Theodore Kaczynski, terrorista americano conhecido como 'Unabomber', morre aos 81 anos

Theodore Kaczynski, terrorista norte-americano conhecido como Unabomber, morreu neste sábado (10). Ele tinha 81 anos e foi encontrado inconsciente em uma cela de um presídio federal na Carolina do Norte nos Estados Unidos. 

O terrorista foi declarado morto por volta das 8h no horário local (9h em Brasília) deste sábado, segundo a Federal Bureau of Prisons, a agência americana responsável pelas prisões no país. A causa da morte não foi divulgada.

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Theodore tinha sido condenado à prisão perpétua por enviar pacotes-bomba que resultaram na morte de três pessoas e deixaram ao menos 23 feridas entre 1978 e 1995. Cientistas, professores universitários e executivos de empresas de tecnologia eram os alvos.

Kaczynski afirmava que eles eram responsáveis pelos "males modernos" e por um tipo de progresso socialmente nocivo. Em 1978, ele enviou um dos pacotes para um professor de engenharia da Northwestern University, em Chicago.

O material explodiu antes de chegar ao remetente, ferindo levemente um policial. Um aluno de pós-graduação da mesma faculdade foi a segunda vítima: uma pequena bomba explodiu em suas mãos, causando queimaduras superficiais.

Theodore Kaczynski era considerado um dos mais brilhantes e promissores matemáticos dos EUA na década de 1960. Ele se formou em Harvard, doutorou-se em Michigan e lecionou em Berkeley até abandonar a carreira acadêmica, em 1972.

Histórico de atentados

No ano de 1973, Kaczynski fez uma bomba que explodiu no compartimento de carga de um avião comercial da companhia American Airlines. A aeronave precisou fazer um pouso de emergência em Dulles, perto de Washington. Doze passageiros inalaram fumaça e precisaram de atendimento médico.

Em 1980, um artefato construído por Kaczynski explodiu e feriu o então presidente da companhia aérea United Airlines, Percy Wood, em sua casa em Illinois. O terrorista cometeu o primeiro assassinato em 1985, quando Hugh Scrutton, empresário do setor de informática, morreu na explosão de um objeto cheio de pregos e lascas no estacionamento de uma de suas lojas em Sacramento, na Califórnia.

Busca é considerada uma das mais caras da história dos EUA

Os atentados motivaram uma busca frenética pelo terrorista, numa caçada que é descrita como uma das mais longas e caras da história americana. Um período de seis anos em que nenhuma bomba foi enviada, entre 1987 e 1993, contudo, esfriou as operações.

Kaczynski retomou a campanha de terror em 1994, quando assassinou o executivo de publicidade de Nova Jersey, Thomas Mosser, que havia trabalhado para melhorar a imagem pública da petroleira Exxon. 

A empresária Gilbert Brent Murray, chefe de uma madeireira da Califórnia, foi assassinada em 1995. Ambos também foram alvos de ataques com bombas. Naquele mesmo ano, Kaczynski enviou um manifesto com 35 mil palavras para veículos de imprensa americanos. 

No texto, intitulado "Industrial Society and Its Future" (Sociedade Industrial e Seu Futuro, em português), o terrorista criticou a sociedade industrial e a destruição do meio ambiente. Também alegou que a sociedade e a tecnologia modernas estavam alienando a população.

Prisão

Theodore Kaczynski foi localizado e preso em 1996, numa operação que envolveu dezenas de policiais. No julgamento, rejeitou as tentativas de seus advogados de associar os crimes a problemas psiquiátricos — especialistas envolvidos no julgamento constataram em seus escritos sinais de esquizofrenia.

O terrorista chegou a dizer que comandaria sua própria defesa e admitiu ter cometido 16 ataques à bomba entre 1978 a 1995. Dois anos após sua captura, em 1998, acabou condenado à prisão perpétua ao aceitar, com relutância, um acordo que o livrou da pena de morte.

Descrito pelo FBI, a polícia federal americana, como "um gênio distorcido que aspirava ser o assassino perfeito e anônimo", Kaczynski primeiro foi enviado à uma prisão de segurança máxima em Florence, no Colorado. Ele foi transferido para o presídio da Carolina do Norte em 2021 devido a problemas de saúde.

Kaczynski nasceu em 22 de maio de 1942, em Chicago. Na infância, o americano passou longos períodos isolado devido a um grave surto de urticária. Considerado uma criança quieta e brilhante, ele se formou no ensino médio aos 15 anos e ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Harvard.

Na faculdade, psicólogos submeteram estudantes voluntários, incluindo Kaczynski, a horas de abuso verbal e emocional extremo como parte de uma tentativa de medir como as pessoas lidavam com o estresse. O experimento, agora considerado antiético, durou três anos.