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Acidentes com engasgo em crianças deixam pais em alerta

Casos de crianças que engolem acidentalmente objetos diversos são cada vez mais comuns, mas são situações que requerem atenção e cuidado dos pais e responsáveis

Tay Marquioro

Casos de crianças que engolem acidentalmente objetos diversos são cada vez mais comuns, mas são situações que requerem atenção e cuidado dos pais e responsáveis. O garoto Fagner Ferreira, de 14 anos, engoliu uma bola de gude e foi parar no hospital sem conseguir respirar.

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“Ele estava com a peteca na boca quando minha sogra pediu para ele tomar banho. Foi quando ele pulou no rio com a peteca na boca e ela seguiu para dentro. Tinha um outro rapaz que também tomava banho no rio que viu quando meu filho ficou sem ar, ele pediu ajuda. Então esse rapaz tirou meu filho da água, mas ele nem falava mais, só sinalizava para bater nas costas dele”, conta o pai do garoto, o pedreiro Fábio Ferreira. “Minha sogra batia com a mão aberta, mas não teve jeito imediato e ele já chegou no hospital desmaiado e sem oxigênio. As unhas estavam pretas, os lábios e as orelhas as unha dos pés também. Ele teve que ser reanimado e colocaram ele no oxigênio”.

Assim como em outros casos parecidos, no de Fagner, a bola de gude foi parar na traqueia e obstruiu a passagem de oxigênio para os pulmões. Acidentes como este podem ocorrer não só em balneários, mas também em qualquer situação em que a criança esteja comendo enquanto corre ou pula, por exemplo. “Agora, onde eu ver uma criança com uma peteca ou qualquer coisa pequena na boca, vou orientar os pais. Se não tiver um adulto próximo, eu mesmo vou tirar da boca a criança para ela não se engasgar. Só eu sei o que nós passamos”, afirma Fábio.

Levar um objeto à boca é uma forma que as crianças têm de explorar o mundo e a autônoma Aniquele Souza já compreendeu que até a escolha dos brinquedos para a filha Ágatha, de 10 meses, precisa ser cuidadosa. “Ela já está na fase de introduzir alimentos mais sólidos na dieta, não é? Então, tudo ela quer colocar na boca. Aí eu prefiro sempre comprar brinquedos que são de plástico mastigáveis, mordedores. E eu também verifico a indicação do brinquedo, se é para idade dela”, detalha Aniquele. “E como ela já está começando a comer biscoito, por exemplo, tenho atenção até com a comida que eu ofereço. Outro dia, percebi que ela colocou um pedaço muito grande na boca e eu retirei. Ela não chegou a engolir, mas porque eu vi a tempo”.

No consultório, o médico Nagilson Amoury, especialista em cirurgia geral e saúde digestiva, coleciona itens que removeu de pacientes, a quem ele deu o apelido carinhoso de ‘cofrinhos’, ao longo do ano passado. Em um potinho, dezenas de moedas engolidas por crianças e que, por sorte, não provocaram consequências sérias. “Se engana quem pensa que apenas crianças muito pequenas e não bem orientadas que mais engasgam, que mais complicam, que mais obstruem o trato digestivo. Então até a idade de 11, 12 anos tem que ficar muito atento. As crianças de até 12 anos, mesmo sendo esclarecidas, têm um comportamento que, mesmo sabendo do perigo, elas têm a curiosidade de fazer para testar”, explica o médico.

Outro alerta importante é sobre as comidas com ossada mais frágil, como os peixes e aves. Acidentes com espinhas ou pedaços afiados de ossos costumam ser comuns até em pacientes adultos. Já os brinquedos e outros objetos com partes móveis, principalmente, baterias, merecem atenção especial. Fones de ouvidos, brinquedos e artigos luminosos funcionam com energia gerada por baterias que, em geral, são menores que uma moeda. Uma vez introduzidas no trato digestivo, elas podem liberar compostos químicos capazes de causar dor intensa, queimaduras internas e até sufocar quem as engole, em uma espécie de envenenamento acidental.

“A substância cáustica liberada pelas baterias é altamente corrosiva. Então, ela provoca ferimentos profundos que continuam lesionando se não forem retiradas a tempo. Quanto mais se demora a remover, essa bateria pode causar complicações como fístulas, processos inflamatórios intensos, por exemplo. E isso, infelizmente, temos visto com muita frequência na nossa região”, diz Amoury. “Então observar sempre essas partes móveis de aparelhos eletrônicos é fundamental para evitar esse tipo de acidente que pode, inclusive, levar à morte”.

Outra recomendação do especialista é para que os pais tenham atenção com sobretudo a alimentação dos filhos. “Quando a criança estiver se alimentando de pipoca, salgadinhos, amendoim... Jamais poderá ficar correndo ou em pula-pula, como vemos muito por aí. Essas são circunstâncias comuns em que as crianças elas tendem a ter complicações porque o corpo estranho aí não mais vai para o trato digestivo, mas para o tubo respiratório. Com a respiração prejudicada, essa criança pode evoluir a óbito antes mesmo de chegar ao hospital”, conclui Amoury.

Pará