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Ativista e professora Zélia Amador anuncia aposentadoria da UFPA e recebe homenagens

Ao longo de mais de 40 anos, Zélia dedicou sua vida para a educação e também é referência no ativismo pelos direitos humanos e no movimento negro

O Liberal
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Aos 74 anos, a professora Zélia Amador de Deus anunciou sua aposentadoria da Universidade Federal do Pará (UFPA), finalizando uma longa carreira como docente e pesquisadora. Referência como ativista do movimento negro, Zélia é também membro fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa) e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB), da UFPA. Em reconhecimento ao seu trabalho, a instituição realizará um evento para homenageá-la.

Mesmo com o anúncio de sua aposentadoria, Zélia permanece com seu ativismo nos movimentos sociais e nas discussões sobre racismo, igualdade de gênero e direitos humanos no Brasil na área acadêmica. O último dia de trabalho dela na UFPA foi nesta segunda-feira (30). “Eu continuo trabalhando com essas ações. Enquanto vida eu tiver, continuarei lutando pelo sucesso da política de ações afirmativas”, reforça a professora, que dedicou mais de 40 anos ao ensino e à UFPA.

Docente do Instituto de Ciências da Arte da UFPA, Zélia recebeu, em 2019, o título de professora emérita da instituição. A honraria é concedida apenas a docentes cujas contribuições tenham sido proeminentes para a universidade. "Fiz tudo o que achei importante e tudo o que pude dentro da universidade e no movimento negro. Propus políticas que puderam ser implementadas, que estão em vigor e fazem diferença. Hoje, estou me aposentando por aposentadoria compulsória”, afirma Zélia.

Às vésperas da transmissão de cargo ao professor Gilmar Pereira, eleito reitor da UFPA para os próximos quatro anos, a professora Zélia, que foi a primeira reitora negra de uma universidade brasileira, enfatiza a representatividade desse marco para a instituição, já que ele será o primeiro reitor negro da universidade: “É importantíssimo para nós e para a sociedade brasileira que tenhamos um reitor negro. É o primeiro na UFPA. Isso é muito significativo, não apenas para a universidade, mas para a sociedade”.

Homenagem

Já a homenagem à professora Zélia será no próximo dia 3 de outubro, às 17h, no espaço cultural Maloca (antiga Capela Universitária). O “A Dúpé" – expressão yorùbá que pode ser traduzida como "Nós agradecemos", tem como objetivo reconhecer e agradecer a contribuição da professora no âmbito acadêmico e da sociedade como um todo. A programação contará com apresentações artísticas e depoimentos de algumas das muitas pessoas diretamente impactadas pela atuação inspiradora de Zélia. 

Formação

Zélia Amador possui uma formação acadêmica diversificada. Ela concluiu a Licenciatura Plena em Língua Portuguesa pela UFPA em 1974. Ela também obteve o Mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2001. E, em 2008, concluiu o Doutorado em Ciências Sociais pela UFPA. 

Ela também é uma defensora dos direitos humanos e das políticas de ações afirmativas, especialmente no que diz respeito à inclusão de pessoas negras e indígenas no ensino superior. Além de sua carreira acadêmica, Zélia tem participação ativa em movimentos sociais voltados para a igualdade racial e de gênero, e seu trabalho tem uma profunda influência no reconhecimento e valorização das culturas afro-brasileiras.

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