23% das UC ambientais na Amazônia estão em risco ambiental

A pesquisa IIAA analisa 10 anos de dados e aponta 9 fatores de pressão sobre a Bacia Amazônica

Emanuele Corrêa
Reprodução / Interface do Aquazônia
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Dados apontam que 23% das Unidades de Conservação (UC) Ambientais na Amazônia apresentam impactos sobre as águas. Este é um dos dados apresentados no lançamento do "Índice de Impacto nas Águas da Amazônia (IIAA)", do projeto Aquazônia, apresentado nesta quarta-feira pela Ambiental Média, com o apoio do Instituto Serrapilheira. O índice apresenta a análise de nove fatores de pressão sobre a Bacia Amazônica: agricultura e pecuária; área urbanizada, garimpo ilegal, mineração industrial, hidrelétricas, cruzamento de estrada, hidrovia, degradação florestal e diferença de precipitação.

O resultado está disponível em um site de navegação 3D, com mapa interativo, explica Cecília Gontijo Leal, bióloga-pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e Laura Kurtzberg, a principal autora do índice.

Cecília destaca que o Aquazônia sintetiza os dados de monitoramento e pesquisa para apontar as áreas mais vulneráveis. "Nós consultamos bastante a literatura. O índice sintetiza as diferenças entre as ameaças. Chama atenção para a combinação dessas ameaças. A combinação deles é o grande problema. Alguns impactos que pensamos que são menores, mas o efeito cumulativo nos ecossistemas chamam atenção no índice", disse.

A apresentação do índice ocorreu por meio de plataforma virtual. Além da presença da Cecília Gontijo e Laura Kurtzberg, participaram também: Paulo Pompeu, biólogo com doutorado em Meio Ambiente, Saneamento e Recursos Hídricos; Natasha Felizi, diretora de Divulgação Científica do Instituto Serrapilheira e com a mediação de Thiago Medaglia, jornalista, escritor e fundador da Ambiental Média.

Imagem 3D de navegação no site, mostrando o impacto sobre as águas na Amazônia Imagem 3D de navegação no site, mostrando o impacto sobre as águas na Amazônia (Reprodução / Interface do Aquazônia)

Thiago apresentou o contexto da Bacia Amazônica segundo o IIAA e destacou que 2.299 das 11.216 microbacias na Amazônia estão muito impactadas por atividades humanas. Das 341 UC, 23% também têm índices de impacto alto. Das 385 terras indígenas na Amazônia, 14% têm águas muito impactadas. A Bacia Hidrográfica Amazônica cobre uma área de 7 milhões de quilômetros quadrados e concentra 20% da água doce líquida superficial do planeta.

O jornalista destacou que o índice torna-se uma ferramenta para pautar e fundamentar os veículos de imprensa, na cobertura dos temas sensíveis e presentes na Amazônia, pois apresenta dados e informações inéditas sobre as águas em áreas de hidrelétricas, garimpo, terras indígenas e unidades de conservação.

Os pesquisadores, em comum acordo, ponderaram que não se pode pensar na Bacia Amazônia de forma fragmentada. É necessário levar em consideração a sua conectividade. "É um assunto central aos ecossistemas aquáticos. Podemos ver várias vias, conectividade longitudinal e que há a quebra quando tem a construção de barragens. Mas também as das áreas ao redor da margem dos rios, que vão longe, como as bacias inundações. A conectividade com os lençóis freáticos e atmosfera. Os cursos das águas estão muito conectados. É fundamental e é um fato que torna os sistemas aquáticos complexos", afirmou, Cecília.

"A nossa legislação embora tenha avançado em relação aos ambientes aquáticos, eles ainda são vistos como: 'se tem água está bom'. Mas tem que pensar a completude. É importante olhar para eles como um todo, a combinação de fatores, análise do impacto como um todo, a bacia está interligada e precisamos de políticas voltadas à elas", finalizou a pesquisadora.

O Índice de Impacto nas Águas da Amazônia (IIAA) pode ser consultado no site Aquazônia.

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