Trump pede à Suprema Corte que intervenha contra juízes que bloqueiam sua agenda

AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta quinta-feira (20) que a Suprema Corte intervenha contra os juízes que bloqueiam a sua agenda, como o que está a cargo dos voos de venezuelanos expulsos para El Salvador.

"Se o juiz Roberts e a Suprema Corte dos Estados Unidos não resolverem essa situação tóxica e sem precedentes IMEDIATAMENTE, nosso país terá problemas sérios!", escreveu Trump na plataforma Truth Social, referindo-se ao presidente da máxima instância, John Roberts, que o repreendeu por pedir a destituição do juiz que suspendeu temporariamente a deportação de iimigrantes com base em uma lei de guerra.

"Esses juízes querem assumir os poderes da Presidência sem precisar obter 80 milhões de votos. Querem todas as vantagens sem nenhum risco", afirmou Trump.

O juiz federal de Washington James Boasberg ordenou no último sábado a suspensão por 14 dias da expulsão de iimigrantes, com base na Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, ativada por Trump contra a gangue venezuelana Tren de Aragua.

No entanto, vários voos com iimigrantes, muitos deles expulsos sob essa legislação, aterrissaram em El Salvador, o que levou o magistrado a exigir explicações do governo Trump.

Em documento divulgado nesta quinta-feira, o juiz estima que o governo apresentou seus argumentos "logo após o prazo" das 12h de hoje e "voltou a se esquivar de suas obrigações" ao não fornecer a informação solicitada.

O juiz nomeado pelo ex-presidente democrata Barack Obama quer saber a que horas e de onde os aviões partiram, e quando deixaram o espaço aéreo americano, entre outras coisas.

O governo americano afirma que cumpriu a ordem a partir do momento em que o juiz a formalizou por escrito, e considera invocar o direito ao segredo de Estado.

Boasberg deu ao Departamento de Justiça um prazo até terça-feira para provar que não violou sua decisão.

O presidente Trump chamou nesta semana o juiz de "lunático da esquerda radical" e pediu a sua destituição, o que levou o presidente da Suprema Corte a reagir.

"Há mais de dois séculos está estabelecido que a destituição não é uma resposta apropriada a um desacordo sobre uma decisão judicial", afirmou Roberts.

Mas Trump não recuou. "Esses lunáticos não se preocupam nem um pouco com as repercussões de suas decisões perigosas e equivocadas. Advogados buscam incansavelmente esses juízes nos Estados Unidos e entram com processos assim que os encontram", escreveu nesta quinta-feira.

"É necessário permitir que um presidente aja com rapidez e determinação em questões como a deportação de assassinos, traficantes de drogas, estupradores e outros criminosos para seu país de origem ou para outros lugares que garantam a segurança do nosso país", acrescentou.

Trump costuma equiparar imigrantes a criminosos, sem apresentar provas. Os dados oficiais mostram uma queda na criminalidade no país, apesar do aumento no número de estrangeiros.

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