Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, é condenado a prisão pela Justiça dos EUA
A sentença se refere às acusações foi condenado por se recusar a entregar documentos e a depor à comissão da Câmara que investiga a invasão do Capitólio
Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump e organizador da ultradireita global, foi condenado nesta sexta-feira (21) a 4 meses de prisão e multa de 6.500 dólares, o equivalente a R$ 33,6 mil, pela Justiça dos EUA por desacato ao Congresso. As informações são da Folha de S.Paulo.
A sentença se refere às acusações pelas quais Bannon, de 68 anos, foi condenado em julho, por se recusar a entregar documentos e a depor à comissão da Câmara que investiga a invasão do Capitólio.
Bannon chegou ao tribunal na manhã desta sexta-feira sob protestos de manifestantes, que gritavam palavras de ordem como "traidor" e insuflaram a imagem de um rato gigante com o topete de Donald Trump e um celular na mão.
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Invasão do Capitólio
Em 6 de janeiro de 2021, apoiadores de Trump, induzidos pelo republicano, invadiram o prédio principal do Congresso para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden. Cinco pessoas morreram durante a invasão.
Um comitê foi formado na Câmara por sete democratas e dois republicanos para apurar o episódio. Segundo as investigações do grupo, Bannon falou com Trump pelo menos duas vezes no dia anterior ao ataque e participou de uma reunião de planejamento em um hotel em Washington. O painel chegou a exibir um vídeo no qual Bannon diz, em seu podcast, no dia 5 de janeiro de 2021, que "o inferno vai acontecer amanhã".
Bannon foi intimado pelo comitê a entregar documentos e comunicações com Trump e aliados, mas se recusou sob a justificativa de que também teria direito ao chamado "privilégio executivo", que protege as comunicações do presidente e seus assessores. A comissão do Congresso rejeitou a alegação, mas mesmo assim o ex-estrategista de Donald Trump não respondeu às intimações.
Sentença
A promotoria havia pedido que o aliado de Trump fosse sentenciado a seis meses de prisão, enquanto seus advogados pleiteavam liberdade condicional. Durante a audiência, o promotor JP Cooney disse que Bannon desrespeitou o Congresso. "Ele não está acima de lei, e é por isso que esse caso tem importância."
Segundo os detalhes apresentados pelo juiz Carl Nichols, responsável pela sentença, a defesa de Bannon tem 14 dias para recorrer da decisão. Os advogados já indicaram que vão levar o caso a uma corte de apelação. Em um cenário improvável no qual não apresentasse o recurso, ele teria até o próximo dia 15 para se render voluntariamente.
Após o anúncio da pena, Bannon confirmou que vai recorrer da decisão. Ele também afirmou que a população americana vai julgar em 8 de novembro o governo de Biden que chamou de ilegítimo, repetindo alegações infundadas de fraude eleitoral.
O processo contra Bannon é o primeiro por desacato ao Congresso bem-sucedido desde 1974. A condenação de Bannon ganha nova força agora, depois que o comitê que investiga o 6 de Janeiro aprovou uma moção, na última semana, para intimar Trump a prestar esclarecimentos sobre a invasão do Capitólio. Não há expectativa de que o ex-presidente compareça sem questionar a intimação, mas a força de uma condenação por desacato dá outro peso ao pleito.
Este não é, porém, o processo mais grave que Bannon enfrenta. No começo de setembro, ele foi acusado pela Justiça de Nova York de fraude, lavagem de dinheiro e conspiração em um suposto esquema na arrecadação de recursos para construir o muro que separa o país do México, bandeira de campanha do ex-presidente Donald Trump. Se condenado, pode pegar até 15 anos de prisão.
Ele chegou a ser preso em agosto de 2020 sob as mesmas acusações, mas foi liberado em seguida, após pagar fiança de US$ 5 milhões (R$ 26 milhões). Em 20 de janeiro de 2021, horas antes de passar o cargo de presidente para o democrata Joe Biden, Trump concedeu, durante a madrugada, perdão presidencial a Bannon e a outros 142 aliados. O perdão o livrou das acusações de fraude sob a Justiça Federal, mas outro processo foi aberto em Nova York.
(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).
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