Trump atropela adversários no partido Republicano, e Biden segue o roteiro no Democrata

Políticos que enfrentam ex-presidente entendem de uma forma ou de outra primárias têm sido protocolares

Gustavo Freitas – Especial para O Liberal
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O início das prévias norte-americanas continua cumprindo o seu caminho de previsibilidade, evidenciando os favoritos de cada partido, Donald Trump e Joe Biden, e eliminando os candidatos aventureiros. O partido Republicano caminha para o seu terceiro processo de votação nas primárias e, até o momento, Trump sequer teve indícios de dificuldades para vencer

No Caucus de Iowa e na primária de New Hampshire, foram necessários poucos minutos após o início da contagem de votos para que as emissoras declarassem o vencedor. Mesmo terminando em segundo lugar em Iowa, o governador da Flórida, Ron DeSantis, optou por suspender sua campanha e apoiar a candidatura de Donald Trump.

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Em meados de 2023, DeSantis aparecia em primeiro nas pesquisas do partido, mas não demorou a desidratar entre o eleitorado conservador. Após meses de troca de acusações com o ex-presidente, o governador compreendeu que a disputa é apenas um processo protocolar nestas eleições, o favoritismo de Trump é evidente e quase impossível de ser superado. Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul, segue na disputa, mas é questão de tempo para que chegue à mesma conclusão de Ron DeSantis.

Biden enfrenta adversários sem viabilidade política

No partido Democrata, Joe Biden já iniciou as primárias com adversários sem viabilidade política, justamente para evitar qualquer desgaste interno. Biden enfrenta uma grande crise de popularidade que ameaça a sua reeleição, e ainda não dá sinais de grandes mudanças na sua campanha.

image Apesar de bons números, classe média norte-americana vê Joe Biden como inábil na economia (SCOTT OLSON/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/GETTY IMAGES VIA AFP)

Nos últimos dias, o governo tem adotado a narrativa de ser defensor dos direitos das mulheres, revivendo falas e atos de Donald Trump em prol de medidas mais restritivas contra o aborto. Durante seu mandato, o republicano indicou três juízes para a Suprema Corte, alterando a maioria progressista. Em 2020, a Corte reverteu Roe v Wade, uma jurisprudência que garantia o direito ao aborto desde a década de 70 no país.

Na economia, os números são bons. Na última quinta-feira, o Departamento de Comércio do país divulgou que o PIB dos Estados Unidos cresceu 2,5%, acima do esperado, enquanto o país atingiu o nível de pleno emprego. Curiosamente, Biden é visto como um presidente que não sabe como lidar com a economia.

Isto se deve ao fato de que, embora os números sejam positivos, os cidadãos americanos gastam hoje muito mais para fazer as compras do mês em relação a quatro anos atrás, quando Trump ainda era presidente. Portanto, para a classe média, os dados positivos não foram sentidos no bolso.

Aposta em outra candidatura

Dentro do partido Republicano, tem ganhado força o discurso de que os democratas não seguirão com a candidatura de Joe Biden. A ideia é alimentada, principalmente, por dois nomes: Donald Trump e Roger Stone.

Após a vitória na primária em New Hampshire, o ex-presidente disse em entrevista que não acredita que enfrentará a chapa Biden-Kamala Harris em novembro. Muitos republicanos não acreditam que os burocratas do partido Democrata aceitarão o destino eleitoral que está se desenhando diante da insistência na candidatura de Biden.

Roger Stone é um antigo estrategista político do partido Republicano, conhecido por conseguir o que quer, a qualquer custo. Famoso pela tatuagem do ex-presidente Richard Nixon nas costas, Roger foi um dos primeiros a enxergar viabilidade na candidatura de Trump ainda em 2015, e se tornou um de seus grandes conselheiros políticos durante o mandato. Agora, Roger Stone insiste que, na hora certa, Michelle Obama será a nomeada pelo partido Democrata para disputar as eleições, embora não haja qualquer evidência que indique essa possibilidade.

Quando se fala em política americana, é comum que os partidos Democrata e Republicano sejam refratados através de mascotes, o burro e o elefante. A história está ligada ao cenário político durante a guerra civil do país e, desde então, nunca mudou.

Na época, um famoso cartunista e satirista chamado Thomas Nast, representou diversas vezes o partido Democrata com um burro nos seus desenhos. Em 1879, fez um desenho famoso do animal teimoso, pendurado pelo rabo, a beira de um abismo de caos financeiro.

O “Pânico do Terceiro Mandaro”, um desenho de 1874, é popularmente conhecido como o motivo do partido Republicano ter adotado o elefante. Na época, o New York Herald, apoiador do partido Democrata, espalhou o boato de que o presidente Republicano, Ulysses Grant, iria concorrer ao terceiro mandato, o que não era bem visto no país. Nast desenhou Herald como um burro assustando outros animais com uma história falsa e, um deles, era um elefante desajeitado, prestes a cair do penhasco, representando o Republicano.

As sátiras de Thomas Nast eram famosas nos Estados Unidos e muito temidas pelos políticos. Nem ele mesmo se poupava. Simpatizante do partido Republicano, Nast representava o partido como uma criatura pesada que mais atrapalhava do que ajudava. Para ele, a política do país era um grande circo.

Desde então, o burro e o elefante nunca mais saíram do imaginário popular. Em convenções e eventos partidários, é comum encontrar uma diversidade de máscaras, adesivos, bottoms e cartazes dos animais para representar o lado político.

Pesquisa encomendada pela Reuters e Ipsos

Donald Trump: 40%(+6)

Joe Biden: 34%

Próximas primárias partidárias

Partido Democrata: 3 de fevereiro na Carolina do Sul

Partido Republicano: 8 de fevereiro em Nevada e Ilhas Virgens Americanas

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