MENU

BUSCA

Ucrânia adota lei 'histórica' para proibir igreja minoritária ligada à Rússia

O projeto de lei aprovado por 265 parlamentares proíbe a Igreja Ortodoxa Russa em território ucraniano

Yuliia Dysa e Olena Harmash/Reuters

Parlamentares ucranianos aprovaram nesta terça-feira (20/8) uma lei que prevê a proibição das atividades de um ramo da Igreja Ortodoxa ligado à Rússia, abrindo caminho para uma ruptura histórica com uma instituição que o governo ucraniano acusa de cumplicidade na invasão da Ucrânia pelas forças russas.

A maioria dos ucranianos são cristãos ortodoxos, mas a fé está dividida num ramo tradicionalmente ligado à Igreja Ortodoxa Russa - a Igreja Ortodoxa Ucraniana (IOU), e numa Igreja Ortodoxa da Ucrânia independente, reconhecida pela hierarquia ortodoxa mundial desde 2019.

Líderes ucranianos acusaram a IOU, ligada a Moscou, de cumplicidade com a guerra de 30 meses da Rússia contra a Ucrânia, divulgando propaganda pró-Rússia e abrigando espiões.

VEJA MAIS

Rússia diz que Ucrânia atingiu terceira ponte em ataque à região de Kursk
Mais de 121.000 pessoas foram retiradas de nove distritos fronteiriços na região de Kursk

Após invasão de Kursk, presidente de Belarus pede que Rússia e Ucrânia encerrem guerra
Lukashenko afirmou que apenas 'pessoas muito importantes de origem norte-americana' querem que a guerra entre Ucrânia e Rússia prossiga

Ucrânia afirma que controla 82 localidades e 1.150 km2 do território russo
Ofensiva ucraniana em larga escala tem avançado na região fronteiriça russa de Kursk

O projeto de lei aprovado por 265 parlamentares proíbe a Igreja Ortodoxa Russa em território ucraniano e diz que uma comissão do governo montará uma lista de organizações "afiliadas" cujas atividades não são permitidas. Espera-se que a lista vise especificamente a IOU.

O presidente Volodymyr Zelenskiy saudou a votação como um passo para fortalecer a "independência espiritual" da Ucrânia.

A parlamentar Iryna Herashchenko disse que se tratava de uma questão de segurança nacional.

"Esta é uma votação histórica. O Parlamento aprovou uma legislação que proíbe uma filial do país agressor na Ucrânia", escreveu ela no Telegram.

Historicamente, a IOU fazia parte da Igreja Ortodoxa Russa, mas começou a se distanciar de Moscou após a invasão de fevereiro de 2022.

Autoridades ucranianas contestam essa alegação e abriram dezenas de processos criminais, incluindo acusações de traição, contra dezenas de seus clérigos. Pelo menos um deles foi enviado à Rússia como parte de uma troca de prisioneiros.

O metropolita da IOU, Klyment, reiterou que a igreja não tem vínculos com "centros estrangeiros" e criticou o projeto de lei.

"A Igreja Ortodoxa Ucraniana continuará a viver como uma igreja verdadeira, reconhecida pela grande maioria dos fiéis ucranianos praticantes e igrejas do mundo", disse, à emissora Hromadske TV.

Segundo pesquisas de opinião, cerca de 82% dos ucranianos não confiam na IOU, contra apenas aproximadamente 8% da população que confiam.

Os parlamentares disseram que o processo de banimento da IOU será longo e complicado, já que cada paróquia ortodoxa é uma entidade individual e teria nove meses para decidir se deseja deixá-la.

Após esse período, os casos poderão ser levados ao tribunal para bani-la.

"Hoje embarcamos no caminho inevitável da limpeza, a partir de dentro, da rede de agentes do Kremlin, que têm se escondido atrás da máscara de uma organização religiosa por décadas", disse o parlamentar Roman Lozynskyi, no Facebook.

Mundo