Robô ‘tira’ a roupa de mais de 100 mil mulheres nas redes
Recurso polêmico, que faz parte do Telegram, permite que usuários mandem fotos e em minutos receba o ‘nude’
Um relatório recente sobre atividades na internet aponta que mais de 100 mil fotos manipuladas de mulheres estão sendo compartilhadas online. Os nudes falsos são criados a partir de fotos verdadeiras enviadas por usuários à ferramenta do Telegram, um aplicativo de mensagens.
A ferramenta, que usa inteligência artificial, simula a retirada da roupa preenchendo o lugar da roupa por pele. Depois de o processo terminar, as imagens falsas podem ser espalhadas pelo Telegram.
A empresa Sensity, que fez o relatório sobre esse aumento de imagens tratadas pela ferramenta, alguns dos alvos "pareciam menores de idade".
A tecnologia usada é o “deepfakes”, a que normalmente tem sido usada para incluir digitalmente rostos de celebridades em videoclipes pornográficos. Mas, atualmente, há uma nova tendência, segundo o presidente-executivo da Sensity, Giorgio Patrini, de usar fotos de pessoas comuns.
"Ter uma conta nas redes sociais com fotos abertas ao público é o suficiente para que qualquer pessoa se torne um alvo", alertou.
Embora o resultado ainda não seja realista, apresentando distorções, esse tipo de simulação abre a discussão sobre invasão de privacidade, uso de imagens com conteúdo erótico sem permissão e bullying virtual, já que há implicações, estresse, como a surpresa da própria pessoa, da família ou de colegas de trabalho receberem uma foto do alvo manipulada pelo aplicativo.
Procurado pela reportagem para se posicionar, o Telegram não forneceu respostas.
Pedofilia
O relatório da Sensity apontou que desde o ano passado, mais de 100 mil mulheres tiveram imagens alteradas e compartilhadas publicamente, e que algumas das fotos pareciam retratar menores de idade, "sugerindo que alguns usuários usavam o robô principalmente para gerar e compartilhar conteúdo pedófilo".
Pelo mundo
Nina Schick, autora do livro “Deep Fakes and the Infocalypse”, afirma que as legislações dos países estão tentando acompanhar a ação dos deepfakes, que “estão em todo o mundo”.
"É apenas uma questão de tempo até que o conteúdo se torne mais sofisticado. O número de vídeos pornôs falsos parece estar dobrando a cada seis meses", disse ela. "Nossos sistemas legais não são adequados para essa questão. A sociedade está mudando mais rápido do que podemos imaginar devido a esses avanços tecnológicos exponenciais e nós, como sociedade, não decidimos como regulamentar isso. "É devastador para as vítimas de pornografia falsa. A vida delas pode virar completamente do avesso, pois elas se sentem violadas e humilhadas", completou.
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