lixo e manter lixeiras tampadas;

• Evitar o acúmulo de água sobre lajes;

• Guardar garrafas com a boca virada para baixo;

• Armazenar pneus em locais cobertos;

• Proteger ralos com telas finas;

• Vedar fossas;

• Colocar areia nos pratinhos de vasos de plantas até a borda e lavá-los semanalmente, e

• Eliminar qualquer objeto que possa acumular água, como tampas de garrafas ou cascas de ovo.

Fonte: Sespa

 

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