Sua voz pode ser totalmente diferente em Marte; entenda o motivo
A descoberta foi anunciada pelo cientista planetário Baptiste Chide, do Laboratório Nacional de Los Alamos
A velocidade do som em Marte é diferente da registrada na Terra. A descoberta foi anunciada pelo cientista planetário Baptiste Chide, do Laboratório Nacional de Los Alamos, na 53ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária que ocorreu entre os dias 7 e 11 de março. Ao que tudo indica, as ondas de maior frequência (agudos) viajam mais rápido que de menor frequência (graves) no planeta vermelho - ou seja, caso pudéssemos viver lá sem trajes especiais, ouviríamos os sons mais altos antes dos mais baixos e isso mudaria até o som da nossa própria voz. As informações são do UOL.
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Isto ocorre porque a velocidade do som pode mudar, dependendo da densidade e da temperatura do meio por onde passa. Assim, quanto mais denso o meio, mais rápido o som o percorre. A atmosfera terrestre tem uma densidade de cerca de 1,2 kg/m, enquanto em Marte, esse valor é de cerca de 0,020 kg/m. Por si só, este fato já faria o som se propagar de forma diferente nos dois planetas.
Mas existem outros fatores capazes de afetar a velocidade das ondas sonoras marcianas. Entre eles, está o aquecimento da Camada Limite Planetária - uma faixa da atmosfera logo acima da superfície, que gera correntes ascendentes convectivas, gerando fortes turbulências.
Como foi medida a velocidade do som em Marte?
O uso de instrumentos do rover Perseverance, da Nasa, foram essenciais para possibilitar que a velocidade do som em Marte pudessem ser medidos. Um microfone, instalado na SuperCam, e um laser que pode desencadear um ruído perfeitamente cronometrado foi utilizado na pesquisa.
Para calcular a dissipação do som no planeta vizinho, os cientistas mediram o tempo decorrido entre o disparo do laser e o momento em que o som atingia o microfone, a 2,1m de altitude. Os resultados mostram que ele se propaga a cerca de 240 metros por segundo perto da superfície. Os cientistas também explicam que as propriedades únicas das moléculas de dióxido de carbono em baixa pressão em Marte causam uma mudança na velocidade do som, bem no meio da largura de banda audível para os seres humanos.
Em frequências acima de 240 Hertz, os modos vibracionais ativados pela colisão das moléculas de dióxido de carbono não têm tempo suficiente para relaxar ou retornar ao seu estado original, resultando em um som que viaja mais de 10 metros por segundo mais rápido nas frequências mais altas do que nas baixas. Isso é o que os cientistas chamam de "experiência auditiva única" em Marte: os sons mais agudos chegam ao ouvinte antes que os mais graves.
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