Acidentes com motos no Pará, em 2022, custaram mais de R$ 5 bilhões aos cofres públicos

O cálculo da média desses custos foi feita com base em dados do Detran-PA e de um estudo feito pelo Ipea, que estima o quanto um acidente de trânsito custa aos cofres públicos

Victor Furtado
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Em 2022, o Pará registrou 16.889 acidentes envolvendo motos. Desses, 985 resultaram em mortes. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado em 2020, estimou quanto custam acidentes de trânsito no Brasil, considerando gastos com internações, seguros, afastamento de trabalho, perda de produtividade e uma série de outros fatores: em média, R$ 664.821,00 em caso de morte e R$ 261.689 num sinistro que tenha pessoas feridas. Com isso, estima-se que os acidentes com motocicletas no estado tenham custado cerca de R$ 5 bilhões aos cofres públicos.

O boletim epidemiológico 54 do Ministério da Saúde, lançado no dia 27 de abril, traz o levantamento de acidentes de moto pelo Brasil e as taxas de mortalidade (1 para cada 100 mil habitantes) e internação por lesões (1 para cada 10 mil habitantes). Na mortalidade, o Pará não se encontra nas piores posições, com 5,9 acidentes fatais para cada 100 mil habitantes (acima da média brasileira de 5,7). Já em internações, o estado aparece na 10ª posição, com 7,2 pessoas feridas e hospitalizadas por sinistros envolvendo motocicletas para cada 10 mil habitantes.

Acidentes de trânsito, no Brasil, como aponta o boletim do MS, resultaram em lesões que foram responsáveis no Brasil, em 2020, por mais de 190 mil internações nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) e hospitais conveniados. Desses casos, 61,6% eram de motociclistas. Em relação à mortalidade foi a primeira causa na faixa de 5 a 14 anos; e a segunda nas faixas de 15 a 39 anos. Num total de 32.716 óbitos nas ruas, 36,7% eram motociclistas. Por ano, o custo chega a R$ 50 bilhões aos cofres públicos do país.

Bento Gouveia, diretor técnico-operacional do Detran-PA, atribui a maior parte da quantidade de acidentes com motos diretamente ao comportamento de quem está sobre duas rodas. Excesso de velocidade, não usar capacete e dirigir de forma arriscada, num veículo que representa uma certa vulnerabilidade ao condutor e aos passageiros. Não cabe qualquer tipo de generalização, como observa Bento, mas os comportamentos de risco são notados nas fiscalizações de trânsito. O aumento da circulação de entregadores com motos e agora transporte por moto em plataformas de transporte, levou a mais possibilidade de acidente.

"Devido moto ser um meio de transporte mais rápido e ágil, alguns condutores confundem agilidade com excesso de velocidade, por isso os limites são extrapolados, pois a sensação de que está tudo sob controle leva o condutor a ter esse tipo de comportamento inseguro para o trânsito. Além disso, pelo menos a metade desses motociclistas contratados não tem curso especializado para trabalhar como motoboy, motofrete e mototáxi. Desta forma, as empresas contratantes não observam se esses motociclistas possuem treinamento realizado pelo Detran ou por empresas especializadas, então entendemos que quando há qualificação esse tipo de profissional tende a se envolver menos em acidentes", comentou o representante do Detran-PA.

Na tarde de sexta-feira (5), o condutor e o passageiro de uma moto morreram após serem atingidos por um ônibus, na pista expressa do BRT na avenida Almirante Barroso, em Belém. O condutor era o mototaxista Alison Patrick Carvalho de Souza, de 22 anos, atuando para uma plataforma de transporte. Ele levava o ex-lutador de MMA Joriedson Reis de Souza. Testemunhas relataram à Polícia Civil que o motociclista tentou fazer uma conversão proibida na avenida. A tragédia reforça o que Bento, do Detran-PA, analisou. Um caso que ocorreu durante o chamado Maio Amarelo, campanha nacional de prevenção de acidentes de trânsito.

image O comportamento de motociclistas não só representa risco aos próprios condutores, mas também aos passageiros das motos e pedestres (Igor Mota / O Liberal / Arquivo)

Videomonitoramento é tática do Detran-PA para tentar aumentar a pressão da fiscalização

Para reforçar os cuidados, o Detran-PA lançou o trabalho de videomonitoramento que irá ajudar a fiscalizar os motociclistas que não usam capacete e não utilizam calçado adequado. "Ressaltamos também que há municípios realizando esse tipo de videomonitoramento. Então, é por meio da fiscalização e da educação  que iremos conseguir combater esse tipo de atitude no trânsito. Mas é importante que a gente conscientize a sociedade para que todo mundo tenha participação nisso. Por exemplo, a empresa que irá contratar o motociclista deve cobrar que ele tenha curso especializado para que ele tenha mais cuidado e seja mais qualificado", conclui Bento.

Em 2011, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu que de 2021 a 2030 seria considerada a Década Mundial de Ação pela Segurança do Trânsito. O objetivo é reduzir, até o final desse período, em 50% os acidentes de trânsito. Globalmente, mais de 3,5 mil pessoas morrem todos os dias nas vias, o que equivale a quase 1,3 milhão de mortes evitáveis e cerca de 50 milhões de pessoas lesionadas a cada ano - tornando-se a principal causa de morte de crianças e jovens em todo o mundo, com aponta a OMS.

“A perda de vidas e meios de subsistência, as deficiências causadas, a tristeza e a dor e os custos financeiros por acidentes de trânsito representam um preço insuportável para famílias, comunidades, sociedades e sistemas de saúde”, declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, quando a década mundial de segurança foi lançada.


Taxa de mortalidade por motos no Brasil (para cada 100 mil habitantes)

Piauí 17,6
Mato Grosso 14,7
Tocantins 13,8
Maranhão 11,2
Sergipe 11,0
Rondônia 10,6
Alagoas 10,4
Mato Grosso do Sul 10,0
Paraíba 9,1
Goiás 7,8
Espírito Santo 7,5
Paraná 7,4
Ceará 7,0
Pernambuco 6,7
Santa Catarina 6,4
Pará 5,9
Brasil 5,7
Rio Grande do Norte 5,3
Amazonas 5,2
Roraima 5,2
Bahia 4,9
Minas Gerais 3,8
Amapá 3,6
São Paulo 3,6
Rio Grande do Sul 3,5
Acre 2,1
Distrito Federal 2,0
Rio de Janeiro 1,9

 

Taxa de internações por acidentes de motos no Brasil (para cada 10 mil habitantes)

Piauí 17,4
Tocantins 13,6
Mato Grosso do Sul 12,3
Rondônia 11,4
Paraíba 10,5
Ceará 8,8
Rio Grande do Norte 8,5
Espírito Santo 8,0
Mato Grosso 8,0
Pará 7,2
Bahia 7,1
São Paulo 6,6
Minas Gerais 6,3
Sergipe 6,2
Santa Catarina 6,2
Brasil 6,1
Acre 5,3
Maranhão 5,1
Paraná 4,7
Roraima 4,4
Distrito Federal 4,4
Rio de Janeiro 4,2
Goiás 4,2
Pernambuco 3,6
Alagoas 3,1
Amapá 2,9
Amazonas 2,4
Rio Grande do Sul 1,7

FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE

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